Capítulo oito - Papai.

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Tive alta do hospital, estou indo para casa, Yago me veio buscar, brutamontes tinha mais coisas para fazer, ele me deixou em casa.
Entrei em casa com outra atitude, eu não ia ficar mais em casa, eu vou passear e comprar roupa para o meu bebé, fui até ao quarto, tomei um banho, peguei num vestido e num raso, soltei meus cachos e passei hidratante, desodorante e perfume e nem fiz make, eu gosto de estar assim, simples sem nada na minha pele para a luz do sol poder entrar na minha pele.
Fui pegar em dinheiro, brutamontes deixava sempre dinheiro e eu nunca usava ele, agora ia usar ele, peguei nas chaves e sai, todos na favela olhava para mim mas eu não ligava eu estava bem, meu filho me deu mais forças do que nunca e mal ele cresça, eu vou fugir com ele para outro país, fugir do Brasil e ser feliz com meu filho ou minha filha.

Chamei um táxi, não sei como ir daqui até ao shopping mais próximo daqui, três anos mudaram muito e eu quase nem sei andar na rua mas sem problema, preciso de ir no supermercado comprar comida para aquela casa, não tem carne, nem arroz, nem macarrão ou se quer batata, só tem biscoto e nada demais, preciso de me alimentar para esse bebé crescer, esse bebé é meu e eu vou lutar por ele.

Na porta do shopping, entrei, o shopping parecia um palácio, sabia bem apanhar outro ar, pensava que não me ia perder mas me perdi na roupa de bebé, comprei roupinha cinzenta e azul bebé e amarela, chupeta e mamadeira, não abusei muito porque preciso de juntar um bom dinheiro para depois começar uma vida longe daqui. Já eram 6 da tarde, fui até ao supermercado, comprei carne, ovos, salsichas, saladas, fruta, legumes, gastei uns 800 reais mas compensou, sai e chamei um táxi, entrei e o motorista me perguntou

- Para onde é?

- Para o morro por favor.

- Desculpe mas não faço morro.

- Não se preocupe, eu sou mulher do dono do morro, tem aqui 100 reais para ver como não estou mentindo.

- Tá bom, vou confiar na menina. - A corrida foi muito rápida, cheguei no morro muito rápido, paguei ao motorista e ele foi, entrei dentro do portão, abri a porta e fui arranjar qualquer coisa para travar a porta e quando voltei da cozinha e quando me virei o brutamontes me deu um tapa com muita força na cara.

- Onde esteve vagabunda de merda? - Ele me bateu sem razão nenhuma.

- Fui comprar comida e algumas coisas para o bebé. - Falei enquanto as lágrimas desciam sobre a minha cara e a minha mão estava na minha cara, sempre essa vida, vou fazer e tudo para ir embora o mais depressa possível, sai dali em direção a porta e logo ele puxa os meus cabelos e cai no chão.

- Onde você vai? - Puxei meu cabelo e respondi.

- Vou buscar as compras a porta. - Ele largou o meu cabelo e eu fui pegar as compras na porta e levei até a cozinha, brutamontes continuava me seguindo, enquanto eu arrumava as compras no sítio.

- Amanhã se produz que tem reunião com uns grandões e você precisa de vir. - Não respondi apenas assenti com a cabeça, não quero falar, nossa relação se é isso que posso chamar, eu farei tudo para aguentar esses 6 meses que vem pela frente, ia preparar uma salada com frango para comer, depois ia me deitar.

***

Já tinha comido e já estava deitada na cama e ouvi um barulho, desliguei a luz e fingi que estava dormindo, senti a porta do quarto abrindo, fechei meus olhos com força e pedi a Deus para não me fazer sofrer de novo, até que senti ele me tapando direitinho com as cobertas da cama.

- Se cuidem moleque, o papai está te esperando. - Senti a sua mão a tocar na minha barriga e me deu arrepios e me fez sentir segura com seu toque, ele saiu do quarto e eu sorri feita boba, ele estava esperando esse filho como eu, o que me dava esperança que ele me deixasse viver um pouco, minha salvação.

Passei horas vendo vídeos sobre a gravidez e vendo o que devemos fazer e o que acontece nos meses e que descobri que apartir dos três meses já se pode saber o sexo dos bebés se tudo correr bem e o bebé se mexer ao ponto de conseguir ver. Fui até ao banheiro e deu uma sede, desci até a cozinha e o brutamontes estava dormindo com a fuzil no peito e com o chapéu na cabeça e eu tirei a fuzil do peito e o chapéu e o cobri com a manta e beijei sua testa, ele agarrou a minha mão e me fez deitar no seu peito, acomodei-me no seu peito e ouvia o seu coração batendo, era um som relaxante admito, era bom saber que ele me queria do seu lado, primeiro o beijo e agora isso.
Amanhã irei acordar cedo e lhe trazer o café da manhã e vou mimar ele, talvez ele só preciso de amor e carinho.

***

Acordei e brutamontes ainda estava dormindo, fui até a cozinha e fiz sandes mistas, salada de fruta e fiz um suco de laranja, coloquei numa bandeja e levei até a sala, acordei ele.

- Acordaaaa. - O abanei levemente e beijei sua testa, ele abriu os olhinhos castainhos e mexeu seus lábios carnudos e esfregou seus olhos e se sentou se espreguicando e eu coloquei a bandeja nas suas pernas.

- Que é isso nega?

- Seu café da manhã.

- Caiu algum santo?

- Deixe de ser bobo e come. - Fui até a cozinha e trouxe mais mistas que tinha feito para ele.

- Se alimenta que quero que pai do meu filho tenha forças. - Ele sorriu, nesses últimos três anos já nem lembrava que o ver sorrir, não lembrava de ver esse sorriso contagiante que ele tem, era bom ver seu sorriso.

- Come você também, você precisa de engordar 15 kgs. - Peguei numa mista e comi, desde de ontem que tinha ganho apetite, essa criança precisa da nossa força para conseguir ser feliz. Depois de comermos tudo, ele subiu e tomou um banho, passado minutos e ele voltou com um cheiro gostoso e sua bermuda preta estava muito justa, o que dava relevo ao brutamontes.

- Podia vir almoçar a casa hoje?

- De boa nega.

- Quer você quer comer?

- Faz alguma coisa mas se prepara que venho com muita fome. - Ele sorriu, ele beijou a minha testa e saiu com a fuzil nas costas e com o bater da porta ele se foi, estava feliz, era um progresso.

A vendidaOnde histórias criam vida. Descubra agora