Meu Primo Playboy Carioca

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CAPÍTULO 10

Em Natal fui pra casa sem avisar ninguém, chegando lá só encontrei Céu, a senhora que trabalha lá em casa, meus pais estavam no interior e só chegariam no sábado. Meu quarto tinha virado um atelier para minha mãe, tinha quadros, tintas por todo canto. Era como se eu não pertencesse mais aquela casa.

Meu cachorro, um pastor alemão branco chamado Oberon, foi o único que continuava o mesmo. Se jogou em cima de mim e ficamos rolando no chão. Naquela noite eu dormi no meu quarto abraçado com ele, pensando o que eu iria fazer da minha vida.

Quando meus pais chegaram, minha mãe me cobriu de beijos, ela sim, aparentava ter o sangue espanhol, dizendo que eu estava abatido.

- Mãe, eu to mais forte.

- Forte nada, você ta com uma cara horrível, e sua barriga ta colando nas costas, dá pra ver todos os seus ossos.

- Mãe, não são ossos, são músculos isso é bom, significa que to saudável..

- Não discuta com su madre! Vai já comer torta de maçã que tem na cozinha! - E ela começou a gritar, chamando a Céu, dizendo que eu tinha de comer, que me servisse isso e aquilo.

Eu só escutava a coitada da Céu (ela era uma santa em aguentar todos esses anos minha mãe destemperada), "Mas dona Carmen, o Doda já comeu e ele disse que não queria mais nada". Sim, no nordeste Carlos Eduardo vira Doda, e no Rio de Janeiro vira Kadu, logo meu apelido de infância era Doda.

Meu pai apenas perguntou coisas do trabalho. Minha relação com meu pai sempre foi meio distante, sem abraços, nem beijos, isso não me incomodava, o que me deixava constrangido eram as ocasiões em que eu tinha de abraça-lo. Isso não significava que a gente não se gostava, mas nosso gostar era assim, sem muito escarcéu, isso ficava por conta da minha mãe.

Os dias foram passando e eu comecei a planejar novamente minha vida, talvez um escritório, cursinho preparatório pra concurso, uma especialização, ainda estava vendo as alternativas. Por enquanto eu ficava em casa, corria na praia, ficava na piscina, brincava com o Oberon. Encontrava alguns amigos, mas eu sentia tudo diferente. E o pior, o Raphael não saia da minha cabeça, pensava nele sempre.

O natal era uma das festas que eu mais gostava, a casa ficava cheia de familiares por parte de pai (eram todos do RN), vinham meus primos (esses eram como irmãos, fomos criados juntos), minhas primas etc. Por ser filho único, passei a considerar meus primos e primas como irmãos e irmãs mesmo. A gente discutia, brincava, ria. Mas naquele ano eu estava meio blasé, sem vontade de nada. Minha ex-namorada me ligou, soube que ela estava saindo com um filho de papai metido a surfista, bem conhecido na sociedade local, ela queria marcar de me ver e eu fugi, não queria confusão

Casa cheia, cheiro de comida, todos loucos. Eu fui pra praia correr com o Oberon. Sempre meus primos marcavam de sair depois da ceia pra biritar. Mas dessa vez eu não fui.

Fiquei no meu quarto. Foi quando meu celular tocou Jack Johnson:

"Must I always be waiting, waiting on you?

Must I always be playing, playing your fool?"

Meu coração disparou, era o toque que identificava o Raphael Já havia algum tempo, ele havia colocado esse toque no meu celular, dizendo que adorava Jack Johnson. Eu fiquei olhando pro celular tocar em cima da cama, eu queria atender, mas ao mesmo tempo não. Minhas mãos ficaram geladas e suando. O telefone parou, suspirei aliviado. De repente o telefone lá de casa começou a tocar, corri, desligando-o. Fui para a cozinha onde Céu arrumava a bagunça da ceia:

- Céu, se alguém, qualquer pessoa, ligar procurando por mim é para dizer que eu não estou em casa e que me ligue no celular. Entendeu? Qualquer pessoa

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