Toalha vermelha

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"Vem, vamos subir" puxo sua mão enquanto ele termina de estacionar o carro. "Você parece cansado" eu digo enquanto observo a cena aliviante que é ver Philip entrar novamente em casa. 
"Eu não pareço cansado, eu estou cansado. Posso tomar um banho?" "Lógico P." Eu entro no banheiro e esquento a água pra ele. "Eu acho que devo ter alguma camisa sua aqui." Ele entra no banho e eu vou atrás de alguma roupa no meu quarto. Eu sempre dormi com uma camiseta dele.

"Anjo." Eu escuto me chamar do banho. "Oi!" Digo do quarto, mas não ouço resposta.

Meu peito sinaliza manchas de vermelho e eu fico estática no mesmo lugar, para ele é tão natural ser bonito. "Que foi anjo?" São as únicas três palavras que com muito esforço eu consigo  dizer sem gaguejar.
"Eu esqueci de pegar uma toalha, S." "Não anjo, você tem uma aí na sua frente, pode usar." "Qual toalha?" Eu fico na ponta do pé em frente ao box pra sinalizar a toalha vermelha que ele poderia usar.

 Mas em um gesto rápido eu sinto minhas costas molhadas, meu cabelo molhado, meu peito molhado. "Talvez não era a toalha que eu queria."

Poucos segundos se passam e eu começo a ficar preocupada já que minha maquiagem começa a sair, eu abaixo a cabeça e pendo minha testa em seu peito nu. Eu não queria trazer meu drama pra Philip, eu queria poder me sentir bonita sem maquiagem e ser a mulher que ele tanto quer.
"Você é tão linda e tão facilmente" Philip coloca as mãos em meu cabelo e levanta meu rosto. Com um dedo ele limpar o rímel embaixo dos meus olhos. Minhas mãos se cruzam atrás de seu pescoço e é quase que impossível não ficar na ponta do pé tentando igualar os 20 cm de diferença de altura.
Gotas pousam sobre seus cílios e seus olhos verdes se intensificam, eu já vi aquele olhar antes, a transformação do verde para o vermelho fogo. Ele me beija como se eu fosse desaparecer a qualquer momento. Em pouco tempo só existem eu, Philip e roupas no chão. O mundo já não é mais problema nosso por que no instante em que eu sinto Philip em mim, nós dois somos o mundo.
Um ou dois shampoos caem no chão, minhas costas se prendem na parede quente. A água cai em nós, e Philip geme, sussurra o quão linda eu sou e novamente, como sempre, naqueles momentos ali, eu me sinto maravilhosa por satisfazer e ser suficiente para o homem á minha frente. Talvez ele não saiba, mas toda vez que ele toca em meu corpo, eu sinto como se eu criasse uma dívida com Deus. Certamente há um preço a pagar, mas eu construiria 20 palácios por dia se fosse pra recompensar o que Philip e eu fazemos embaixo do chuveiro.

É a ascensão do nosso amor da forma mais antiga e carnalmente sentimental já conhecida.

Gotas de suor se misturam com gostas de água caídas do chuveiro, ele beija cada centímetro do meu corpo lentamente, ele me observa. Ele me beija, me observa, me beija e me olha fervorosamente. Eu dou risada de felicidade e nós ofegamos. "Eu te amo anjo, já te falei isso hoje ?"  "Te amo." Ele fecha olho e deixa a água cair pela última vez, seu sorriso branco da qual eu sempre invejei se faz presente a poucos centímetros dos meus olhos e eu sou obrigada a sentir aqueles lábios novamente. Ele me abraça forte se enlaça em mim, dá um beijo na minha testa, pega a toalha vermelha e sai do banheiro em direção ao quarto.
Eu termino de tomar banho, o quarto ou quinto do dia, o melhor com certeza.
Eu me enrolo na toalha e ouço um celular tocar, vem da calça de P.

Meu primeiro instinto é pegar o celular, não é uma ligação, é uma mensagem.

Eu receio em abrir.

Eu abro.

No ápice maior de ciúmes eu poderia achar que é qualquer mulher, menos essa.

"Encontre-me amanhã no mesmo lugar que sempre, preciso de ajuda em uma coisa."

Ele seria capaz de mentir novamente pra mim? Ou esconder algo? O que essa mulher quer com ele? Logo ela?

FelizmenteOnde histórias criam vida. Descubra agora