O Hospital estava cheio de pessoas naquela tarde, o meu avô estava bastante calmo em comparação à minha avó que se mostrava impaciente e combatia a impaciência comendo caramelos que retirava da mala ( pareciam nascer ali...). Já Catherine estava de volta do telemóvel.
Os meus tios iam aparecendo conforme deixavam os filhos na escola que para os pequenos já tinha começado e a minha mãe que encontrava-se connosco desde o começo levantou-se uma trinta vezes para perguntar quando nos iam chamar ( herdou a impaciência de alguém...). Estivemos no hospital toda a tarde, vi pessoas a entrar e sair, maioria doentes ou familiares com as suas caras tristes e stressadas de um dia de cansaço e receio de alguma forma. Quando nos chamaram o avô quis ir sozinho, mas a minha mãe e o tio Heitor foram com ele. Os tios estavam em pé a andar de um lado ao outro e eu estava sentada numa das cadeiras azuis escuras ao lado da avó naquela sala ampla e toda pintada de branco.
- Avó o avô vai ficar bem?
- Claro que sim.
- Pareces ter tanta certeza.
- Ele é um osso duro de roer.
- Eu sei... Mas não será para sempre...
- Sabes uma coisa? "Paredes de hospitais já ouviram mais preces sinceras do que igrejas."
- Acredito. Onde leste isso?
- Em algum livro velho.
Sorri, lembro-me de ler essa mesma frase no tumblr e de lhe mostrar e ela me responder que não fazia sentido. Pois eu acho que faz, e ela citá-la nesta altura só prova como tenho razão.
- AVó.
- Que foi?
Mostrei alguma relutância em falar mas...
- Porque não disses-te nada ao avô? Porque é que vocês não falam?
- Porque não precisamos, ouve Lívia, por vezes, quando conheces bem as pessoas não são precisas tantas palavras, eu estou aqui não estou?
Uau, sou mesmo parecida com a minha avó, nada lhe disse e estou aqui não é? Mas como é que ela sabe que ele sabe, que a sua atitude ( que é por vezes nomeada fria ou distante) é vista dessa forma? Coisas confusas... Por falar em coisas confusas...
Tirei o telemóvel da mala e tinha uma chamada não atendida de um número que não reconhecia, telefonei para saber de quem se tratava e reconheci a voz de Evan.
- Hey miúda, dá para falarmos?
Quando a sua voz soou do outro lado, tive flashs da noite anterior, e quis perguntar se ele estava bem, o que tinha acontecido depois e como estava Dilan, mas ele podia não querer falar nisso ou nem se lembrar...
- Agora estou um pouco ocupada...
- Tudo bem, eu também estou a ligar do telemóvel do Harry, perdi o meu...
- Que azar... Mas como conseguiste o meu número?
- A tua amiga deu-mo.
E ela nem me disse nada, era algo que eu ia esclarecer mais tarde. Ele continuou...
- Olha achas que dá para falarmos depois? Sei que fiz merda ontem e queria resolver as coisas.
- Tudo bem.
- Posso ligar-te mais tarde?
- Como quiseres.
- Não quero arriscar levar outra do teu namorado... Até logo.
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Estranhos pensamentos
Teen FictionLiv é uma adolescente que ama escrever e por isso criou um blog que actualiza todos os dias, esta história é a história de Liv, dos seus amigos e família e todos os que entraram na sua vida e de alguma maneira permanecem ou não. A escrita e o desenh...