Esboço

Capítulo 6

O médico decidiu me deixar ir, Nicolas arrumou minhas coisa e a mim, entramos no carro e ele passou alguns segundos encarando o volante, como se esperasse que se mexesse sozinho, meus olhos passavam dele para o estacionamento do hospital.

- Sinto sua falta - disse ele.

-Também sinto a sua.

- Não minta.

- Não seja cético então.

Ele me olhou com raiva e começou a dizer:

- Ta achando que só você tem problemas? Só você sofre? Acha que está sendo fácil para mim? Não! Eu não suporto saber que Miguel morreu, mas que porra de ideia foi essa de tentar se matar! Não pode destruir uma coisa tão boa como você, que Deus fez pra mim! Somente pra mim! O que mais você quer? Não sabe que te amo? Que por bem ou mal é você quem desejo?! Mas não, sempre faz o favor de parar na cama de hospital e eu na cadeira ao seu lado torcendo pra que fique comigo. Sou um trouxa mesmo.

- Eu também te amo Nicolas.

Ele pôs as mãos no rosto e esfregou, voltou a encarar o volante, eu não sabia o que fazer, segurei em sua mão, ele me olhou e eu sorri pra ele. Me encarou por um tempo e me puxou.

Sentada no seu colo eu o vi chorar novamente, ele me abraçou muito forte, quando me soltou me deu um longo beijo.

- Juro que não tentei me matar, só estava fumando.

- Ai meu Deus, vamos pra casa - disse ele, calmo agora - eu vou cuidar de você, prometo.

- E Camila ?

- Terminei com ela tem um tempo. Falando nisso, quer morar comigo?
Sorri e disse que não, ele começou a me apertar, parou então e passou as mãos bem devagarinho pelas minhas costas, o que me fez arrepiar. Voltei pro meu banco e ele dirigiu até sua casa, nem tiramos as coisas de dentro do carro, fomos indo direto pro quarto, ai ele lembrou que eu não podia fazer esforço, mas ignorei, no momento só queria tê-lo dentro de mim, meu corpo pedia o dele mais que tudo, e simplesmente deixei acontecer.

- Pastor?

- Sim?

- Vai demorar muito pra eu ir?

- Filha, tenha paciência, tudo tem seu tempo, não aprece as coisas.

Abri os olhos. Nicolas estava em pé, perto da janela, olhando a rua provavelmente.

-Ei, amor, que bom que acordou, fiz seu café da manhã - disse ele, com um grande sorriso no rosto, que de certa forma era bizarro - Line ligou pra cá, acho que ela vem aqui pra te vê, como se sente agora?

Ignorando seu sorriso respondi :

- Vazia.

Ele parou e me olhou, ultimamente ele anda fazendo muito isso, ou será que ele sempre foi assim e não notei.

- Laura, você quer um bebê? Podemos fazer um, tranquilo.

- Não tenho tempo pra isso.

- Você ta fria..

- Não comece uma briga senhor Nicolas, não estou em condições para isso.

Ele se sentou do meu lado, tirou meu cabelo do rosto, recostou ao meu lado, ele sorriu e fez biquinho. Achei meio bizarro de novo, mas é ele né ... Enfim.

- Laura.. Só te quero feliz. - disse ele, acariciando meus cabelos - Quero você bem, pequena - ele me apertou, e foi bom sentir meu corpo preso ao dele - Olha pra mim.. A vida tem altos e baixos, mas a gente se adapta, não é? Para de fazer cara feia de mal criação mocinha, - respirou fundo e continuou com sua ternura - você fica tão fofa.

Pera pera pera! Quem era ele pra me chamar de fofa? Garoto ridículo, e ele sabe que não gosto. Após vê minha expressão ele deu uma gargalhada, uma que já não ouvia a tempo e que acabou me contagiando, ri com ele. Quando recuperei o fôlego, me ajeitei em seus braços, fiquei ali, perto dele, apenas curtindo o momento e desfrutando de sua companhia

Ouvimos baterem na porta, Nicolas foi atender e fui tomar banho. Era Line e ela queria que eu voltasse a trabalhar com ela, aceitei sua proposta pois já estava muito tempo parada e eu precisava de distração, também estava com saudade de dançar e de ver as meninas dançando. A arte da dança sempre esteve presente em minha vida, só que tive uma lesão no joelho e nunca mais pude me apresentar, mas posso lecionar e gosto disso, gosto de vê-las trabalhar durou e aguentar meus gritos e no final darem um grande sorriso por ter acertado a coreografia. Cuido delas como se fossem minhas filhas, sempre as ajudo. Balé sempre foi minha vida, e ver a dedicação para chegar à perfeição é encantador