Entrei na escola e eu sabia que estava a ser seguida por isso dirigi-me para a casa de banho a passo rápido. Várias faces familiares e alguém me segurou o braço para me falar mas eu respondi um bom dia rápido e um tudo bem retórico ( como todos fazem) e continuei sabendo que ele estava mais perto...
Vi Elona ao longe num grupo de raparigas da nossa turma do ano anterior e queria ir lá ter mas ainda estavam longe e ele estava mais perto! Cheguei à porta e o braço dele chegou no meu ombro mesmo antes de entrar. O toque soou e todos se dirigiram para o anfiteatro para a apresentação e habitual discurso do director (eu ainda nem tinha ido ver as turmas, apenas tinha visto o horário de relance).
Todas aquelas almas seguiam e nós estávamos ali quietos, ele com o seu sorriso provocador (incrivelmente alto e destacando-se por estar todo de preto e parecer daqueles rapazes que eu tenho no meu tumblr...) e eu encolhida contra a porta numa tentativa de que alguém conhecido viesse ter comigo, agora, pois não queria olhá-lo quando tinha a sensação de... lágrimas?! wtf!?
Ele aproximou-se e segurou-me o queixo, de forma que tive de olhá-lo nos olhos, naqueles olhos que condiziam com a roupa escura.
- Ciumenta.
Espero não ter parecido perturbada com o que ele disse, quer dizer... Espero que ele tenha percebido a minha confusão e entenda que não tem nada a ver, eu não estava com ciumes! Estava... Atrasada para a apresentação...
- O que te leva a pensar isso?!
- Não sei, talvez essa cara, começo a conhecer as tuas expressões, és fácil de ler.
Fácil de ler?! Eu não sou um livro e ele não tem qualquer direito...! Eu não... Ele irrita-me!
- Lês muito mal então.
- Presumo que essa é a atitude de alguém com ciumes...
- Ciumes de quem?!
- Da miúda do autocarro.
- Nem sequer sabes o nome dela?
- Isso faz te sentir melhor? Que ela signifique tão pouco que nem decorei o nome.
Não gostei da sua maneira de me fazer falar algo que eu não queria pois parecia que me manipulava de alguma forma, eu estava a ficar atrasada por isso resolvi responder rude e sair.
- Não me faz sentir nada de todo, podes ir ter com ela e deixar-me em paz!
Sai feliz por me impor e querendo esquecer os pensamentos contraditórios que me iam na cabeça mas ele colocou o braço na frente não querendo deixar a conversa por ali e eu só queria que alguém me resgata-se.
- Onde vais?
- Que tens a ver com isso?
- Não gosto dessa atitude, é tudo por causa da miúda?
- Não! Eu não tenho nada a ver com quem falas ou encostas.
- É verdade, mas pelos vistos não corresponde à tua forma de agir.
A minha pouca energia estava a esgotar-se.
- O que queres dizer?
- Que tu me odiavas mas ultimamente não tem sido bem assim.
- Isso é o que tu achas. Nós apenas ficámos naquela noite e porque eu não estava em mim, não interessa o que penses que aconteceu, esta é a verdade e eu só quero começar bem o ano por isso podes deixar-me passar?
Incrível como a sua expressão se mantinha inalterável e a postura inquebrável, parecia que fazia tudo aquilo para me tirar do sério como se se trata-se tudo de uma espécie de jogo e o que mais me irritava era que eu própria começava a acreditar que era mais transparente do que imaginava.
Ele retirou o braço bem devagar e eu agarrei a mala que tinha deixado cair no chão e atravessei o corredor, no vidro em frente observei-o afastar-se para o lado oposto e por mais irritada que estivesse tinha uma estúpida curiosidade de saber onde ele ia se o anfiteatro era para o outro lado e afinal porque é que ele me seguiu?
Que merda, porque é que eu queria saber? Eu tinha acabado de o afastar e agora ia atrás para saber onde ele ia? Que é que estou a fazer? Ia repetindo para mim mesma ao longo do corredor oposto.
De repente apanho um dos maiores sustos da minha vida.
- Posso saber porque me estás a seguir agora?
- O anfiteatro é do outro lado... Pensei que poderias fazer uso dessa informação.
Não o olhei e mantive-me no modo... amuada? Será a melhor palavra?
- Eu sei.
A voz serena e o olhar dele deixava-me super desconfortável... Parva! Porque voltas-te para trás?!
- OK, então.
Virei para me ir embora mas eu não queria e então tive a excelente ideia de pensar noutras coisas , como Evan, como ele estaria e quando voltaria a encontrá-lo...
Quando cheguei no Anfiteatro, fui informada que afinal estavam todos no pavilhão e que estava bem atrasada ( pois a segunda parte era dispensável, tinha a noção disso!), mas sendo assim Dilan não sabia onde era e mesmo sabendo porque é que ele não veio para cá?
Sentei-me num banco, convencida que não valia a pena ir para o pavilhão agora e tinha de esperar Elona para depois irmos juntas para a primeira aula.
- Não devias estar a apanhar a maior seca a contar as intermináveis horas até o discurso do diretor acabar?
- Supostamente.
Sorri quando vi aquela faceta alegre transparecer e ele aproximou-se e beijou-me a face.
-Eu também escapei, é o meu ultimo ano por isso tenho algum privilégio.
- Qualquer um pode faltar.
- Sim, incrível como nem todos o fazem.
- O director precisa de plateia...
Evan sorriu, era tão mais confortável e parecia tão fácil falar com ele, sem qualquer embaraço, e realmente era o seu ultimo ano aqui e senti pena de só agora nos estarmos a dar tão bem. Ao contrário de um certo demónio, Evan era super simpático e era o total oposto de Dilan, visto que era louro, olhos claros e até a sua roupa era clara mas do mesmo estilo de Dilan, ambos altos e porque é que continuo a fazer estas comparações visto que ele está a falar e eu já nem estou a escutar!
- ...e como vês as minhas férias foram mais trabalho do que descanso, mas o que interessa é que a banda está a fazer sucesso.
- Isso é muito bom! Estou muito feliz por ti.
Ele tem uma banda?!
- Daqui a nada vai tocar, tenho de ir ao cacifo, deixei lá uma senas... Vens comigo?
- Claro.
Descemos até ao bar e do outro lado, numa zona mais isolada onde apenas tinha um banco e alguns cacifos, estavam dois indivíduos a comerem-se, ela sobre ele ( pelo que eu conseguia observar ao longe) e Evan passou sem dar qualquer importância mas eu fiquei chocada porque aquele rapaz que tinha a língua na boca da miúda (Rachel já agora) era sem mais nem menos o meu demónio.
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Estranhos pensamentos
Teen FictionLiv é uma adolescente que ama escrever e por isso criou um blog que actualiza todos os dias, esta história é a história de Liv, dos seus amigos e família e todos os que entraram na sua vida e de alguma maneira permanecem ou não. A escrita e o desenh...