Capítulo 11 - O Cientista

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Uma semana havia se passado desde aquela fatídica sexta-feira, em que eu vi o caos dentro de Order City. Depois desse dia eu não joguei mais, não por medo, mas por falta de tempo mesmo.

Estava passando uma semana conturbada na escola, muitos projetos, trabalhos em equipe, provas... Todas essas tarefas combinadas, não me davam tempo nem para jogar sozinho, muito menos para chamar Elena, que estudava em outro colégio, para continuar nossas aventuras. Mas, havia outra pessoa que me conhecia naquele mundo e que estava sempre presente.

Um dia antes, na saída para o intervalo, eu estava pensando se essa seria a única semana do primeiro semestre das aulas com tanta correria, quando Steven me viu e falou comigo:

— Ei, Marcos!

— Oi – acenei – como vai?

— Com uma cara bem melhor que a sua, eu creio.

Ele estava certo, meu rosto tinham olheiras visíveis, e o sentimento de animação de quando as aulas começaram e tudo ainda não era tão cansativo, havia desaparecido.

Steven prosseguiu

— E então, o que vai fazer no feriado?

— Que feriado?

— Cara, amanhã é feriado, você não sabia?

Não, pensei, por mais que gostasse de contar cada dia do ano, naquela semana eu simplesmente deixava os dias passarem, como se fossem todos iguais: acordar, ir para o colégio, estudar, fazer os projetos, organizar as coisas e ir dormir. Para depois repetir tudo novamente.

— Não, e... Vamos andando acho que você ainda tem coisas pra me contar e eu não quero que algum coordenador apareça por aqui perguntando o que dois alunos fazem parados no meio da sala enquanto todos já estão lá embaixo.

Steven me contou mais sobre seu projeto como cientista em Magic World, o bastão high-tech que ele me mostrou quando nos vimos pela primeira vez, na Ordem dos Cientistas, eu como Marvin e ele como "apenas" Steve. Lembrei-me que isso foi antes da enorme esfera de energia aparecer e incendiar tudo, e também que Steven odiava ter um "n" no final do nome.

— Eu preciso da sua ajuda Marcos.

— Com o que?

— Pesquisas – ele disse apreensivo – eu não sobrevivo em locais perigosos sem proteção.

— Pensei que os cientistas tivessem livros detalhados que prevenissem eles de irem a locais perigosos em busca de informações.

— E temos, mas eu preciso sair um pouco daquele laboratório, preciso ver com meus próprios olhos como aquele mundo é fantástico. Eu poderia comprar os materiais ou contratar um ajudante, mas prefiro ir com você, primeiro porque isso não me custaria nenhum centavo, segundo porque nós somos amigos não é?

No feriado, lá estava eu deitado, mas não para relaxar como a maioria faz, depois de uma semana eu estava de volta à Magic World, os sete dias que passei fora, mais pareceram anos. Mas agora eu tinha três dias livres, para me aventurar mais uma vez por aquele mundo.

Eram nove e meia da manhã, eu estava na saída oeste de Order City, quando Steve chegou meia hora depois do combinado, com uma mochila cheia de equipamentos para pesquisa e segurando na mão direita o bastão, um cilindro com 1,30 metros de altura, feito de metal altamente resistente e com um acabamento branco com detalhes em vermelho – sangue.

Bem mais bonito do que o amontoado de circuitos que eu vira em seu laboratório, da última vez.

Quando estávamos saindo da cidade, fui surpreendido por um pombo que sobrevoou minha cabeça e pousou em meu ombro, ele trazia um envelope branco, lacrado com um símbolo que eu nunca tinha visto antes.

Nova RealidadeWhere stories live. Discover now