Mercado de fofoca

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Eu nunca fui o suficiente.
Eu nunca fui o suficiente pra me achar bonita, eu sempre olhei pro espelho e odiei o que eu via.
Eu não fui suficiente pra impedir que meus pais morressem.
Eu nunca fui suficiente pra um cara, eu nunca namorei nenhum.
Quando eu chego em casa, eu vejo um pacote na porta do apartamento.
Uma caixa grande e um bilhete.
(Eu sinto sua falta minha querida
Beijos da sua tia.)
Fotos. Muitas fotos. Deve ter umas 400 fotos.
Ela assim como todos que me conhecem sabe que eu sou apaixonada por fotos. Elas me mostram como o tempo é efêmero. A mesma pessoa que eu sou em certa fotografia, não sabe o que a outra Serena sabe. E no final, em todas as fotografias, é a mesma pessoa. Eu.
Ela fez questão de me mandar todas as fotografias que meus pais guardavam. De quando eu era pequena, fotos da minha adolescência.
Eu pego um álbum de fotografia da minha primeira escolinha. Esses álbuns que presenteamos em dia dos pais.
Eu leio nome por nome. Tento recordar do rosto. Como se o passado escolar me desse segurança pra ultrapassar as barreiras no presente escolar.
Em uma falha tentativa, eu não me recordo de nenhuma criança. Mas isso não é problema, a alegria que aquelas fotos me trouxeram, foi inexplicável.
Sinto que apesar da perda do meu almoço, o meu dia será muito mais cheio por conta das fotos.
Eu decido pegar meu carro e ir no centro da cidade comprar porta retratos pra encher minha casa de boas recordações.
Antes disso decido passar e comprar um lanche em qualquer lanchonete da cidade, odeio ir ao mercado, e por isso odeio cozinhar.
Estaciono no Burguer King mais próximo, entro, pego meu hambúrguer e sento, sozinha.
Preciso pensar, ainda estou em fase de adaptação e nada melhor do que fazer isso comendo.
Mas na minha frente tem 3 garotas conversando. Eu conheço esse tipo de mulher de longe. Fúteis, carentes e despreparadas emocionalmente. Mas eu aprendi na minha vida que nós não devemos julgar ninguém e que esses podem ser apenas os defeitos, pobres garotas. São postas em vitrines para serem admiradas e no final elas só fazem fofoca pra compensar a vida ruim que possuem.
Isso só confirma quando ouço o que elas estão dizendo.
"Vocês viram que a Jenna Hump está em crise com o Phillip Mann?"
Eu conheço esse casal.
Mas mais importante.
Eu conheço esses nomes. Da onde?
Decido deixar passar que o Phil e a loira perfeita estão em crise, fico triste por ele.
Sorrio ao pensar meu nome com o sobrenome dele. Serena Mann.
Mas algo me irrita, o sobrenome não me é estranho.
Elas continuam a fazer fofocas. Descubro que uma tal de Tessa está namorando um tal de Hardin e que alguém do campus se casou com um Maddox.
Isso pra mim é irrelevante. Eu termino meu lanche e sigo em rumo aos meus porta retratos.

FelizmenteOnde histórias criam vida. Descubra agora