Capítulo 16 - O Casamento

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Nós retornamos ao Distrito 12 uma semana depois. Passar um tempo na casa da Annie, junto a Dona Martha e ao pequeno Chris tinha sido fantástico. A cada dia que passava faziamos algo novo. Dona Martha insistiu em nos ensinar os cuidados básicos com o bebê. Eu aprendi para agradá-la e aliviar Annie dessas funções, já que ela não estava ainda com o corpo totalmente recuperado. Peeta no entanto estava maravilhado com tudo. Até mesmo trocar a fralda nojenta e fedorenta era uma experiência "incrível" que ele insistiu em participar.

A volta para casa deixou um gosto agridoce na boca. Seria ruim perder a companhia delas e a agitação de ter de cuidar de um bebê, mas ao mesmo tempo era bom voltar para casa e a nossa antiga rotina. Ficar sozinha com Peeta novamente era um luxo, e dormir a noite inteira sem ser acordada com o choro estridente de um bebê era simplesmente maravilhoso.

Eu sabia que Peeta se sentia assim, já que a primeira coisa que fez quando voltamos foi ir na padaria ver se tudo estava correndo bem. Ele ainda argumentou que era apenas cautela e que ele tinha que ser responsável, mas eu sabia que tinha mais por trás disso. Ele ama a padaria tanto quanto eu amo caçar.

Apesar disso, nosso tempo no Distrito 12 estava mais uma vez com os dias contados. Uma semana depois do nosso retorno e quando tudo parecia estar voltando a normalidade, recebemos uma carta da Capital. Um convite para o casamento de Haymitch e Effie, no qual Peeta e eu éramos convidados de honra. Peeta era o padrinho de Haymitch e eu madrinha de Effie.

O casamento ainda iria demorar algumas semanas, mas na carta de Effie, anexa ao convite, ela insistia que nós deveriamos viajar para a Capital e passar a semana do casamento com eles. Eu deveria ser a conselheira de Effie sobre o vestido de noiva, não que minha opinião fosse mudar a escolha dela, e Peeta deveria passar um tempo com Haymitch, já que Effie estaria ocupada com a cerimônia e os outros detalhes. Além do mais, Peeta e eu poderíamos escolher uma roupa nova para usarmos no dia. Eu ainda tinha todos os magnifícos vestidos de Cinna, mas senti a vontade de usar algo novo. Os bordados de Cinna ainda me lembravam a tristeza e opressão da Capital. Queria algo novo para simbolizar essa felicidade pós-revolução.

Dois dias depois de recebermos o convite, estávamos a caminho da Capital. A viagem de trem levaria alguns dias e nós teríamos que achar novas formas de nos entreter, já que os filmes que a Presidente encontrou para nós já estavam se esgotando. No primeiro dia passamos a maior parte do tempo no ultimo vagão, observando as diferentes paisagens que passavam por nós. Depois de alguns minutos observando, eu simplesmente não conseguia ficar parada sem fazer nada, então me deitava no colo de Peeta e ficava conversando com ele sobre os mais diversos assuntos, enquanto ele, em sua paciência infinita, só desgrudava os olhos do exterior quando era para olhar para mim.

A cada nova paisagem que surgia ele me chamava para observar, eu passava alguns momentos observando e depois me deitava novamente. Ele parecia querer gravar cada detalhe do caminho e isso me trouxe um novo assunto a mente.

- Peeta, você parou com a pintura? - Eu pergunto enquanto o observo.

- Nossa... Eu nem sequer me lembrava disso. - Ele respondeu. - Eu fazia isso por causa da Capital. Não vejo sentido em continuar.

- Então você não gostava de pintar quadros?

- Não é que eu não gostava, eu só fazia para matar o tempo, já que eu era proibido de fazer todas as outras coisas que gostava. - Ele fala. - Agora que tenho a padaria e você para ocupar meus dias, não tenho tempo para isso.

- É que você observa a paisagem com tanta intensidade que parece querer gravar cada milimetro de solo que passa por nós. Eu estava pensando, você poderia fazer telas retratando as diferentes paisagens de Panem.

Jogos Vorazes - CicatrizesOnde histórias criam vida. Descubra agora