Quando acordo no dia seguinte, a luz do sol invade o quarto pelas janelas. Eu dormi a noite toda. Sem pesadelos. A primeira vez desde o fim da guerra. E eu devo tudo isso ao Peeta. Ainda estou acordando, mas tateio a cama em busca de seu corpo. Não o encontro. Isso me desperta e eu me apoio em meus cotovelos. Vejo um pequeno bilhete dobrado em cima do criado-mudo.
Bom dia Katniss,
Tive que sair logo cedo para abrir a padaria e não quis te acordar. Tome café da manhã comigo quando acordar, estarei te esperando.
Peeta.
Um sorriso bobo me escapa aos lábios quando leio o nome dele. Isso está realmente ficando muito ridículo. Eu me levanto e cumpro meu ritual matinal. Evitar espelhos. Banho. Escovar os dentes. Vestir roupas de caça. Pulo a parte do café da manhã e, ao invés de ir para a floresta, vou até a padaria. Como prometido, Peeta estava me esperando para tomar o café da manhã e, assim que eu chego, ele vem me receber. Nós sentamos em uma das mesas.
– Bom dia dorminhoca! – Ele me cumprimenta brincando. – Apagou ontem sem nem escovar os dentes! E ainda estava no quinto sono quando eu saí para trabalhar!
– Bom dia Peeta... Eu tenho que admitir que essa foi a melhor noite de sono que eu tive desde o fim da guerra. Talvez até mesmo antes disso. – Eu respondo.
Nosso café da manhã chega. Dois pratos de pão de queijo, um pão feito na hora com recheio de frutas tropicais e dois copos de suco de morango. Absolutamente delicioso. Estou começando a pensar que a revolução realmente valeu a pena se eu puder comer assim todas as manhãs.
– Acho que essa foi a minha melhor noite de sono desde antes do Massacre Quaternário. – Peeta fala.
– Então você também não teve pesadelos? – Eu pergunto. Ele nega com a cabeça.
– Tinha me esquecido de como era uma noite de sono de verdade. Então... Não precisa nem me agradecer!
– E quem disse que eu ia? – Eu tento soar como se ele estivesse realmente dando mais valor a si mesmo que o natural, mas é meio complicado já que eu vim a padaria justamente com a intenção de agradece-lo. Ele solta uma gargalhada.
– Eu já te disse Katniss. Você é horrivel nesses teatrinhos.
– Ta bom. Você me pegou. Eu vim para te agradecer, mas como estamos quites, acho que vou caçar. – Eu falo, tomando o resto do meu suco de morango.
– Vai passar o dia todo fora? – Ele me pergunta quando me levanto.
– Acho que sim. Não tem nada para mim aqui no Distrito. Com minhas forças voltando, quero passar o máximo de tempo possível na floresta. Eu me sinto bem por lá. – Ele apenas concorda com a cabeça. Eu posso ver sua mente trabalhando, decidindo se deve ou não falar alguma coisa. – O que foi?
– Ah... Nada demais... Só pensando em algumas coisas... – Ele começa a falar, evasivo.
– Em quais coisas? – Eu insisto. Minha curiosidade me impede de deixar o assunto para lá.
– Ah... Tipo... Se você quiser... A gente poderia fazer igual ontem... Você passa aqui quando sair da floresta e a gente volta junto.
– Só voltar? – Eu falo com a sugestão de um sorriso.
– Ah... Você sabe... Se quiser ir para minha casa hoje... Eu posso tentar retribuir o que você fez por mim ontem. Que tal? Um chá com biscoitos?
Eu amo a ideia. Claro. Mas não posso deixar que ele me convença fácil assim para não parecer que eu estava doida esperando que ele sugerisse algo parecido. Eu quero muito repetir nossa última noite. Eu finjo considerar sua proposta por um momento e então sorrio.
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Jogos Vorazes - Cicatrizes
FanfictionApós a revolução, a vida em Panem está voltando ao seus eixos. A presidente Paylor tenta fazer com que a Capital e os Distritos se entendam em uma tentativa de manter a frágil paz conquistada, evitando a destruição total da raça humana. Novos prefei...