Stitches

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Entro no meu carro e vem uma enxurrada de emoções, eu choro, eu grito, eu me debato no volante. Eu não consigo enxergar um palmo de visão á minha frente. Depois de dois anos agoniando e refletindo do por que que fizeram isso comigo e com meus pais, eu tenho a resposta. Inveja, ódio gratuito e falta de amor.

Meu pai e minha mãe morreram por que eram amados, por que construíram uma vida, uma vida da qual Catherine nunca terá, não por que ela não seria capaz, mas por que ela não sabe o que é amor. Eu nunca vi o atual prefeito, Manning, mas eu não me espantaria se ele fosse tão amargo quanto Catherine. 

Com certeza nosso encontro será no tribunal, onde eu usarei a confissão gravada da mulher do prefeito contra eles próprios, meus pais ficarão orgulhosos.

Entre tantos pensamentos eu não paro de chorar, e começo a ficar sem ar. Eu preciso urgentemente sair daqui.

Pego a estrada de volta e repenso em todo o diálogo, penso em cada passo que darei e como os incriminarei no tribunal, eu só preciso que Black me indique o melhor advogado da cidade e eu o contratarei, não medirei esforços ou dinheiro para isso.

São duas horas de viagem que faço em uma hora e alguns minutos, a velocidade e o tempo na estrada me fizeram tranquilizar, mas não tanto. Quando eu pego meu celular eu percebo o quanto de ligações de Philip, Jeny e Jake tinha. Pelo visto Philip acionou todos eles.

Eu decido retornar Philip e mandar uma mensagem tranquilizadora para Jeny e Jake.

"Anjo?" "Oi P." "Não me assusta mais assim não, que merda!" " Desculpa P." "Desculpa merda nenhuma, pode vir aqui em casa, como você ousa fazer uma coisa dessas? Sair, ir em direção a Catherine e não atender o telefone? Eu quase morri Serena!" "Como você sabe que eu ia lá?" "Você acha que eu sou bobo? Eu achei até que você demorou pra ir, eu te conheço, a anos Serena, não se esqueça disso antes de ir fazer qualquer merda por aí."

"Mas que saco Philip, você não entende que o que eu fiz foi necessário?" "É necessário ir atrás da morte? Acho que não. Vem aqui pra minha casa e a gente conversa." O meu nível de emoção que estava lá em baixo foi lá pra cima, Philip me irritou, além de egoísta, é machista da parte dele pensar que ele pode me proibir de ir em algum lugar, essa fase do mundo já passou a muito tempo, nós namoramos mas eu sou dona de mim.

Eu me lembro que eu nunca fui na casa dele, e eu fico meio em choque, meio que com medo, e no segundo seguinte a tela do meu celular acende com o endereço. Ele pode ser irritante, mas é perfeito pra mim.

Sua casa é enorme, ele sempre brincou comigo por ser filha do prefeito e morar em um bom apartamento, mas se eu soubesse que sua casa era linda assim, eu com certeza não teria deixado ele brincar assim. A frente da casa é toda branca, seu jardim é impecável.

Quando a porta da casa abre, e eu o vejo sem camisa na porta, eu esqueço totalmente o por que eu estava lá. Foco pra quê?

"Você nunca mais brigue comigo no celular enquanto eu estiver dirigindo Philip, nunca mais. É imprudente da nossa parte." "Que merda anjo, me desculpa." Ele chega mais perto de mim e seu calor me conforta. Talvez fosse o abraço, talvez seu perfume, tanto faz, mas algo ali estava muito bom e me fazendo muito bem.

"Esse seu olho é de choro? O que aconteceu S?" "Eu tenho algo pra te mostrar, mas eu acho que essas suas plantas morrerão e com certeza não gostarão de ouvir o que eu tenho aqui." "Entra meu anjo, a casa é sua." Por um momento eu me pergunto se o convite que ele faz é pra casa á frente ou pra casa do coração, não me importa qual, eu quero morar nela.

Eu fico em choque ao entrar, a sala tem lareira e dois grandes sofás que se estendem no recinto todo, uma mesa de jantar que aparentemente ninguém nunca usou e um perfume que apenas Philip conseguiria deixar no ar.

Eu sento no sofá e deixo cair tudo aquilo que esteve guardado desde o dia que em que eu acordei sem meus pais e jurei que encontraria quem os matou, as lágrimas caem e se elas não fossem feitas de água eu juraria que eram metais caindo dos meus olhos. A tristeza é pior que o ódio, por que ela carrega sentimento. O ódio é apenas uma raiva constante e muito forte, que não leva junto o peso de amar alguém, é poder desejar o mal sem que a sua consciência pese. E na minha vida, eu sempre fui um excesso de sentimentos, nunca sobrou espaço pro ódio. Até agora.

"Meu anjo, independente do que você viu ou ouviu, nós consertaremos isso da melhor forma." Ele soa como um anjo, ele se parece como um anjo e ele tem um papel de anjo na minha vida.

Mas nesse exato momento, tudo o que eu quero e preciso é de advogado, um tribunal e um motivo pra me fazer esquecer dessa história por um momento. É por isso que eu levanto minha cabeça, seco as lágrimas, olho no mar verde de Philip e digo que quero dançar. Ele não exita por um momento e em segundos sua boca está colada na minha, catando cada pedacinho meu que tinha acabado de desmoronar.

Seus lábios são o cimento para meus tijolos e nesse momento tudo o que eu mais quero é ser um arranha-céu da qual Philip precise construir.

FelizmenteOnde histórias criam vida. Descubra agora