Capítulo 8 - Luau (parte 2)

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 - Harry e eu éramos muito amigos, melhores amigos, na verdade. – começou. – Eu lembro que eu sempre dormia na casa dele ou ele na minha, até nossas mães viraram amigas.

- E o que aconteceu?

- Éramos só eu e ele, não tínhamos outros amigos, até que ele entrou pro time de futebol da escola no meio do ano passado. – continuei olhando pra ele. – Ele fez vários amigos e um dia quando eu cheguei na escola e fui até o armário dele, ele estava com Zayn, um dos caras do time. Eu disse oi e eles simplesmente saíram andando, como se eu nem estivesse ali. E desde aquele dia eu e Harry nunca mais nos falamos direito, só um “oi” ou “da licença” nos corredores.

- Louis, eu não consegui entender, isso não parece motivo pra acabar uma amizade que parecia ser tão forte.

- Pois é, e na mesma semana ele beijou a menina de quem eu estava meio afim e eu entendi aquilo como um ponto final na nossa amizade mesmo.

Aquela história não fez sentido pra mim e eu realmente queria fazer mais perguntas e arrancar mais coisas de Louis, mas resolvi deixar pra lá por saber que falar daquilo estava deixando ele pra baixo. E aquilo era um luau, nós devíamos estar nos divertindo.

- Vem comigo. – peguei a mão dele e o puxei.

- Anne, o que você vai fazer? – me olhou com uma cara engraçada porque bem, eu estava correndo em direção ao mar.

Ele tentou parar, mas viu que eu não soltaria sua mão fácil assim e decidiu ceder. “Tira seus chinelos”, falei, e depois puxei ele pra dentro do mar. Ficamos na beirada, a água um pouco acima do meu calcanhar e ele sem entender porque estávamos fazendo aquilo. Comecei a chutar a água na direção dele e depois de se molhar um pouco, ele finalmente percebeu que a ideia era começar uma pequena guerrinha, então fez o mesmo comigo. E, de repente, aquela risada dele que eu conhecia há tão pouco tempo voltou e eu não consegui me controlar e dei outro abraço nele, dessa vez mais forte, e correspondido.

- Eu adoro pisar na areia com os pés molhados sabia? – falei assim que saímos da água.

- É bom.

Conforme fomos andando, nos aproximamos do resto do pessoal e acabamos sentando na roda de pessoas em volta do fogo enquanto dois meninos cantavam e um tocava violão. Eu não conhecia aquela música, mas Louis conhecia, porque começou a cantar baixinho e eu acabei ouvindo e cara, ele cantava bem. Olhei pra ele e sorri, mas ele estava distraído olhando fixamente pro fogo, ainda cantando baixinho. Ele não estava mais com o colar de flores em volta do pescoço e eu fiquei curiosa sobre onde ele poderia estar.

O tempo foi passando e eu acabei me cansando de ficar sentada com as pernas cruzadas por tanto tempo, então cabei levantando; chamei Louis pra vir comigo, mas ele preferiu ficar ali. A maioria das pessoas estavam na rodinha, ou seja, eu tinha todo aquele espaço livre pra fazer o que eu quisesse (não literalmente, mas eu gostei de pensar que podia fazer o que quisesse). Peguei um copo colorido com uma bebida que eu não tinha certeza do que era e um canudinho engraçado e comecei a caminhar pela praia, tentando não perder o grupo de vista, mas quando percebi, já era tarde. Eu havia me separado deles e não fazia ideia de como voltar pro lugar onde estava antes.

- Que maravilha. – droga, eu estava com medo, e eu com medo era uma pessoa completamente irracional e idiota porque tudo que eu sabia fazer era tremer e querer chorar.

Fiquei em pé, parada, olhando a minha volta e tentando me lembrar por qual lado eu havia chegado lá. Droga, droga, droga. Eu estava perdida. Minha sorte era o fato de não estar tudo escuro, primeiro por causa da lua, que estava enorme e linda por sinal, segundo por causa de alguns postes de luz que, mesmo não estando perto, iluminavam um pouco. Eu não sabia o que fazer.

- Bafleir? – ouvi alguém gritar meu sobrenome e nem me toquei que eu conhecia aquela voz. – O que você ta fazendo aqui sozinha?

- Harry! – quando eu disse sobre me tornar uma pessoa irracional ao ficar com medo de alguma coisa, eu não menti, porque corri pra perto dele e o agarrei.

- Ei, calma, eu não vou sair daqui. – por incrível que pareça, aquilo não fora uma brincadeirinha sem graça. – Ei, não precisa chorar ok? Ta tudo bem, sério Anne.

- Você me chamou de Anne. – falar coisas idiotas também estava incluído no meu pacote de o que fazer quando estiver com medo.

- Eu sei, Bafleir é muito mais legal, né.

Felizmente voltei pra realidade e me toquei que eu estava segurando Harry Styles como se ele fosse o último cara vivo no planeta e, caso eu não segurasse forte, o perderia. Os braços dele estavam em volta do meu corpo, me confortando, e a única coisa que ele falava era “tudo bem, tudo bem”. Soltei seu corpo um pouco rápido e me desgrudei dele, ficando a uma distância boa; não era muito, mas pelo menos nossos rostos não estavam mais praticamente colados um no outro.

- E então, como é que você veio parar aqui?

- Eu comecei a andar e meio que me esqueci de prestar atenção no caminho.

- Meus parabéns. – bateu palma e fez uma voz engraçada, me fazendo rir.

Eu podia achar Harry o cara mais babaca do mundo, mas não tinha como negar o quanto ele era bonito. Que droga, todas as vezes que ficávamos sozinhos juntos, eu acabava tendo esses pensamentos. E agora tinha mais uma coisa pra ser adicionada: o perfume completamente maravilhoso dele. E aquele abraço. Harry Styles me deu um dos melhores abraços que eu já recebi no mundo e eu meio que não me importaria de recebê-lo mais uma vez.

- Será que você pode me levar de volta pra onde o pessoal ta?

- Mas já? – ah claro, tava demorando.

- Sim, Styles, já.

Ele se aproximou de mim e, quanto mais eu tentava me afastar, mais perto ele chegava. Até que estávamos muito perto um do outro, de novo. Cara, ele era lindo, mas era um babaca, um dos grandes. Eu não conseguia tirar a história que Louis me contara da cabeça e, mesmo tentando, ela ainda não fazia sentido nenhum pra mim. Eu queria perguntar pra Harry qual seria a versão dele, mas talvez não fosse uma boa ideia.

- Styles, sai. – empurrei seu corpo pra longe de mim, mas ele segurou minha mão. – Eu não faria isso se fosse você. – aumentei a voz quando ele inclinou a cabeça.

- Será? – ele estava prestes a me beijar, eu podia sentir a respiração dele cada vez mais perto de mim, sua mão soltando meu pulso e quase segurando a minha.

- Com toda certeza! - e dei um tapa em seu rosto.

- Você é louca ou o que? 

- Eu te avisei. – e saí de lá o mais rápido possível, mesmo não sabendo exatamente por qual caminho ir.

Eu quase beijei Harry Styles, e isso teria entrado pra minha lista de coisas das quais provavelmente vou me arrepender pro resto da vida. Não era como se eu não quisesse que aquilo tivesse acontecido porque sim, ele era um cara totalmente atraente, mas eu não levava apenas aquilo em consideração. Eu já ficara com caras babacas antes e eles simplesmente não valiam a pena.

- Olha, eu ainda preciso que você me leve pra onde o pessoal está. – dei alguns passos pra trás e voltei pra onde ele ficara. – Mas eu juro que se você tentar algo, qualquer coisa, eu acabo com você Styles.

 - Isso é tentador. – e riu. 

(continua)

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