Capítulo 14 - O Nascimento

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O sol brilhava por entre as frestas da cortina. Os primeiros raios de sol do dia banhavam o quarto e eu pude ver enquanto, lentamente, os traços do homem ao meu lado se definiam. Seus cabelos loiros desarrumados e jogados sobre a testa, o contorno do seu queixo, as curvas de suas bochechas, o traçado dos seus lábios, seus cílios incrivelmente longos e loiros. Eu ainda o observava quando uma leve trepidação sob suas pálpebras denunciou seu despertar.

- Bom dia.. - Ele falou sonolento, exibindo seus dentes num sorriso magnífico enquanto eu me perdia no azul intenso do seu olhar.

- Bom dia - Eu respondi, a voz ainda instavel devido a longa noite de sono.

- Caramba! - Ele exclamou olhando para a janela - Já é de manhã??

Eu ri.

- É sim dorminhoco! Você dormiu a tarde e a noite inteira!

Ele puxou meu corpo mais para perto num abraço.

- Não me julgue... É culpa sua... Exigiu mais de mim ontem do que qualquer outro dia no Distrito 12! - Ele brincou. - E você? Já está acordada há muito tempo?

- Não... Apenas alguns minutos, acordei com a claridade do sol.

- Eu provavelmente deveria ir trabalhar... - Ele disse. - O sol já nasceu e a padaria já deve estar abrindo.

- Você é o chefe. Pode se dar mais alguns minutos de folga. - Eu respondi enterrando meu rosto em seu pescoço. Ele beijou meus cabelos e me envolveu em seu corpo.

- Sabe, você pertinho desse jeito, nua, me abraçando e respirando no meu pescoço. É bem excitante - Ele brincou rindo. - Ontem foi incrível Katniss.

- Eu também achei Peeta. - Eu respondo sincera. - Nunca senti nada parecido.

- Eu amo você. Sabe disso não sabe? Eu nunca vou permitir que você saia de perto de mim.

- Isso significa que você vai caçar comigo na floresta todos os dias? - Eu pergunto irônica.

- Ou que eu vou prender você na padaria enquanto trabalho! - Ele responde rindo.

- Você não ousaria fazer algo assim. Muito menos conseguiria me segurar por muito tempo!

- Um homem pode sonhar...

Ele beija meus cabelos mais uma vez. Não consigo estimar a importância desse momento. Uma conversa normal, despretensiosa, deitados juntos após uma noite de amor. A alegria que sinto no peito é algo surreal. Jamais pensei que algo assim poderia acontecer.

- Mas agora é hora de acordar senhor padeiro! - Eu respondo. - Que tal um banho antes do trabalho?

Seus olhos brilham com a sugestão e me fazem corar.

- Com você? É só chamar! - Ele responde.

O clima leve e descontraído entre nós é prova do quão grande o nosso passo foi. Não existem mais segredos, não existem mais barreiras. Existe apenas Peeta, eu e o nosso amor. Já dentro do banheiro, de frente ao espelho, ele para por trás de mim. Estamos nus e ele me observa. O seu desejo é visível em seus olhos e pela reação de seu corpo. Não sinto mais vergonha da minha aparência.

Voltamos a nossa rotina. Café da manhã na padaria, eu caço e ele trabalha. O que muda é a nossa noite. Se antes assistiamos quase dois filmes por noite, agora mal prestamos atenção no primeiro. Finalmente livre, a chama da nossa paixão queima intensamente.

Eu passo uma semana tensa apesar de tudo. Não usamos preservativos na nossa primeira noite. Eu insisti com Peeta que tinhamos que nos proteger depois disso, mas durante a nossa primeira vez, estavamos tão excitados e loucos de desejo que nem sequer passou pela minha mente. A ideia de ter um filho continua a me apavorar e eu só me acalmo quando minha menstruação vem.

Jogos Vorazes - CicatrizesOnde histórias criam vida. Descubra agora