Era uma manhã de quinta-feira muito quente. Era verão na Inglaterra e; com o passar dos anos, esta época ficava mais abafada, mesmo com a metade da população mundial. O mundo entrou em colapso, a grande crise europeia chegou a níveis catastróficos. Crises de energia, escassez do petróleo, fome, doenças incontáveis, além do terrorismo ilimitado.
A Cúpula, como era chamada a aliança das pessoas mais poderosas do mundo, tomou o controle da situação e interveio no mundo da maneira que acharam necessária, a fim de controlar seus próprios interesses. A Europa foi esterilizada, como gostavam de se referir. Apenas pessoas escolhidas a dedo poderiam fazer parte desse novo mundo. Pessoas que não se encaixavam nos padrões, eram transferidos para os continentes do Sul. O continente Africano foi devastado, juntamente com o Asiático. Indivíduos resistentes a transferência, eram mortos.
Os poderosos exigiram que os governantes fossem escolhidos por eles, cada nível de poder era influenciado por esse sistema. Todos os outros seguimentos dependiam deles, o mundo era controlado por eles. Entretanto, percebia-se a mais frágil demonstração de paz, controle e ordem. Essa fragilidade ocorria, pois nada ficava à frente dessa Cúpula. Pobre de quem se metesse em seus interesses, a disputa entre esses titãs era grande. Alianças feitas e desfeitas, à medida em que os interesses se alteravam. Caso ocorresse uma oposição, a solução do impasse seria simples: a morte.
Daniele já não aguentava mais estar com aqueles panos todos por cima dela e aquela cenoura que não queria ser arrancada por nada daquele canteiro. Ela era uma jovem, em seus 22 anos, muito inteligente, esperta e sapeca, tinha um olhar angelical, os olhos castanhos e o cabelo castanho claro, com pequenos cachos na ponta, ajudavam nesse áurea doce. Ela morava com sua tia em um convento, era obrigada a vestir roupas adequadas, tapando todo o seu corpo, uma espécie de bata cinza com capuz branco. Estava na horta colhendo os legumes para o almoço, ela não era freira, mas não tinha para onde ir.
– Daniele! – Madre Rose se aproximava – Daniele!
Madre Rose era uma das mais "mandonas" do convento onde Daniele vivia com sua tia, implicante e adorava controlar a vida dos outros, principalmente a de Daniele. Ela vê Rose se aproximar e para de tentar arrancar a coitada da cenoura.
– Pois não Madre?
– Chegou uma carta para você.
– Carta para mim?
– Sim, o nome do emissor é... Jean.
– Me dê! – Daniele, que estava sentada no chão, se levanta em um pulo para pegar a correspondência das mãos de Rose. As "cartas" no convento chegavam por meio de um fax, mais moderno e encorpado. A internet era controlada e apenas para poucos, as freiras não precisavam disso. – É meu irmão. – Daniele diz enquanto lê o papel como se fosse um mapa do tesouro.
Jean fazia doutorado na área de inovação tecnológica em uma universidade renomada da Alemanha, com seus pais falecidos, ela só tinha o irmão e a tia.
– O que diz a carta? – Perguntou Rose quase na ponta de seus pés para ver algum dizer do texto.
– Com todo respeito Madre Rose, não acho que é de seu interesse, além do mais é muito feio querer saber da vida alheia. – Daniele a responde com um forte tom de sarcasmo.
– Ora menina atrevida! – Rose se irrita.
– Se a senhora me der licença estou atrasada para entregar essa cesta de legumes para a cozinha.
Antes que Rose pudesse responder alguma coisa Daniele sai correndo com a cesta e a carta na mão em direção à cozinha do convento.
Eram apenas 10h da manhã, as noviças estavam na cozinha ajudando no preparo do almoço, a tia de Daniele, a irmã Mary, estavam coordenando a preparação dos legumes. Ela entra correndo e esbaforida na cozinha chamando a atenção de todos que lá estavam.
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A máscara de um anjo
Ficção GeralNem tudo que reluz é ouro...Nunca se pode julgar um livro pela capa. Daniele, uma jovem bibliotecária, sabia bem disso. Mas o amor as vezes cega, nos envolve com a paixão e nos vicia com seus perigos. Órfã em um cenário pós-apocalíptico, com o mundo...