Capítulo 10

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Sinto-me estranha, mas confortável, as luzes do que eu imaginava serem os faróis do carro cegavam-me e por essa mesma razão encolhi-me nos braços que me carregavam. Olhando para cima via o seu queixo... os lábios... e os olhos que olharam no momento que espreitei, era estranho como me faziam sentir, eram tão negros, tão sérios naquele momento, pareciam tristes até...

Fui posta no banco com cinto e tudo que nem uma criança mas com bastante violência.

- Ei!!

- Bad girls não merecem o meu cuidado.

- Eu não sou má, tu és!!!

- O que fazias ali?

- Estava a divertir-me até tu, tu estragares a minha diversão!!

A minha voz estava estranha, estava meio consciente da situação, a minha garganta estava a arder e a cabeça estava num rodopio.

- Eu estraguei-te a diversão?  Parecia que te estavas a esfregar em qualquer rapaz, parecias...

Estava de joelhos no acento e esperava que ele terminasse a porcaria da frase, porque as pessoas nunca acabam as frases!!! É suposto adivinhar-mos??

- Eu não te leio o pensamento!!! Parecia o quê? Diz!

- Aquela não és tu e vais arrepender-te de manhã.

- Até de manhã vai muito tempo, talvez eu queira não ser eu! Por uma vez...

Tive a sensação de ter os seus olhos postos em mim mas não podia afirmá-lo pois estava meio amuada virada para a janela a planear  um plano de fuga, assim que ele rodou a chave não sei o que me deu mas tirei o cinto e abri a porta pronta para saltar fora. Ele agarrou o meu braço contorcendo-se todo para cima do meu acento e caímos do outro lado um sobre o outro. Ri bastante e comecei a chorar logo de seguida, talvez porque caímos numa poça e estava encharcada, porque ele era super giro e eu odiava isso porque eu odiava-o e queria beija-lo ao mesmo tempo e porque... Porque estava confusa e a minha cabeça doía.

- Pára de agir como uma criança!

Agir como uma criança? Ele agarrava-me os dois braços para não fugir e eu tentei morde-lo e ele prendeu as minhas pernas entre as dele como se eu tivesse feito algo de mal, como se ele fosse meu dono!

- Larga-me, eu posso fazer o que eu quiser! Deixa-me em paz, não tens qualquer direito sobre mim demónio! 

-Demónio? Eu sou o demónio?

Ele começou a descer o tronco sobre o meu e não me largou.

- Qual é o teu problema?

- Neste momento? Tu.

Ele sorriu.

- Pouco original, mesmo assim lembras-te de mim?

- Lembro, eras mais simpático.

- Nunca fui simpático, logo ainda não te lembras.

- Lembro...

No segundo em que vi a sua face se aproximar eu tive receio, receio de querer mesmo sabendo que não queria e tive medo de sentir algo que não devia e que no final tudo piorasse mas naquele momento eu queria divertir-me e não pensar na dor de cabeça ou remorsos do dia seguinte. Pus os braços em roda do seu pescoço e as pernas em  volta da sua cintura e ele levantou-me e colocou-me sobre o capo do carro, o beijo era lento, eu gostei do sabor da sua boca que me era familiar do dia anterior, quando começou a acelerar e as suas mãos iam descendo e descendo, alguém apareceu bem atrás de nós e eu apanhei um dos maiores sustos da minha vida.

- Liv a Elona estava à tua procura, ela está preocupada.

Dilan ainda estava à minha frente com as mãos no meu rabo e não sei para onde olhava mas parecia amuado, secretamente adorei...O que não adorei tanto fui que o Evan aparece-se do nada e visse a cena, logo saltei para fora do capo do carro mesmo que Dilan me tivesse puxado e posto o braço na frente do caminho, eu fui até Evan e perguntei se se estava a sentir bem, pois parecia zonzo.

- Estou...acho. É melhor ires ver da tua amiga.

- A Elona está bem?

- Sim só está preocupada, eu estou a falar da outra.

Pensei um pouco, apesar da dor que sentia e nesse sentido os beijos de Dilan acalmavam a minha dor de cabeça, lembrei-me então da minha outra amiga.

- A Sarah?

- Yah!

Olhei para trás após me recordar dela e Dilan passou por mim rapidamente. Comecei a ter flashs da noite que se tinha seguido, a Sarah na mesa onde estava a miúda sem camisola no inicio da noite e a chamar-me para lá, eu lembro-me de caminhar até à casa de banho a tropeçar e de me deitar na banheira, lembro-me de ver Dilan atravessar e notava-se que era mais alto que todos os rapazes naquela festa ( pouco mais alto que Evan) recordava-me agora de ele me ver a despir-me e obrigar-me a sair mas eu não queria e deitei-lhe e língua de fora e ele pegou-me ao colo e a Elona estava lá e ela viu-me assim.

- Eu tenho de ir para lá agora.

- O teu namorado foi logo...

- Sim! Mas eu tenho de ir encontrar a Elona. Não! Ele não é meu namorado, ele é... Esquece, ele foi ter com a  irmã e a Elona é minha melhor amiga e tenho de ir ver como elas duas estão.

- Espera!

A voz de Evan estava diferente, e acho que ele também não estava muito sóbrio, mas eu nunca o tinha visto bêbado por isso...

- Tenho de ir agora! Tu também devias.

Ele puxou o meu braço e eu estava farta que fizessem isso e aproximou-se do meu ouvido e logo senti o hálito a álcool que eu própria devia ter.

- Se me deres um beijo eu vou.

Senti-me perplexa pelas suas palavras e ele começou a baixar os lábios aos meus e eu empurrei-o.

- Não. Evan tu não estás em ti e amanhã vais te sentir melhor. Vamos voltar.

- Se ele pode porque é que eu não posso?

Ele agarrou-me a cintura e o pescoço e beijou-me e não sei descrever o quão estranho foi, ele estava perdido de bêbado e eu estava pouco melhor que ele e tentava afastar com a força que tinha mas ai eu só corri para ajuda-lo, pois o demónio regressou e bateu em Evan que bateu de volta e começaram a agredir-se violentamente e eu corria a separá-los assim como Sarah que tinha vindo com o irmão mas não era grande ajuda pois nem se equilibrava nos saltos e Elona veio em meu socorro pois eu estava aos gritos.

- Parem!! Dilan pára! 

Agarrei-o e puxei-o e ele empurrou-me, tive que por-me no meio e os amigos de Evan vieram com mais um monte de gente que servia de plateia, o que me irritou bastante. 

- Liv vamos embora! Por favor.

A Elona agarrou-me e eu olhei nos olhos dele que transbordavam raiva e tinha sangue no lábio inferior, eu fui com ela e ele olhou para trás mas não me seguiu.




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