Capítulo dez - Vaza!

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Acordei com meu despertador me mostrando que eram 5 da tarde, fui ao banheiro tomei um banho e logo fiz chapinha nos meus cacheados e logo nisso já eram 6:30 passei desodorante, hidratante e perfume e me vesti, terminei de me vestir e ouço brutamontes chegando em casa.

- Ao menos sabe se vestir e não vai feita puta para lá.

Essas palavras tinham me magoado mas é o jeito dele e então ignorei

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Essas palavras tinham me magoado mas é o jeito dele e então ignorei.

- Quer que vá fazer algo para tu comer?

- Não é preciso, já comi na rua. - Ouvi ele falando do outro quarto dele e então desci e comi uma salada de fruta, era deliciosa, desde que minha vida tem um sentindo tudo se torna mais fácil para mim, assistia tv quando o cheiro invade a sala e quando olho de novo, ele estava numa calça jeans pretas com uma t-shirt branca e no pé uma nike nova, no pulso relógio rolex, no pescoço os cordões, na cabeça um chapéu da Ny, no pescoço hugo boss botled.

- Tá pronta?

-  Estou. - Falei me levantando do sofá e dei a mão para ele, a primeiro ele olhou para mim com uma cara de mau mas viu que eu não tirei e até acabou rindo, na favela brutamontes era um cara normal mas fora dela, ele sustentava para caralho, esse era o facto, fomos no seu bmw para lá, chegamos num bar, acho eu, o fumo era o que mais se via naquela sala, ele chegou lá e fez toque do bandido com aqueles homens todos e eu fiquei esperando ele apenas.

***
- Vou até no carro está muito fumo aqui. - Ele assentiu e me deu a chave do carro, sai dali para ser sincera estava cansada de estar no meio.

Devo ter cochilado um pouco que nem dei noção do tempo, sai do carro e fui até lá mas antes de voltar para aquela maldita sala, fui no banheiro que era antes da cortinha vermelha que dava entrada para aquele lugar nublado e com um cheiro intenso a bebida. Abri a porta da casa de banho e vejo Luan comendo outra menina, ele estava dentro dela.
Burra fui eu em achar que seria única e para piorar ainda ouço

- Vaza! - Sai dali, em prantos, me doia tudo, pior do que as lágrimas é a dor forte no meu peito, como se um vazio se instalasse no meu corpo. Vazio, sensação de dor apertada, falta de ar, entrei naquele carro e a minha respiração estava mais forte do que nunca, essa dor já não sentia desde que minha mãe morreu, essa dor que eu tanto conheço.

- Trouxa, trouxa, você é uma trouxa. - Lavava minha alma com as lágrimas que escorregavam pela minha cara até que sou interrompida por um bater no vidro, era um rapaz.

- Você está bem? - Eu neguei com a cabeça.

- Ele é um babaca por desperdiçar uma garota tão linda como você. - Voltando a típica conversa de homem.

- Pode me deixar em paz por favor?

- Não quer campainha?

- Não.

- Tem certeza? - Atrás dele aparece Luan e sua fuzil apontada na cabeça dele.

- Ela já falou que não quer. - O moleque vazou de lá bem rapidinho e a porca, vagabunda entrou e sentou no banco de trás. Luan olhou para mim e eu só neguei com a cabeça e nada mais disse.

Chegamos no morro rápido e eu entrei naquela casa e fui para o meu quarto, tirei meu casaco e me agarrei aquela almofada chorando tudo que tinha de chorar, doia tanto, sabia que era bom demais para mim até que ouço ela gemendo, nojento, como ele me faz uma coisa destas? Pensava que era diferente mas vi que não passo da puta dele, é isso que eu sou. Mas não vou me matar, posso sofrer mas esse bebé merece muito mais do que um pai desse e mal ele nasça eu vou fugir, deu uma dor no fundo da minha barriga, a pontada era forte, estava doendo demais, gemi de dor, peguei meu casaco e vesti, deixei um bilhete dizendo
" fui no hospital, deu uma dor forte. " , sai daquela casa e ouvi uns moleques rindo, eles estavam se aproximando de mim.

- Está perdida gatinha. - Acelerava meus passos mas a dor estava forte e eu não conseguia aguentar, senti algo escorrendo, minhas calças estavam se molhando.

- Deixa que a gente te ajuda. - Um tocou no meu cabelo e logo ouvi disparos, meu corpo estremeceu mas quando voltei a mim, não fui eu, tinham sido os moleques. Yago veio correndo na minha direção, de chinelo de dedo, de bermuda e t-shirt no ombro.

- Que houve?

- Pode me levar no hospital por favor. - Ele nem perguntou nada, assibiou e me levou até a um carro que rapidamente apareceu na nossa frente, yago me deitou lá e o tempo parecia tão lento.

- Ae doutor, estou indo ai, fiel de Luan está se sentindo mal. - Estava doendo muito, uma dor forte na minha barriga, eram muito fortes mesmo, tentava respirar mas logo vinham essas dores de merda. O meu peito, muito mesmo, um pressentimento,  eram tantos pensamentos que nem conseguia respirar, entramos pela garagem do hospital e logo doutor estava me esperando com uma cadeira de rodas, fomos diretos para o piso 3, entrei numa sala branca e com tons de beje.

- Precisamos que tire as calças. - Com muitas dores atendi a seus pedidos e quando tirei as calças minhas pernas estavam manchadas de sangue, tentei não stressar, tudo para não perder meu filho, as dores não seriam nada comparado com a dor de perder um filho, me disseram para eu sentar numa cama e puseram um tubo dentro de mim, estava doendo muito.

- Aiiiiii. - Está doendo, logo senti algo dentro de mim e tiraram o tubo e logo senti algo raspando meu interior, as dores eram cada vez mais fortes e ninguém fazia nada.

- Está doendo, por favor salvem meu filho. - Dizia eu chorando, o doutor tirou aquele objeto dentro de mim e tirou as luvas, na sua cara eu já via a negação.

- Naaaaao, naaaao, por favor. Me traz meu filho por favor.

- Lamento muito. - O médico falou e as lágrimas caíram pela minha cara, perdi meu filho, minha razão de estar viva, minha alegria. Perdi minha luz, ouvia as enfermeiras arrumando tudo e me limpando, saíram e todas elas me olhavam com dó ao sair daquele quarto. Minha vida acabou, perdi meu filho, eu perdi meu filho, meu filho.
Não conseguia acreditar nisso. Foi meu filho, com tanta gente no mundo teve de ser meu filho? Meu filho, o meu filho, eu perdi meu filho.

A vendidaOnde histórias criam vida. Descubra agora