Capítulo 5

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O pânico invadiu-me e muitos pensamentos de desespero passaram a minha cabeça, não encontrava o raio da mala em nenhum lado e tinha muitas coisas escritas naquele caderno ( que era o que eu realmente estava mais preocupada). Estava muita gente de um lado para o outro, não paravam de entrar pessoas e eu não conseguia encontrar as minhas amigas ou até uma das minhas primas.

Procurei pela mala em roda da piscina e na casa e observei todos mas era apenas uma confusão de pessoas e nem sinal do que eu procurava.

- Estás bem miúda?

- ah estou... Eu não sei da minha..

Evan era ainda mais bonito de perto, realmente... Quando ele falou comigo fiquei um bocado tímida, mas ele não era intimidativo, era muito descontraído e parecia simpático. Nunca tinha tido qualquer conversa com ele, EU falar com EVAN CARTER? Nunca...

- Perdes-te alguma sena?

- Yah, eu não encontro a minha mala, ela é castanha...

- Aquela?

Olhei para onde ele apontou e ali estava ela pendurada na parede, a Leona passou toda encharcada e escorregou bem à minha frente levando-me com ela contra os cabides. Foi segundos até se instalar uma gargalhada total. 

- A sério?! Não podias ter trazido a toalha e limpado os pés antes de entrares?

- Pareces a minha mãe... Ai doí-me bué a perna agora.

- Pois e a mim as costas!

- Não tenho culpa, eu ia buscar a minha toalha mas a Kylie chamou-me e estávamos a conversar quando o Ivan me empurrou e... Liv estás a ouvir-me?

Não, eu não estava a ouvi-la mais, eu tinha me levantado e pegado as minhas coisas ainda algumas pessoas estavam a olhar e a dar aqueles estúpidos risos histéricos, mas a única coisa que me preocupava era que o caderno não estava na minha mala e agora alguém tinha lido o que tinha escrito e sabiam... Sabiam o que eu sempre tentei esconder.

Leona notou a minha expressão e perguntou-me o que se passava, se lhe conta-se ela diria, é apenas um caderno, pior era se fosse o telemóvel, a tua mãe matava-te se perdesses outro... Por isso disse apenas que precisava de ir para casa, nunca ia encontra-lo agora.

- Não podes ir, a festa tá bué divertida, o teu bikini é lindo e eu vi-te a falar com o gostoso do novo vizinho.

- Sim mas isso foi antes de surfarmos no meio da tua sala, ainda bem que os teus pais saíram, e antes de o meu caderno desaparecer.

- Tens muita estima por esse caderno.

- É onde escrevo para o blog e tem coisas que eu ás vezes não ponho no blog.

- Pornografia?

- A sério Leona?! Estou num momento de desespero aqui! 

Ela riu pela ultima vez das suas próprias palavras e depois manteve-se séria.

-Temos de acha-lo, se alguém o tem e está aqui na festa nós vamos encontra-lo!

- Achas?

- Tenho a certeza! As malas das raparigas estão todas no quarto lá em cima excepto a tua! Porque não a poses-te lá?

- Para que não tirassem nada!

- Pois... E olha o que aconteceu!

- Ok,ok, vamos lá a cima e revistamos.

- É bué mau fazermos isso...

- Mas alguém me roubou e eu tenho de encontrar o caderno nem que revire toda a festa.

...

2 horas depois

- O caderno é assim tão importante? Estamos aqui à bué e não achamos nada a não ser carteiras, telemóveis...

- Velhos recibos, espelhos, maquilhagem...

- Preservativos...

- OMG, e nem sinal do caderno...

- Não estamos a aproveitar nada da festa.

- Desculpa, podes ir se quiseres.

- Não te vou deixar sozinha...

- A sério podes...

Não foi preciso terminar que ela já descia as escadas a correr.

- Eu volto logo então!

- ...ir.

Estava a ficar escuro lá fora e o meu desespero deu lugar a uma certa agonia e sono. Estava quase a adormecer na cama de Leona quando começo a ouvir aquelas palavras e é como se tivesse batido no chão com toda a força, a força com que as palavras batiam na minha cabeça.

"Estava a chuva a escorrer pelos seus longos cabelos de um castanho brilhante, que mesmo num dia de temporal brilhavam aos meus olhos, os seus intersectavam os meus e desviavam com um sorriso que sempre me fazia pensar o quão sortudo era por tê-la..." 

Ao observar aquela alma em frente da porta, senti um arrepio, os seus olhos negros como a noite que se fazia chegar olhavam o caderno nas suas mãos e em seguida seguiam até mim, eram tão negros como as tatuagens nos seus braços, a sua voz era muito sombria, grave, calma e definitivamente ele podia tratar-se  de um assassino em serie.

- Quem és tu? Porque tens o meu caderno?

Ele continuou a ler e eu senti uma repulsa enorme, saltei da cama e tentei tirar-lhe o caderno das mãos mas ele elevou-o alto o suficiente para eu não chegar.

- Gostas deste tipo de histórias?

- Se leste isso, sabes que não, agora devolve!

- Não sei se quero.

Perto ele lembrava-me alguém, a sua feição era-me familiar.

- Quem és?

- Quem achas que sou?

- Pára! Devolve-me isso!

Estava a irritar-me muito, dei por mim a chorar feito criança, mas eu não podia acreditar que este idiota tivesse lido o meu caderno e ainda tinha a lata de gozar comigo, que irritante.

- Devolve!

Eu estava aos pulos no quarto e ele apenas recuava e punha mais alto , irritei-me muito e preparava-me para dar uma estalada mas não sei como ele apanhou a minha mão e prendeu-a atrás das minhas costas.

- Agora só tens uma, do-te outra chance.

Ele baixou mais a mão e eu podia te-lo tentado apanhar mas sabia que ele voltaria a levanta-la então fingi que ia saltar para apanhar o caderno e no ultimo segundo bati-lhe com toda a força. Ele largou-me e eu apanhei o caderno e corri mas ele agarrou-me e puxou-me, eu não tinha força suficiente para chegar à saída, comecei a chamar pela Leona ou alguém mas ninguém ouviu. Ele tapou-me a boca e fechou a porta.









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