Capítulo 6

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Aqueles olhos... 

Eu não podia acreditar, mas as peças juntavam-se na minha mente, como um puzzle, ele tinha-me presa no quarto e eu agora além do caderno queria a chave para sair, mas como tirá-la? Ele ria-se de mim e foi dessa forma que me recordei do rapaz sentado à ponta da mesa na minha sala no dia em que estava de pijama e desci com o grande urso de peluche, aquele rapaz que sorriu perante a situação, o irmão de Sarah. 

Não tinha reparado nas tatuagens naquele dia porque ele tinha uma suéter preta vestida, mas como pude esquecer aquela feição enigmática? 

Ele estava à janela agora e eu tinha-me cansado de chamar por alguém pois o quarto era o ultimo no corredor e a musica da festa estava muito alta.

- Dilan certo?

Ele olhou por cima do ombro e voltou-se depois, pondo os dois objectos que eu queria no cimo do armário onde eu não chegava ( que raiva quando és mais baixa que estes idiotas, ou de um simples armário!).

- Muito engraçado sabes, espero que te estejas a divertir imenso com isto.

- Estou.

- Porque estás a fazer isto? Porque me estás a olhar assim?

- Assim como?

É muito irritante ele agir como age, ainda é pior que ele seja atraente, mas no momento eu só queria as minhas coisas e sair dali. Ele não parava de olhar fixamente, olhei do mesmo modo ou tentei.

- A tua irmã está aqui também?

- Dúvido.

- Vieste aqui para me arreliar?

- Não a principio, quem te manda deixar as coisas espalhadas por ai.

- Eu não deixei, eu fui empurrada na piscina e... Eu não te devo explicações!

Ele sorriu, god aquele sorriso, reparei no piercing que ele tinha no freio e ele reparou que eu estava a reparar ( boa Liv , boa!). Revirei os olhos e sentei-me no chão junto à cama, os meus olhos queriam fechar-se e eu só queria estar em casa a escrever no blog ou a ler ou a desenhar, qualquer coisa.

- Esqueces-te de mim, não foi?

Ele falou baixo e eu estava meio a dormir mas percebi e tentei arranjar uma resposta, mas como se não tinha a certeza da pergunta, ele sentou-se a meu lado e fixou o olhar num ponto, parecia que olhava para um quadro na parede em frente.

- Eu nunca te tinha conhecido até à uns dias atrás, nem sabia que a Sarah tinha um irmão mais novo.

- Eu não sou irmão dela.

- O quê? A minha mãe disse-me...

- Uma mentira, eu fui adotado pelos pais dela, mas como só faço merda eles deixam-me por minha conta. Não era para ter ido a tua casa mas ela insistiu porque não queria ir sozinha.

Olhei no preciso momento que ele olhou para mim ( não posso mentir, que parecia uma cena de um filme, ele trancou-me no quarto e agora estávamos numa de conversa civilizada quando segundos atrás estávamos numa luta pelo meu pertence e pela saída).

- Porque me fechas-te aqui? Porque tiras-te as minhas coisas? Para me torturar psicologicamente?

- Acidentalmente li o teu caderno...

- Acidentalmente?!

- Porque escreves ali? Qualquer pessoa podia ter visto.

- Eu sei, mas eu tinha de o trazer, de qualquer forma... Eu escrevo porque...

Estranhos pensamentosOnde histórias criam vida. Descubra agora