Epílogo da parte 1 - A Escolha

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— Eu já esperava esse silêncio, bem, essa reunião já acabou. — disse o homem enquanto virava de costas e andava de volta para o canto da sala de onde tinha surgido.

— Mas mestre! — bradou Edna enquanto levantava-se bruscamente de sua cadeira no lado direito da mesa.

— Tudo tem seu tempo, deixe que eles pensem um pouco... Ah! Já ia esquecendo, tem mais uma coisa que eu preciso mostrar para vocês.

O homem se virou para uma parede da sala que ficava virada para a varanda onde Fonteers e Edna haviam conversado anteriormente e onde a luz do sol refletia nas janelas e no chão limpo da sala.

Ele bateu palmas e depois estendeu suas mãos para o local, dois portais surgiram magicamente, um tinha uma cor azul brilhante e estava a direita do outro que tinha uma cor cinza bem mórbida.

— Me esqueci de mencionar que as portas foram trancadas para que não fôssemos interrompidos nesse momento tão importante — disse levantando as mãos — e também, mesmo que estivessem abertas, vocês não poderiam sair, já que não estamos mais em um jogo como vocês bem sabem e só há como atravessar dimensões através de portais.

Steve, cético como sempre, tentou imediatamente abrir o menu do jogo e acessar a tela de logout mas não deu certo. Depois dele, Elena e eu também tentamos e não obtivemos nenhum resultado.

— Esse jogo foi apenas uma ilusão para atrair vocês até aqui, mas enfim, chega de papo. — ele voltou a explicar — Qual portal vocês escolhem? Eu não posso dizer o que acontece de diferente entre escolher um ou o outro, só posso dizer que o portal azul são para os que acreditam e o cinza para os que acham que tudo isso é só fantasia. Façam suas escolhas, sei que não será difícil.

Steve, Elena e eu ficamos nos levantamos e permanecemos em pé no meio da sala. Os líderes também se levantaram e olharam para nós ansiosamente.

Por um curto momento, pude notar Elena e Steve andando juntos, no mesmo rumo em direção ao portal cinza. Seus líderes estreitaram o olhar na direção deles, como se quisessem lhes dizer algo.

Eu tomei a direção contrária, quis ir para o portal azul, independente do que ele representasse.

No futuro vocês entenderão essa decisão.

Antes de entrar, falei:

— Elena? Steve?

— Eu não posso... — disse Elena meio acanhada como eu já presenciara diversas vezes.

— Você já me conhece — disse Steve no mesmo tom de descaso que ele empregava ao falar das provas de matemática.

Depois desse curto momento, todos olharam para mim, o único que tinha ido pela direção contrária, até mesmo o homem sério de cabelos pretos, que mal me conhecia, olhava para mim com um tom de seriedade misturado com... Algo que eu entendi como confiança, mas naquela hora não tinha tanta certeza.

Então, entramos ao mesmo tempo.

Senti diferentes sensações, imagens passavam pelos meus olhos, diferentes cheiros, sons e até toques físicos. Parecia estar visitando diversos lugares dentro dessa sinestesia que aparentava ser eterna.

Mas, como sempre, de repente apareci no meu quarto.

Em pé, sem nada na minha cabeça, o aparelho de realidade virtual estava pousado no colchão, desligado.

E eu, ainda assustado, senti um papel na minha mão.

Resolvi ler, lá estava escrito:

Manteremos contato.

Ass:  A.

Nova RealidadeWhere stories live. Discover now