Maria saiu de mãos dadas
com João,
na praça,
enquanto o sol se punha.
Um amigo de João,
viu aqueles dedos entrelaçados
e contou para o carteiro,
que contou para a recepcionista do Correio.
Zé que ouviu o caso,
na fila de selos,
contou para seu vizinho,
que contou para sua amante,
que foi até o salão de beleza.
Cortou os cabelos e contou
para a manicure,
que contou para o açougueiro,
que contou para o doutor da clínica de oftalmologia.
E, na manhã seguinte,
Maria não era mais Maria da Silva,
era Maria da esquina,
a assanhada
que levantou a saia para João,
na esquina de um motel,
em plena luz do dia.