1º dia sem Philip. Eu preferiria ficar anos sem dormir, do que dormir e sonhar com o beijo dele.
O tempo nunca esteve tão frio como agora, o mais estranho é que a roupa mais quente que as pessoas na faculdade usam é uma regata. O frio é no clima ou é na vida? Eu perdi o calor que Philip me trazia ou o sol que não quis aparecer hoje? Ou talvez seja ambos? Eu estou prestes a calcular quantos andares do prédio da faculdade eu tenho que subir pra ser necessário para um bom suícidio quando uma voz irritantemente doce ecoa na minha mente.
"Que cara horrível Serena." Jeny sempre levantando meu astral. Alguém avisa ela que a personificação do verão não sou eu? "Obrigada querida." "Além de acabada você tá grossa também?" eu forço um meio sorriso, que mais se parece com uma careta. Eu abaixo o olhar e quando eu levanto Jenna sorri e me olha como se eu não precisasse explicar.
Um golpe me toma na barriga e eu tenho que olhar pra ver se não me machucou. Mas ninguém me feriu, não desse jeito. Eu sinto um perfume que entra pelos poros do meu corpo, ele impregna todos os malditos centímetros do meu corpo e da minha mente. Ele para ao meu lado, me deseja um bom dia e Jake faz como Jenna "Alguém morreu Philip?" Ah que irônico Jake, muito engraçado, MESMO. "Eu vou me atrasar, depois a gente se fala Jeny." Eu parto antes de poder olhar em seu rosto " Pode deixar." minha amiga me responde, em tom de apoio, isso pode ter sido a coisa mais bonita que me disseram hoje.
"O que você fez dessa vez?" eu ouço Jeny exclamar ao corredor, em seguida enche o ombro de Philip de socos. Meu primeiro extinto é recuar e dizer pra ela parar, mas quem sou eu pra dizer que outra pessoa não pode machuca-lo se eu mesma ja causei o maior dano? Eu só tento aceitar e foco na dor de ter mais 8 aulas pela frente.
No final da aula da Black era quando nós nos reuníamos para organizar as coisas do caso, certamente Black ficará feliz ao ver que eu troquei e-mails com Catherine e que ela praticamente assinou o atestado de culpada.
"Boa tarde Serena." "Professora Black." Eu assento com a cabeça, ela me olha desconfiada, eu estou sozinha. Não estou com Jeny, nem Jake e Philip não me faz companhia. Essa parte do meu dia era muito mais animada quando eles estavam ao meu lado, P. sempre teve mais facilidade com Black, ele tem facilidade em lidar com qualquer um na verdade. Aparentemente qualquer um é mais fácil do que eu.
"O que você me traz hoje?" Eu sorrio de satisfação. "Aqui está uma cópia do e-mail que troquei com Catherine." Ela não pega o papel na minha mão. Eu fico segurando a folha a sua frente.
As salas da UCLA são feitas em forma de auditório, lotadas de carteiras e composta por detalhes e piso de madeira. A lousa é imensa e ocupa a parede toda, nesse momento eu estou sentada na cadeira da mesa de Black, ela anda de um lado para o outro, a sala imensa está vazia agora. E faz eco ao ouvir o sermão da professora."Menina o que você fez nessa faculdade?" Eu acho graça da pergunta, aparentemente ela não. " eu estudo Black, o que mais faria?" "Não, ah não estuda não. Se estudasse saberia que a primeira regra é nunca manter contato com o acusado, o juiz pode tomar sua resposta como uma ameaça." "Mas Black, ela que me mandou primeiro, ela é a culpada." "O juiz não sabe disso Serena. Pelo amor de Deus." "Eu não to entendendo, primeiro o Philip, agora você, por que todo mundo ama julgar as coisas que eu faço?" "Não é pra tudo isso querida." Ah é pra tudo isso sim! "Mas eu não tenho provas contra Catherine? Isso não é ter contato com o acusado?" Eu questiono, não gosto da ideia de todos irem contra a minha decisão de arriscar tudo por meus pais. "É totalmente diferente, nós abrimos o caso com essa prova." Eu não sei se quero continuar ouvindo isso. "Muito obrigada pela assistência professora, mas sinto que preciso ir pra casa agora, me sinto um pouco enjoada." Ela apenas sorri e passa a mão nas minhas costas, minha animação hoje era a mesma que a de um velório em festa.
Passar o dia sem olhar nos olhos de Philip é a mesma coisa que não tomar água durante dias.
Depois de um tempo nós sentimos sede, e começamos a desidratar.
É exatamente assim que me sinto, sem ele aqui eu fico vulnerável e eu não gosto disso, não gosto da ideia de que ele tem o poder de me deixar tão fraca assim.
Não posso depender de alguém, não alguém como Philip, uma pessoa que por medo de me perder se afasta.
Minha mãe costumava dizer que a coisa que mais odiamos no outro é o que é mais parecido em nós. Será que eu o afastei?
Eu lembro do dia em que eu saí correndo da faculdade e o esqueci aqui. Ele não tinha como voltar pra casa.
Eu lembro que sai de casa mais cedo por que achei que ele fosse um suspeito no caso dos meus pais.
Ele ficou ao meu lado mesmo quando eu disse coisas horríveis e duvidei sobre sua confiança. Eu não tive coragem de conversar e acabei envolvendo minha tia nisso.
Como posso falar de Philip se a minha vida inteira eu afastei as pessoas para não machuca-las?Para não me machucar? No final somos todos covardes esperando a hora certa para revidarmos os tapas que a vida nos dá. Talvez eu não tenha coragem com Philip, talvez Philip seja covarde comigo.
No momento essa resposta não é válida, do que adianta eu ser uma covarde se eu não sou ao lado de Philip?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Felizmente
RomanceSerena viveu o pior dia da sua vida há dois anos. Uma parte dela se foi junto com seus pais, mas nasceu uma força que a ajudará a traçar um novo caminho.