Capítulo 38

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Passaram-se quatro dias desde a minha conversa com o Eddy, logo já é sexta e amanhã é a festa da Zita. Eu e o Harry estamos exatamente na mesma: ele continua a ligar-me  dezenas de vezes por dia, mas eu ainda não me sinto com cabeça suficiente para falar com ele. Óbvio que ele me faz falta, mas sinto que se ouvir a sua voz vou reviver aquelas palavras que ele me disse .

Estava tão embrenhada nos meus pensamentos que quase nem dou pela Melody a entrar no quarto. Ela pousa a pasta da faculdade a um canto e atira-se para a sua cama, enterrando a cabeça na almofada.

- Então, priminha, como foi o teu dia? - pergunto-lhe, estranhando o seu silêncio.

- Normal... - percebo pelo seu olhar que está a mentir.

- Vá lá, Melody, sabes que não vale a pena mentires-me...

Ela suspira antes de responder:

- O Niall hoje não me foi buscar...

Sim, é verdade, durante estes dias o Nialler foi buscá-la todos os dias e, pelo que sei, rolaram alguns beijos.

- Se calhar ele não pôde ir, Melody... Não vale a pena ficares assim.

Logo que acabo de dizer estas palavras ouvimos a campainha a tocar e os passos apressados da minha mãe até à porta. Passado poucos segundos vejo a cabeça da minha mãe a espreitar à porta do quarto:

- Beatrice, o Harry está aqui!

- O Harry? Como assim? - guincho, quase em pânico.

- Ele diz que precisa urgentemente de falar contigo. Melody, vem ajudar-me a acabar o jantar para eles poderem falar à vontade. - a minha prima pisca-me o olho e sai do quarto. Nem cinco segundos deviam ter passado, quando o Harry entra pelo quarto em passo apressado, fechando a porta atrás de si.

- O que estás aqui a fazer? - pergunto-lhe, levantando-me da cama e ficando apenas a alguns metros dele.

- O que estou aqui a fazer? Como te atreves a perguntar-me isso depois de não dares sinais de vida durante não sei quantos dias, Beatrice River Stuart? - ele praticamente grita-me. Só pelo facto de ele ter dito o meu nome completo consigo perceber o quão irritado está.

  - Não me sinto preparada para falar contigo. Cada vez que penso em ti as tuas palavras fazem eco na minha cabeça. - mordo o lábio para não chorar, enquanto ele puxa os próprios cabelos em sinal de frustração. 

  - Porra, Trice! Será que não consegues perceber que disse aquilo da boca para fora? Achas mesmo que eu acho que as outras com quem andei enrolado eram melhores do que tu? - ele questiona, um pouco mais calmo e com os olhos a ganharem um brilho que indica a aflição de termos estado chateados durante dias. 

  - Na verdade eu não sei... - murmuro, de olhos postos no chão.

  - Como é que podes duvidar do que eu sinto por ti? - volto a olhá-lo nos olhos e vejo que estes ganharam um tom avermelhado nos últimos segundos. - Como é que ainda podes ter dúvidas depois de tudo o que eu fiz para estarmos juntos? 

  - Eu não duvido do que sentes por mim... Apenas acho que as outras foram melhores que eu em... Tu sabes... - sinto as minhas bochechas a aquecerem e volto a fixar o chão. 

  - Trice, - ele aproxima-se e coloca o meu rosto entre as suas mãos enormes, forçando-me a olhar para ele. - elas até podiam ter mais experiência sexual que tu, mas contigo eu percebi que sexo não é só prazer. Quando se está com a pessoa que se ama a sensação é completamente diferente. Tu és perfeita como és e eu amo-te assim, por favor percebe isso. Aquilo que eu disse foi mesmo da boca para fora e eu peço-te mil desculpas, eu só não quero que uma frase estrague o que nós demorámos tanto tempo a conquistar.

  - Eu também não quero que nada estrague isto... - sussurro, sentindo a sua respiração a embater no meu rosto.

- Nós já ultrapassamos tantas barreiras... Mas o teu pai já aceitou o nosso namoro, as Directioners aceitaram e isso eram os nossos maiores obstáculos, por isso não vamos deixar que isto nos deite abaixo. Por favor. - fecho os olhos e sinto os seus lábios já a raspar nos meus. - 'Tou perdoado? 

- Sim. - respondo ainda de olhos fechados. Sinto-o a sorrir contra os meus lábios, até que por fim os selamos, num beijo intenso e apaixonado. As suas mãos descem até à minha cintura e as minhas sobem até aos seus cachos, puxando-os levemente.

Somos interrompidos por duas batidas na porta.

- Sim? - digo. Separo-me do Harry quando vejo os cabelos ruivos da Melody a espreitar.

  - Os tios convidaram-te para ficares a jantar, Harry. Posso dizer-lhes que sim? 

O meu olhar cruza-se com o do Harry e consigo perceber o quão confuso ele está.

  - O meu tio vai ficar chateado se recusares... 

Dou um sorriso de incentivo ao meu namorado e ele lá aceita. Vamos lá ver como isto corre!

Caminhamos até à minúscula cozinha de mãos dadas e, quando entramos, vemos o meu pai e o Thomas já sentados, enquanto a minha mãe e a Melody acabam de pôr a mesa.

  -   Olá Tom. Boa noite, Mr. e Mrs. Stuart. Espero não estar a incomodar. - Harry diz, atrapalhadamente.  O meu irmão levanta-se para lhe dar um aperto de mão, enquanto o meu pai apenas deixa subir um pouco os cantos da boca. 

  - Se incomodasses não te tinha convidado, não achas? - o meu pai aponta para as cadeiras vazias e nós sentamo-nos, seguidos pela minha prima e a minha mãe. - Já agora, chama-me apenas Charles. 

  - Claro, Senhor Charles. - o meu pai bufa e todos nos rimos, excluindo o Harry, que não percebeu o porquê do descontentamento dele. 

  - Charles, homem! Charles! Não quero cá senhor nenhum! Ainda me fazes sentir mais velho do que aquilo que já sou. - Harry sorri, mais descontraído. 

  - Então Charles será. 

  - E eu sou a Lucy. Apenas Lucy também. - a minha mãe sorri docemente e eu agradeço a Deus mentalmente por o rancor já ter passado.  Todos nos servimos do delicioso jantar

- Bom, Styles, acho que tanto eu como a minha mulher te devemos um pedido de desculpas. Eu por ter terminado com o vosso namoro há uns meses atrás e a Lucy por te ter tratado tão mal no dia do acidente. - o meu pai profere, deixando-nos a todos boquiabertos com a sua humildade.

  - Pedido de desculpas aceite. Passado é passado. - o Harry sorri, enquanto responde à próxima dezena de perguntas que o meu pai lhe faz. 

Estou muito orgulhosa do meu pai. Ele é um homem muito orgulhoso e preconceituoso e vejo o quanto ele se está a esforçar por aceitar o Harry. Não podia estar mais feliz!

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