Meu Primo Playboy Carioca

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CAPÍTULO 11

E assim chegou o réveillon, com aquele clima de zerar a vida e começar de novo. A casa cheia de familiares, agregados, aderentes e eu de saco cheio. Tinha gente dormindo no quarto de hóspedes, no escritório, só não tinha ninguém no meu quarto porque eu já tinha de dividir com as tintas e painéis da minha mãe.

Na noite de réveillon todos foram pra uma famosa festa que tem num resort em Natal. Eu não estava com vontade de festejar, inventei dores de cabeça e fiquei em casa. Meus pais deixaram um convite em casa, caso eu melhorasse decidisse ir.

Era umas 23:00 horas e eu estava bebendo na garrafa mesmo um Velvet Clicquot (a ocasião autorizava eu encher a cara) sentado no jardim com o Oberon, escutando música.

- Você sentiu minha falta ne cachorro bobo?! Também senti a sua - meu cachorro era como uma pessoa pra mim, não me surpreenderia se ele falasse comigo qualquer dia...

Foi quando a campainha tocou. Levantei-me levando a garrafa junto, estava de calça jeans surrada e justa que eu gostava de usar em casa e camiseta branca, afinal, era réveillon.

Pensei que fosse minha mãe que tivesse esquecido alguma coisa.

Quando abri o portão, lá estava o Raphael, de calça cargo clara e camiseta cinza, barba meio por fazer e mochila nas costas, uma cara de cansado e um sorriso meio sem graça.

Fiquei sem ação. Eu só conseguia olhar pra ele como se estivesse vendo um fantasma. Raphael falou:

- Não vai me convidar pra entrar?

Fiz que sim com a cabeça, me afastando do portão, ele entrou, Oberon veio correndo e se jogou em cima dele, Raphael riu, abraçando o meu cachorro. Eu estava parado no portão, sem nenhuma reação. O que ele estava fazendo ali? Como ele tinha conseguido chegar? Aquilo era totalmente surreal!

- Você deve ser o Oberon né? Teu dono me falava muito de você! - Ele falava enquanto, fazia carinho no bobo do meu cachorro e olhava sorrindo pra mim.

Tomei um gole grande do champanhe (que eu num sei como não deixei cair com o susto) numa tentativa de engolir aquela situação toda.

- O que você faz aqui? - a pergunta saiu num tom ríspido, mesmo sem querer.

Raphael ficou sério, aquela expressão não combinava com ele.

- Acho que precisamos conversar você não acha?

Fiz que sim com a cabeça.

- Co... Como você chegou até aqui? Digo, como você achou a minha casa? - As palavras saíam atropeladas, eu estava gaguejando!

Raphael deve ter notado que eu estava meio em choque, respirou fundo e falou:

- Onde estão seus pais?

- Estão numa festa...

- Posso tomar um banho antes? Não consegui voo pra cá, vim de ponte área, desci em Fortaleza e tive que tomar um ônibus.

- Ta, claro, claro, por aqui, vem comigo - levei ele até o banheiro do meu quarto, entreguei uma toalha e sabonete e saí, fui pra cozinha esquentar alguma coisa pra ele comer, achei que deveria ter fome.

Quando algo inesperado acontece comigo, eu fico tentando ajeitar as ideias, enquanto arrumo alguma coisa física, pode ser lavar o carro, arrumar minha mesa, qualquer coisa, dessa vez eu estava arrumando a comida pro Raphael. Eu encostei minhas mãos na bancada da cozinha, abaixei a cabeça respirei fundo "isso só pode ser castigo divino, por que ele esta aqui?" olhei pra cima, e falei em voz alta:

- Vamos parar de sacanear comigo ne colega -Deus deveria estar rindo em algum lugar no seu trono cósmico.

Quando eu percebi Raphael estava parado à entrada da cozinha me olhando. Estava com a calça jeans que havia comprado comigo, uma camiseta azul clara que parecia deixar os olhos dele índico, tinha feito a barba e usava o cordãozinho de prata típico. O perfume dele estava em toda a cozinha, parecia um vapor quente, senti um arrepio na espinha.

- Você deve estar com fome - falei enquanto passava pra ele a lasanha que havia esquentado.

Sentei num banco alto do lado da bancada que ficava no meio da cozinha, tomei mais um gole do champanhe, Raphael se servia da lasanha bebendo Coca-Cola, sentado na outra ponta da bancada.

- Ta bebendo agora Eduardo?

Quase me engasguei com aquele "Eduardo" Ele nunca me chamou assim.

- Hoje é a última noite do ano, acho que posso.

Ele terminou de comer, ficamos nos olhando. Por que era tão difícil começar aquela conversa? Minhas mãos suavam como se estivesse prestes a enfrentar o Fábio Gurgel no tatame!

- Porque ce num atendia minhas ligações?

- Porque não queria falar mais com você

Novo silêncio.

- Eu...

Quando ele estava começando a falar os fogos começaram a pipocar no céu. Era o ano novo chegando. Corri para o jardim, ele veio atrás de mim. Meu cachorro correu pra dentro de casa. E quase tropeço nele.

Eu fico muito bobo nessa época do ano, olhando para o céu, vendo os fogos, desperta uma sensação tão estranha em mim.

- Alguma coisa errada lek?

O Rafa estava me olhando. Eu estava com um nó na garganta. Só consegui falar:

- Feliz ano novo Rafa.

Ele sorriu e me abraçou forte, falando no meu ouvido:

- Feliz ano novo Kadu...

E ficamos abraçados sob o céu iluminado pelos fogos do novo ano.

Continua...

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