Capítulo XVI

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Elisabeth:

Ele matou aqueles que eu amo, ele tirou a vida da mulher que chamo de mãe e a fez enlouquecer, destruiu tudo aquilo que eu mais presava, tudo o que eu tinha, por causa de um plano de dominação global estúpido! Eu quero fazê-lo sentir tudo o que eu estou sentindo, que ele sofra o que fez tantas pessoas sofrerem. Que experimente o que Daphine sentiu quando espancou seu pai, o que Quelan sentiu vendo as atrocidades que a mãe fez, o pavor que causa em seus homens.

Estou apertando minhas mãos com tanta força que começam a formigar, mas não me importo, preciso continuar a fazer com que o motorista vá mais rápido, ou posso explodir dentro desse carro como uma supernova e matá-los de um ataque cardíaco, como quase fiz com meu amigo. Eu nem sabia que podia fazer isso, nada disso, mas nesses poucos dias, aconteceram coisas demais, mal pude processar tanta informação: perdi minha vida, aqueles que amava, meu inimigo tornou-se um amigo valioso, e eu uma arma poderosa, que está prestes a vingar-se daquele que a criou.

O carro adentra a garagem do Edifício Império, e saio dele antes que sequer se aproxime de alguma vaga. Quelan tenta me alcançar, mas para assim que um guarda, que estava ao lado do elevador, levanta sua arma, e muitas vozes nos mandam parar, me fazendo perceber que os guardas que nos levaram até minha mãe, estavam atrás de nós, também nos mirando.
Os analiso friamente, e percebo que minha expressão lhes causa um pequenino fio de temor, imperceptível a qualquer outro, mas para sua falta de sorte, eu posso sentir suas emoções mais profundas e moldá-las a meu favor. Elevo seu temor, de uma só vez, e percebo seus corpos tremendo, suas pernas bambas como gelatina, mal conseguem manter-se de pé, ou mover-se para correr. Não preciso continuar com isso por mais de dez segundos, pois o sentimento torna-se real, afinal, que tipo de criatura poderia causar isso a alguém e não ser temível? Assim que paro de ampliar seu temor, os homens correm pelo estacionamento, sem um fim declarado, apenas buscando distanciar-se de mim.

Entro no elevador e Quelan me acompanha, com um olhar curioso, enquanto eu mantinha meu foco no prêmio. Paramos muito mais cedo do que o esperado, no segundo andar do edifício. A vigilância com toda certeza viu o showzinho no subsolo, e guardas armados estarão nos esperando assim que as portas se abrirem, com ordens expressas de nos matar. Olho para meu amigo, e ele sem dúvidas sabe o que pode nos acontecer se não formos rápidos.

- Não perca o foco, Lis. – ele diz, olhando em meus olhos. – Estamos juntos nessa. – assinto e seguro sua mão o puxando para um dos lados do elevador, um ponto cego, no instante em que as portas se abrem e múltiplos tiros de tranquilizantes são disparados para dentro, e eu sinto o espanto dos guardas ao acharem que não estávamos ali dentro, e em seguida veio o medo que eu precisava, e o ampliei ao ponto de enlouquece-los, já que, quando saímos, estavam todos agachados ou ajoelhados no chão, olhando em volta, como se algo pudesse surgir das paredes a qualquer momento e ataca-los. Eu não poderia causar tal efeito sozinha, olho para Quelan e ele pisca para mim, agora não tenho dúvidas de que nossos poderes se completam, os homens se afastam rastejando, assustados, ao nos verem e passamos por eles, seguindo para a escada de emergência, precisávamos chegar ao último andar, mas algo no quinto me chamou a atenção, uma porta alternativa com as inscrições “SOMENTE PESSOAL AUTORIZADO” e decido entrar, afinal, poderia ser algo importante, e confirmando minhas expectativas, encontramos o laboratório do outro lado da porta.

Cientistas iam de um lado para o outro, totalmente alheios a nossa invasão, e finalmente pudemos conhecer o berço de nossa criação. O laboratório consistia em um andar inteiro unificado, uma sala de paredes de vidro e metal que parecia não ter fim, cheia de equipamentos para análises e diagnósticos. Observei cada pessoa, e acabei por avistar um rosto conhecido, era Ygor, que, sentado em uma cadeira, parecida com as usadas por dentistas para examinar seus pacientes, usava uma série de eletrodos, espalhados por pontos específicos de seu rosto e couro cabeludo, enquanto, aparentemente, fazia com que um número absurdo de formigas escalassem umas às outras, formando uma pirâmide. Havia um número considerável de homens de jaleco branco a sua volta, o estudando, é claro.

Esta Sou Eu Sem Você: InstintosOnde histórias criam vida. Descubra agora