Capítulo XXI - Último

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Eu estava sentindo uma dor enorme. Eu não tinha mais esperanças. Olhei para o lado e observei a garota que continuava inerte, o meu futuro será esse? Toda hora parecia que alguém estava me observando. Suspirei e fechei os olhos.

Eu havia tido vários sonhos nos últimos dias. Sonhos que pareciam reais, odiava quando eles chegavam ao fim. Eu estive tão perto da minha família, mas ao mesmo tempo tão longe. Era como se nada estivesse conectado. As respostas nunca chegavam.

Talvez seja por isso que eu nunca gostei de Rivels, coisas ruins acontecem em Rivels. Todos os dias. Mas, mesmo assim viemos morar aqui. Eu deveria ter passado mais tempo como os meus pais, mas eu resolvi ir naquela viagem com a Susan. E nessa viagem eu conheci o Richard...

Onde será que ele está agora? Será que todos esqueceram-se de mim. Na verdade isso é bom provável. Ninguém me achou, ou algo do tipo. Talvez daqui uns dias eu me encontre como a garota ao lado. Eu já não tenho forças, o tempo que eu fico acordada eu sofro e quando estou dormindo encontro as pessoas que eu amo. Talvez dormir seja a minha única salvação.

Eu já tentei parar de descobrir o que significa eu ser a escolhida. Pensar que a próxima garota da lista da Amy irá sofrer o mesmo que eu estou pensando me faz odiar todos. Comos seres humanos podem fazer isso com uma pessoa sem se importar com os seus sentimentos, provocar uma dor horrível que talvez seja semelhante a morte. É como se você estisse morrendo aos poucos e da pior forma possível.

Eu deveria ter insistido para os meus pais não se mudarem ou ter implorado que a minha avó me levasse de volta para Tenebris. Mas eu não fiz nada disso. Apenas aceitei em silêncio. Como eu sempre fiz.

Talvez eu devesse ser mais corajosa, mas mesmo assim eu ainda teria medos. Todos nós temos medos, alguns peculiares. Mas medos. Outros apenas se escodem. Eu sempre deixei que o medo me dominasse, mesmo odiando isso. Nunca fui uma vez sequer corajosa. Eu preciso concordar que eu sou uma pessoa fraca.

Eu sei que não devemos lamentar por coisas que não fizemos, porque esse era o nosso destino. Mas o meu destino nunca foi o meu amigo, sempre provou o contrário. A minha única amiga sempre foi a solidão, sempre me consolou nos meus piores momentos. Como agora.

Eu sinto falta de escrever no meu diário, das conversas com a minha família, de tudo. Não quero que ninguém sinta pena de mim. Talvez eu devesse me agarrar ao último fio de esperança. Talvez esse seja um pesadelo com um desfecho. E talvez daqui há pouco alguém irá me acordar.

Escutei um bip e a porta se abriu, olhei para o lado e esperei a claridade passar quando a pessoa fechou a porta. Depois dos meus olhos se acostumarem com essa luz eu finalmente olhei para a pessoa e o encontrei ali como todos os dias; Chad.

Ele estava com aquela expressão de sempre, se ele pudesse provavelmente o seu olhar mataria alguém ou a ferrise gravemente. Como ele mesmo disse aqui é o meu pior pesadelo. Ele pegou uma cadeira e sentou-se perto da minha "maca".

- Sente-se fraca? - ele disse com um pequeno sorriso - É uma pena que você não vá conhecer a próxima escolhida... - ele se aproximou do meu rosto e sussurrou um sussurro quase inaudível - Ou vai?

- Eu irei sair daqui - falei com bastante dificuldade.

- Está querendo acreditar naquele frase - ele encostou a mão no meu braço - A esperança é a última que morre - ele disse ainda com a mão no meu braço - Mallory Hunter... - ele sussurrou e segurou o meu rosto me fazendo olhar para ele.

- O quê? - falei com a voz falha.

- Não acredite nas pessoas - ele disse com um olhar vago e depois balançou a cabeça freneticamente - Os seus amigos não se importaram com você. Não procuraram você. Eles desistiram de você.

Desperta-me | Livro 1 - Completo Onde histórias criam vida. Descubra agora