Férias de verão.
Minha tia conseguiu me convencer a passar o verão na casa de praia dela, na Califórnia, não eram as férias perfeitas, mas era o que eu tinha de melhor no momento. A casa em si não era grande, mas ficava de frente pra praia e possuía as duas coisas mais preciosas desse mundo: o que restou da minha família.
Depois que meus pais morreram eu fui morar com a minha tia Jesse, não muito velha e nem muito nova, bem recatada e sem modos para ser mãe e pai, mas esforçada, uma mulher irritantemente religiosa e que tinha o colo mais confortável do mundo.Infelizmente não tenho mais paciência, meu corpo e minha mente precisam explorar. Com 19 anos e a caminho pra faculdade, eu sinto e sei que preciso de um lugar só meu, onde eu possa fazer minha própria bagunça, não aguento mais apenas minha cabeça desorganizada, preciso bagunçar mais coisa. Anoto esse assunto a ser discutido com Jesse, sei que ela vai ficar magoada, mas vai aceitar, ela sabe que é o melhor pra mim. Não tenho outra escolha sem ser a UCLA, foi a única faculdade da qual me candidatei e da qual eu quero ir, além do que é a melhor universidade de direito do país e Jesse sabe que isso é o melhor pra mim, uma boa faculdade e um caminho novo.
Há dois anos do assassinato dos meus pais, a única coisa que eu mais quero é ser advogada.
Minha tia interrompe meus pensamentos "Se arrume S, quero levar sua irmã no parque de diversões"
Minha irmã.Kitty.
Ela era um dos meus bens mais preciosos e um dos motivos pela qual não queria deixar a casa de Jesse. Ela tem 12 anos mas age como se tivesse 20, sua maturidade é surpreendente, e se agravou ainda mais depois que ficara orfã. Me orgulho de tê-la ao meu lado, sou realmente sortuda.
Escolho um vestido comprido que ganhei de aniversário, não era um dos mais bonitos, mas deixaria minha tia feliz, foi presente dela.
Califórnia nos faz sentir como em um filme, lindas palmeiras, sol estralando e pessoas bonitas. Eu obviamente não era uma delas, meu cabelo não era dos mais lisos, tinha uns cachos na ponta, de manhã ao acordar eu me sentia um leão mas com o tempo eu aprendi a domar. Nunca me senti bonita, eu nunca tive motivo ou alguém pra me fazer pensar isso. Minha parte preferida de todo o ser humano eram os olhos, eu reparo muito nisso. Kitty sempre comentou que o meu a lembrava pele de um tigre, eu nunca entendi como isso era possível, mas eu gostava de ouvir isso dela.O parque estava lotado, cheio de crianças gritando como animais, pais e mães entediados por estarem lá, comidas deliciosas, brinquedos caindo aos pedaços. Kitty seguia com um sorriso no rosto, feliz por estar lá. O cheiro de comida chega a meus estômagos e eu decido me entreter comendo alguma coisa, pipoca é típico de parques como esse e eu decido ir atrás de um pouco.
"Uma pipoca pequena, por favor."
Meu Deus.
Minha mania é colecionar amores durante meu caminho na rua, eu tenho um certo dom em apreciar homens bonitos.
Mas esse é do tipo que me faria vender a coleção pra comprar a sua edição especial.
"Moça, o dinheiro." Ele parece apressado
"Desculpa, aqui está" eu devo parecer uma patética nessa hora.
Fico atordoada, em perceber que vou querer vir mais vezes nesse parque. Eu saio correndo de lá. Mas algo me faz voltar, eu gostaria de ser meu coração correndo de volta.Mas ele errou o troco.
Não escondo que fico feliz, mas odeio ter que corrigir coisas, mas além de pão dura minha tia é desconfiada, eu teria que ouvir por 3 horas o sermão de que tenho que aprender a contar o troco.
Quando percebo eu já estou de volta no caminho.
"Com licença, qual seu nome?" Eu precisava saber o nome do homem que portava aquele par de olhos, braços e mãos.
"Philip" Philip, Philip.
"Então Philip, o troco, está errado." Eu dou um sorriso de lado e ele abre um sorriso branco maravilhoso. O que um homem desses faz largado em um parque desses?
"Perdão, me distraí."
Começo a corar, eu sei que estou corando, meu Deus eu não quero corar.
As palavras não saem da minha boca e eu sorrio.
Eu já fiquei nervosa antes, vendedores de loja de roupa, em mercadinhos, festas da escola. Sempre houve um par de olhos e um sorriso da qual fazia minha bochecha se pintar de vermelho.
Mas minha mão nunca suou como agora. Minha impressão é que ele poderia ser o homem da minha vida, se eu não fosse eu e ele não fosse ele.
Minha mãe costumava dizer que um dos meu pontos mais positivos era as grandes expectativas e minha imaginação.
Pobre coitada da criança Serena, cresceu achando que era bonito se iludir, mal sabe ela que o mundo não tem saco pra gente assim.
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Felizmente
RomanceSerena viveu o pior dia da sua vida há dois anos. Uma parte dela se foi junto com seus pais, mas nasceu uma força que a ajudará a traçar um novo caminho.