18 de Fevereiro de 2012 - O Acampamento, A Sinceridade e A Surpresa

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Quando eu me apaixonei por você, eu soube que nossa história não ia ser feito aqueles filmes de comédia romântica onde, no fim, nos encontraríamos no meio da multidão, ambos nos perdoaríamos pelos erros do passado e então nos beijaríamos e fim. Quando eu me apaixonei por você eu já sabia que estávamos fadados ao fracasso, porque numa história onde o protagonista sou eu, o final nunca é feliz. Então eu neguei, montei na minha moto e sumi, como o belo covarde que sou. O problema Enzo, que fugir é a coisa mais inútil a se fazer quando a porcaria do coração já não nos pertence mais. E eu só percebi isso quando passei aquelas semanas no Texas Bar.

Naquela noite do nosso primeiro beijo a única coisa que eu precisava era rever meu velho amigo Lico e tomar uma bela dose de tequila. Quando entrei no salão, dei uma olhada ao meu redor. Fumaça de cigarro se espalhava pelo ambiente. Um grupo de motoqueiros gritavam felizes enquanto mulheres com os seis expostos circulavam entre as mesas sorrindo e se inclinando sobre os que aparentavam ter um bom dinheiro de aposta no bolso. Era um lugar cheio de fracassados tentando ganhar um dinheiro fácil. Era um lugar sujo, cheio de promiscuidade e interesses. Era o meu lugar. Era a noite de jogos e sexo regados à whisky e pó. Eu sorri, porque era o tipo de noite que você poderia ser quem quiser, fazer o que quiser, e ter o gosto doce e viciante da destruição.

"Morte súbita, por favor!" - Pedi, me encostando no balcão!

Lico estava de costas, batendo algo no liquidificador.

"Ainda me lembro do seu primeiro pedido. Era tão fresco que nem conseguia beber uma dose de tequila, e hoje, chega com uma voz grossa pedindo morte súbita, e ainda dizem que as pessoas não mudam!" - Respondeu Lico.

Ele então se virou sorrindo e me deu um abraço por cima do balcão. Estar com o Lico era como finalmente chegar em terra firme depois de passar semanas em tempestade. Havia algo naqueles olhos, algum tipo de esperança que brilhava toda vez que ele sorria. Era bom ter um pouco daquilo por perto. Ele seguiu até a outra ponta do balcão, pegou uma caneca e começou a encher com diversas bebidas e lançou a mesma que atravessou o balcão até parar na minha frente.

"Ainda tem a manha!" - Falei, tentando sorrir

Ele abriu uma cerveja e se aproximou.

"Então, vamos ficar aqui tricotando feito duas senhoras ou vamos direto ao ponto?" - Disse ele.

"Eu só queria dar um tempo..."

"Corta essa moleque, dar um tempo de que? Melhor, de quem?"

"Não enche, só quero beber um pouco"

"Beber um pouco, começando com morte súbita? Toda vez que te vi todo nervoso e pedindo morte súbita, tinha algo a ver com aquele filho da puta. Ele voltou a te encher?"

"Não falo sobre ele. E você sabe disso."

"Então que porra aconteceu, cara?"

"Eu conheci alguém."

"E?"

"A gente acabou ficando, quero dizer, beijando há algumas horas atrás..."

"E daí?"

"Você sabe muito bem que não prometi nunca mais fazer isso de novo."

"Então, por que fez?"

Dei um gole na bebida. Encarei o Lico por alguns segundos, levei a mão no bolso e peguei meu maço de Marlboro. Acendi um e joguei o maço no balcão. Lico acendeu outro.

"Esse cara, esse... menino, apareceu do nada. Ele é um filho da puta. Um dia eu estava rindo dele, no outro eu estava lá, defendendo ele e batendo no Douglas..." - Os olhos do Lico se arregalaram - "Depois fui atrás dele pra me desculpar e no fim, sem nem perceber, tava beijando ele no meu quarto"

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