Capítulo 2

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De noite é meu momento, minha hora de paz, quando vou me deitar penso no que fiz da minha vida no tal dia. Gosto de lembrar os pequenos detalhes de tudo, mas eu realmente precisava de descanso.

Era um dia ensolarado, minha família estava reunida em uma mesa grande no gramado da casa de minha vó. As crianças corriam, os adultos bebiam e eu estava sentada em um canto observando cada detalhe dessa rara ocasião. Meu tio barrigudinho estava lá, veio em minha direção e sentou ao meu lado.

- Princesa, pra onde esta olhando? - Perguntou ele.

- Pra tudo tio.

- Tem muitas coisas... - Começou a dizer - que eu adoraria vivenciar, mas temos que ter certeza as vezes do que queremos - Ele olhou pra mim e logo desviou o olhar - Esta vendo que lindo pôr do sol, olhe pro horizonte minha querida.

- Estou olhando tio.

- Queria passar mais tempo, queria ver seus primos crescerem e ver você crescer, sei que vai ser uma linda dama - ele sorri e olhou pra mim com os olhos cheios de lágrimas - Tenho que partir. É só o começo querida.

- Eu sei.

- Te amo - ele beijou minha testa - e amo muito todos eles.

Ele se levantou e foi embora pro horizonte. Eu fiquei vendo ele partir e seguir pelo caminho além do grande quintal da minha avó, depois me virei e vi minha tia brincando com meus primos sem notar a ausência do seu amor.

Acordei. Minha vó e eu estávamos por ai quando recebemos a triste noticia da morte do meu tio, que foi de madrugada, não ficamos surpresas pois eu já tinha contado pra minha vó meu sonho, a notícia não demorou pra chegar. O tempo parou quando vi minha tia, ela estava muito triste, "as vezes essas coisas precisam ser feitas" disse um senhor que estava velando o corpo do meu tio. Já o conheço... Ele é meu pastor, já faz um ano que ele morreu, me acostumei com a presença dele o que é tranquilizante, ele é um dos poucos em que confiei. Ele me chamou para dar uma volta pelo cemitério e eu fui.

- Você vai precisar ser forte. Eu vou te acompanhar okay?!

- Tudo bem, obrigada pastor.

Depois do enterro fui pra casa, precisava descansar. Deitado na minha cama estava Nick, sem camisa, dava pra ver os músculos dele e a partir dai eu já estava sem fôlego, notei que ele estava dormindo então pulei em cima dele, no susto ele se levantou rápido e eu cai como uma jacá podre no chão.

- Você está bem? - Perguntou o cara que me fez voar e aterrissar com tudo no chão.

- Hm, não sei, to precisando de uma massagem.

- É pra já, sua linda. - Disse ele, me colocando na cama como se eu fosse uma boneca de pano. - Eu já estava com saudade do teu corpo. - Ele me beijou e tirou minha blusa.

Essa cena se repetia tão quanto chovia de madrugada. O que a gente faz não é certo e eu sei, sempre que terminamos eu fico ali pensando em várias coisas, sinto uma certa pena da namorada dele, mas tem que ser assim, eu sou a amiga, a namorada, a amante. Nunca consegui mater algo fixo, sempre vou ser a amante, nunca a esposa.

Nossa relação é meio estranha mesmo, quer dizer, não é certo ter relações sexuais com os amigos, principalmente os melhores, não é?! Bem, é a vida. Amo o fato dele me olhar nos olhos e ficar em silêncio, apenas curtindo o momento. Sabe essa conexão que temos é coisa de louco. É terrível ver ele com a outra, mas gosto de quando estamos juntos, nos sentindo e se amando. O tempo passa tão de vagar quando estamos juntos, tê-lo por perto desse jeito é quase libertador.

- Dia difícil? - Perguntou ele.

- Dia normal. - Respondi meio triste.

- O que aconteceu? - Ele acariciou meu rosto.

- Meu tio morreu.

- Nossa. - Ele ficou um tempo me olhando e então me abraçou. - Eu te amo, to contigo.

Encostei meu rosto no seu peito e chorei em silêncio ate dormir.

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