Acordei, era segunda-feira.
Depois de passar o final de semana quase todo jogando Magic World, uma nova semana de aula começava.
Abri os olhos e desliguei o despertador do celular, ainda encostado no travesseiro, por pouco não adormeci novamente.
Me levantei, fui ao banheiro e me olhei no espelho.
Meus olhos mostravam a face de alguém que não tinha acordado muito bem.
Escovei os dentes, tomei um banho e me arrumei rapidamente.
Vesti uma calça jeans não muito apertada, a mesma blusa branca colegial com listras azul de vários tons, o tênis preto com listras brancas, já que o colégio não permitia nenhuma outra cor.
Fui até a mesa da cozinha, uma mulher de meia idade com longos cabelos loiros arruivados preparava o café.
— Você não acha que está passando tempo demais jogando com aquele aparelho na cabeça?
— Não, Mãe. Eu estou bem, não tinha muita coisa pra estudar nesse final de semana então aproveitei.
— Esse jogo não lhe causa dor de cabeça? -- Ela insistiu
— Não Mãe -- menti -- ele não causa dor de cabeça.
Na verdade, causava.
O manual do Real Linker dizia que demorava um certo tempo para que os olhos se acostumassem com as imagens da realidade virtual. Realmente depois de um tempo jogando, eu sentia dores de cabeça.
Tomei o café, me despedi da minha mãe com um beijo na testa e sai de casa.
Poucas casas depois da minha, encontrei o carro.
Dentro dele estava um homem grande, de meia idade e quase sem cabelos.
Entrei e chequei o relógio, marcava 6:25 da manhã.
— Bom dia, Tio João. Desculpe o atraso, não acordei muito bem hoje.
— Vamos acordar mais cedo não é Marcos, dormir mais cedo também.
Seguimos viagem, tio João sempre me levava ao colégio, já que trabalhava lá, era professor de Matemática do Ensino Médio e um amigo da família.
O carro permaneceu em silêncio, até chegarmos à entrada do colégio.
— Assim que terminar a aula apareça Marcos não posso ficar esperando por você.
— Certo, Tio, não se preocupe.
Tio João foi para a entrada dos professores enquanto eu entrava pelo portão comum dos alunos.
Dei bom dia ao porteiro, subi três lances de escada e cheguei a minha sala.
Estava vazia, ninguém havia chegado algo comum já que a maioria dos alunos não vinha para o colégio no mesmo horário de um professor.
Depois de um tempo, todos foram chegando. Cada um com as marcas do final de semana estampadas no rosto.
Um garoto magro, de cabelo castanho veio até mim, enquanto eu estava sentado tranquilo, pensando em qualquer coisa.
Era Steven, meu amigo mais próximo, o que alguns gostariam de chamar de "melhor-amigo", mas eu não gostava muito dessa definição.
— Marcos, você já começou a jogar Magic World?
Steven e eu éramos amigos porque tínhamos muito em comum, vivíamos discutindo sobre filmes e jogos. E Magic World com certeza era algo que gostaríamos de falar sobre, estávamos a meses esperando o lançamento no Brasil e o fato de eu já ter ganhado o jogo como presente de aniversário o deixava ainda mais angustiado.
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Nova Realidade
FantasyMarcos é um garoto que acaba de completar 14 anos e ganha de presente um dispositivo de realidade virtual, fanático por tecnologia e também por RPG, ele decide testar um novo jogo que acaba de ser lançado, chamado Magic World. Lá ele faz amigos e vi...