CAPÍTULO 12
Não sei quanto tempo passamos abraçados. Mas sei que os fogos acabaram. Raphael pegou minha garrafa de Velvet e tomou um gole. Olhou bem nos meus olhos, senti como se todo o resto do mundo sumisse, e eu fosse tragado para aquele mundo índico do olhar dele. Agora eu sabia o que Machado dizia com "olhos de ressaca que tragam o mundo ao redor". E então ele se aproximou mais, e senti novamente os lábios dele junto com o gosto do champanhe. Era suave dessa vez, totalmente diferente do primeiro beijo.
Aquilo não era real, não podia ser. O beijo parou.
Passei a mão nos meus cabelos tentando me recuperar, eu tinha de botar ordem naquela bagunça:
- Isso não ta certo -falei suspirando e me jogando sentado na cadeira do jardim
- O que não ta certo?
- Porque você veio? Você tava sem falar comigo, daí começa a me ligar e depois surge na minha porta.
- Dizem que as praias daqui são legais... tava afim de surfar.. - falou com aquele característico sorriso de malandro, puxando a cadeira e sentando bem na minha frente.
Acabei sorrindo enquanto pensava "Típico do Rafa."
- Olha Rafa, o que aconteceu entre a gente.
Ele me interrompeu falando:
- Eu fiz merda, parei de falar com você, num disse nada, mas é que tava uma confusão muito grande na minha cabeça... nunca fiquei com caras...
- Também não - atalhei logo em dizer.
- Pois é, daí precisava pensar, mas senti muito tua falta. - ele falou meio baixinho, mas logo mudou de postura - quer dizer, senti falta de nossos papos, e tu é um lek responsa.
Eu admirava a coragem dele. Podia não ter certeza do que estava fazendo, mas sabia o queria ou quase...
Respirei fundo, bebi um gole do champanhe e falei:
- Rafa vamos fazer assim, eu continuo sendo seu primo, o Eduardo de sempre, comigo você pode conversar, correr, malhar, nada muda, oks? - Eu estava tentando ser o mais racional possível, contornar a situação da melhor maneira possível para nós dois.
Ele deu um sorriso meio sem sal. Acho que não era bem isso que ele esperava.
- Então ta a fim de ir pra uma festa? - Falei tentando cortar o clima estranho.
- Já é, vambora! - Ele falou se levantando.
Chamei um táxi para levar a gente à festa. Ficamos em silêncio o caminho todo. Foi quando comecei a pensar: "O Rafa veio do Rio, de última hora, só pra me ver?" Cara, a ficha caiu! Ele se importava comigo! O mais estranho é que esta constatação me deixou tão feliz. Porque raios eu me importava se meu primo gostava ou não de mim? O que tinha rolado havia sido apenas tesão eu acho ou achava não sei... Já não tinha mais certeza de nada, mas me sentia muito bobo com a perspectiva do Rafa se importar comigo.
Chegamos à festa. Quase todo ano eu passava o réveillon nessa mesma festa, vendo as mesmas pessoas... A alta sociedade de Natal é tão previsível. Entramos e fomos procurar a mesa da minha família. Encontrei papai bebendo seu whisky cowboy sentado na mesa, conversando com os irmãos, e alguns primos meus.
- Pai este aqui é o Raphael, filho da tia Consuelo.
- Você conseguiu chegar a tempo rapaz, já estava começando a ficar preocupado.
Pera lá Como assim? Meu pai sabia que o Raphael estava vindo?
- Você sabia que o Rafa tava vindo pai?
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Meu Primo Playboy Carioca
Short StoryÉ uma história linda e comovente pelo realismo e como pode ser os caminhos da vida. Espero que gostem e se emocionem com a história.