Daniele levanta-se às pressas, tinha perdido a hora; e, esquecendo-se de apanhar os legumes. Ela coloca o avental e vai correndo até a horta. Entretanto, ao chegar lá, encontra a horta semivazia, alguém já havia pego os legumes. Daniele tira o avental e vai até a cozinha, onde encontra a cesta com os legumes que já parecem estarem lavados, sua tia já tinha feito o serviço pela manhã. Ela, então, aproveita para ir se arrumar, não queria chegar atrasada para ajudar Luiz.
Mais uma vez teve que ir a pé para a cidade, o problema é que esta manhã estava muito mais quente, o verão queria se despedir em grande estilo. Daniele não reclamava, quando era criança seu pai a levava, juntamente com seu irmão para caçar; mesmo sendo uma garotinha tão nova, ela adorava caçar. Muitas das vezes, ela era mais feroz que os cães de seu pai, caçava mais que seu irmão. Jean sempre preferiu os livros à ação.
Daniele chega à biblioteca e não vê Luiz, na porta tinha um aviso "Fechados". Não para ela, a entrada nunca era proibida para a menina dos olhos de Luiz. Imaginando que ele estivesse nos fundos da biblioteca, ela caminha com calma, mas antes resolve explorar a nova coleção de obras da família real que estava na biblioteca. Daniele dedilhava os livros, escolhendo um tema, era delicioso só imaginar ler e saber de coisas que geralmente as pessoas não se importavam, ela adorava estudar, por isso a amizade com Luiz. Daniele sorri ao ver um tema um tanto incomum, "O esqueleto das obras", era um livro de arquitetura, de um construtor famoso que já havia construído casas de nobres na localidade, inclusive a casa da família real.
Daniele retira o livro da prateleira e fica um espaço vazio, sendo possível ver até o outro corredor. Ao levantar o olhar, ela se depara com um par de olhos verde oliva, cujo dono também possuía um belo sorriso. A única expressão de Daniele foi sorrir também. Ela vai andando para o final do corredor, "Puta merda! Tinha mais alguém aqui além de Luiz? " Pensa. Ela olha novamente para trás, olha para o chão, morde os lábios pensando naquele belo sorriso, olha novamente para trás, olha para o chão, olha para trás mais uma vez, olha para o chão e novamente para trás e... Plafut! Ela vai ao chão. Daniele tinha, distraidamente, batido em algo, ou melhor em alguém.
– Perdoe-me. – Eram os lindos olhos novamente, mas agora com o conjunto completo. O rapaz estende a mão para ela e a ajuda a levantar.
– Desculpe-me, eu não estava olhando para a frente. – Que olhos verdes saltitantes, que corpo firme, tão firme que parecia uma parede, quando ela bateu nele, tanto que foi ao chão. Aquela mão, a pele clara, mas um leve toque de bronzeamento. Uma vez de pé, ela o observa se agachar ao chão, o seu cabelo era impecável, castanho escuro e brilhoso, em um corte tão sério e sedutor.
Ele apanha o livro.
– Tome, deixou cair.
Daniele ri.
– Acho que sim. Obrigada. – Ela retorna do transe.
– Interessante a leitura, um pouco incomum para uma jovem como você, que naturalmente deveria estar com um romance nas mãos.
– Toda leitura me interessa. – Ela responde e ele sorri.
– Eu gosto desse livro.
– Já o leu? – Ela se surpreende.
– Sim, assim que ganhei do próprio escritor. Esse mesmo que está em suas mãos.
– Como?! – Os olhos dela se arregalam.
– Perdoe-me não me apresentar, é que com a receptividade da cidade, pensava que todos já me conheciam, meu nome é Henrique, filho do parlamentarista Glaus.
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A máscara de um anjo
General FictionNem tudo que reluz é ouro...Nunca se pode julgar um livro pela capa. Daniele, uma jovem bibliotecária, sabia bem disso. Mas o amor as vezes cega, nos envolve com a paixão e nos vicia com seus perigos. Órfã em um cenário pós-apocalíptico, com o mundo...