Capítulo 11

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O Hospital estava cheio de pessoas naquela tarde, o meu avô estava bastante calmo em comparação à minha avó que se mostrava impaciente e combatia a impaciência comendo caramelos que retirava da mala ( pareciam nascer ali...). Já Catherine estava de volta do telemóvel.

Os meus tios iam aparecendo conforme deixavam os filhos na escola que para os pequenos já tinha começado e a minha mãe que encontrava-se connosco desde o começo levantou-se uma trinta vezes para perguntar quando nos iam chamar ( herdou a impaciência de alguém...). Estivemos no hospital toda a tarde, vi pessoas a entrar e sair, maioria doentes ou familiares com as suas caras tristes e stressadas de um dia de cansaço e receio de alguma forma. Quando nos chamaram o avô quis ir sozinho, mas a minha mãe e o tio Heitor foram com ele. Os tios estavam em pé a andar de um lado ao outro e eu estava sentada numa das cadeiras azuis escuras ao lado da avó naquela sala ampla e toda pintada de branco.

- Avó o avô vai ficar bem?

- Claro que sim.

- Pareces ter tanta certeza.

- Ele é um osso duro de roer.

- Eu sei... Mas não será para sempre...

- Sabes uma coisa? "Paredes de hospitais já ouviram mais preces sinceras do que igrejas."

- Acredito. Onde leste isso?

- Em algum livro velho.

Sorri, lembro-me de ler essa mesma frase no tumblr e de lhe mostrar e ela me responder que não fazia sentido. Pois eu acho que faz, e ela citá-la nesta altura só prova como tenho razão.

- AVó.

- Que foi?

Mostrei alguma relutância em falar mas... 

- Porque não disses-te nada ao avô? Porque é que vocês não falam? 

- Porque não precisamos, ouve Lívia, por vezes, quando conheces bem as pessoas não são precisas tantas palavras, eu estou aqui não estou?

Uau, sou mesmo parecida com a minha avó, nada lhe disse e estou aqui não é? Mas como é que ela sabe que ele sabe, que a sua atitude ( que é por vezes nomeada fria ou distante) é vista dessa forma? Coisas confusas... Por falar em coisas confusas...

Tirei o telemóvel da mala e tinha uma chamada não atendida de um número que não reconhecia, telefonei para saber de quem se tratava e reconheci a voz de Evan.

- Hey miúda, dá para falarmos?

Quando a sua voz soou do outro lado, tive flashs da noite anterior, e quis perguntar se ele estava bem, o que tinha acontecido depois e como estava Dilan, mas ele podia não querer falar nisso ou nem se lembrar...

- Agora estou um pouco ocupada...

- Tudo bem, eu também estou a ligar do telemóvel do Harry, perdi o meu...

- Que azar... Mas como conseguiste o meu número?

- A tua amiga deu-mo.

E ela nem me disse nada, era algo que eu ia esclarecer mais tarde. Ele continuou...

- Olha achas que dá para falarmos depois? Sei que fiz merda ontem e queria resolver as coisas.

- Tudo bem.

- Posso ligar-te mais tarde?

- Como quiseres.

- Não quero arriscar levar outra do teu namorado... Até logo.

Estranhos pensamentosOnde histórias criam vida. Descubra agora