living while we're young

Capítulo 2.

“Oi meu amor, como ta a escola?”, nada melhor que sair pro lanche e receber uma mensagem desse tipo da minha MÃE. De verdade, o que eu tinha na cabeça quando incentivei ela a comprar um celular? A coisa boa era que eu estava no banheiro, ou seja, ninguém viu aquela cena. Seriam trinta minutos de descanso pra depois ter mais algumas aulas; eu falava descanso porque nunca fazia nada, realmente, eu passava meus lanches sentada em algum banco ouvindo música e me segurando pra não dormir.

- Ai. – droga, pisei no pé de alguém. – Ah, claro, você. – e o alguém era o tal Harry.

- Me desculpa. – falei rápido e continuei andando.

- Uau, não vai nem perguntar se me machuquei? – provocou.

- Eu não sou pesada, tenho certeza que não te machuquei. – respondi fazendo cara feia e continuei andando.

- Ta, olha, que tal começar de novo? – segurou meu braço pra que eu parasse de andar.  – Eu sou o Harry, bem-vinda a escola, e você é? – sorriu.

- Ninguém. – respondi. – Agora, tchau. – soltei sua mão de meu braço e voltei a andar.

Era meu primeiro dia de aula e o garoto já queria vir jogando charme, olha, tudo que eu menos queria era alguém no meu pé me enchendo o saco. Peguei meu mapinha do colégio e fui andando até chegar no refeitório, o que me lembrou muito minha escola antiga: um bando de adolescentes comendo feito loucos, gritando e fazendo bagunça. Procurei por alguma mesa vazia, mas a única com menos gente era uma do canto, com o garoto do cabelo jogadinho da minha sala.

- Oi. – sorri, me sentando. As vezes até eu estranhava esse meu jeito meio descarado. – Sou a Anne, a gente estuda na mesma sala, tem algum problema se eu sentar aqui? – acho que falei rápido demais.

- Nenhum, mas por que não se senta com as outras pessoas? – ele parecia assustado, não sei.

- Pessoas? Ta brincando né? Eles parecem bichos. – consegui fazer ele rir.

Em vez de passar os trinta minutos ouvindo música e não falando com ninguém, conversei e ri o tempo todo com o menino do cabelo jogadinho, que se chamava Louis. Ele tinha uma risada fofinha, era gostoso de ouvir.

- Qual é a do tal Harry? – não resisti.

- Ele é popular por causa das festas dele sabe? Todo mundo gosta. – contou. – A cada dele fica de frente pra praia e os pais dele são bem liberais, já virou lei ter festa todo sábado. – não vou mentir, aquilo parecia legal.

- Você já foi alguma vez? – perguntei.

- Algumas. – me corrigiu. – Agora eu não vou mais, ele ainda me convida, mas não é a mesma coisa. – de repente sua voz pareceu triste.

- Por que? – arrisquei perguntar.

- Nós já fomos muito amigos, até que ele ficou afim da menina que eu gostava. – me arrependi de ter perguntado, tava na cara dele que ele ainda se sentia triste por aquilo. – Ela ficou com ele. – falou.

- Então ela era uma idiota. – nem sei porque falei aquilo. – Sério, olha só pra ele se achando o gostoso, chega a ser engraçado. – ele riu.

Nossa hora do lanche voou, e claro, levei um baita susto quando aquele sinal tocou. Voltei pra classe conversando com Louis e dei um jeito de mudar pro lugar atrás da mesa dele, assim eu me livraria de Harry me enchendo o saco também. Digamos que o resto do tempo que eu tinha na escola aquele dia passou muito rápido; os professores em geral eram muito legais, gostei deles logo de cara. Fiz amizade com umas meninas da aula de vôlei, elas até me ajudaram com o chuveiro do vestiário já que eu não conseguia abrir porque fiquei com medo de levar choque.

- Até amanhã então. – gritei pra Louis, eu já estava do outro lado da calçada.

Ele acenou e sorriu, depois voltou pra dentro da escola por algum motivo. Ele parecia ser bem legal e fiquei feliz por ter sentado com ele no lanche, aquilo acabou fazendo a gente começar uma amizade. Minha casa não era muito perto da escola, mas a praia era, e eu adorava praias. Estava de tarde, não faria mal se eu fosse dar um mergulho rápido, claro que liguei pra minha mãe avisando.

- Ah, então você mora perto da minha casa? – de novo não, por favor.

- Felizmente não. – fiz uma careta, me virando pra trás. Eu estava tão perto da praia, por que ele tinha que aparecer bem naquela hora?

- Ta fazendo  o que por aqui então? – começou a andar do meu lado.

- Sério garoto? Você é meu pai ou o que? – continuei andando.

- Olha educação e bom humor as vezes é muito legal. – foi irônico.

- E me deixar em paz também! Eu hein, que saco. – andei um pouco mais rápido, já tirando meus tênis pra poder sentir a areia no meu pé.

Joguei minha bolsa na areia, tirei minha blusa e minha calça e corri em direção ao mar. A sensação de sentir aquela água gelada contra meu corpo era tão gostosa, que nem me importei de estar usando um dos biquínis mais velhos que eu tinha.

Harry’s POV on:

- Cara! – deixei escapar. – Que gata. – afirmei.

Fiquei ali parado olhando enquanto ela corria pro mar com aquele biquíni preto destacando a pele bronzeada dela, os cabelos loiros balançando enquanto ela pulava as primeiras ondas e depois vi aquele corpo se abaixar completamente na água. Aquela menina não era real, não podia ser. Fiquei ali parado olhando enquanto ela se divertia como se não houvesse amanhã, e ainda era só segunda-feira. Juro que se ela fosse fazer aquilo todos os dias eu me mudava de vez pra praia. Algo nela me fazia insistir em me aproximar, talvez o fato de que ela só me ignorava. Tentei a chance quando ela voltou pra pegar suas coisas e ir embora.

- Sábado é dia de festa na minha casa, pode passar lá se quiser. - falei, como se não ligasse. 

- E por que eu iria? - perguntou, passando a mão nos cabelos molhados e prendendo-os num coque, esnobando o convite que fiz.

- Porque eu vou estar lá. - mordi o lábio.

- Pra levar um fora meu? - riu. - Vou pensar no seu caso. - sorriu, mordendo o lábio, e saiu.

- Essa garota vai ser minha. – falei baixo olhando seu corpo enquanto ela saía. 

Harry’s POV off.