Capítulo 3.

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- E então, como foi o primeiro dia? - incrível como minha mãe sempre estava empolgada. - Muitos gatinhos? - mãe mais moderna que a minha tava pra nascer.

- Não é isso que mães normais esperam do primeiro dia de aula da filha na escola nova sabia? - falei, passando a mão no cabelo pra tirar o resto de água que ainda tinha nele. 

- Me desculpe, vou começar de novo. - deu risada. - Estudou muito? Já tem muitas lições de casa? Vá fazê-las agora ou vai ficar de castigo até a faculdade. - e riu.

- Bem melhor agora. - dei risada junto com ela. Amava esse jeito louquinho da minha mãe, mesmo sendo bem irritante as vezes.

Minha roupa já estava um pouco seca, mas não completamente. Eu precisava subir pro meu quarto e tomar um banho mas a cara de curiosa da minha mãe estava tão engraçada que me fazia querer ficar lá embaixo conversando com ela. 

- Não faça essa cara. - dei risada. - Vou subir pra tomar banho mas prometo que volto logo e conto tudo pra você, curiosa. - dei um abraço inesperado nela e subi.

Tomei uma ducha gelada porque, mesmo já quase anoitecendo, estava fazendo um calor insuportável e minha avó sempre dizia que era sempre bom lavar o cabelo com água gelada depois de entrar no mar. O dia me surpreendeu de um jeito bom, muito bom perto do que eu estava esperando; consegui fazer um amigo, conversei um pouco com as meninas do vôlei e os professores pareciam ser bem legais. A unica coisa que eu mudaria era não ter conhecido o tal Harry, porque se ele ficasse no meu pé o ano inteiro eu teria de dar um basta na situação, não ia aguentar mas eu podia me divertir com aquilo.

- Anne, desça aqui. – mal saí do banho e ela já estava gritando para que eu descesse.

- Já estou indo, só preciso colocar minha blusa. – corri a escada colocando minha blusa e tive uma surpresa quando cheguei na sala.

- Um tal de Harry está lá fora, disse que veio trazer uma pulseira que você deixou cair na praia ou algo assim. – ela só podia estar de brincadeira. – Ele é bonito, vá logo. Mas nossa, você está horrível. – riu e me empurrou para a porta.

Que diabos ele estava fazendo na minha casa? E como ele sabia onde eu moro? Realmente, eu estava maravilhosa com um shorts laranja, uma regata branca e toalha na cabeça. Talvez ser vista daquele jeito fizesse ele parar de me encher o saco.

- Na boa, você é algum tipo de maníaco né? – nada como ser fofa. – Como descobriu onde eu moro? – tentei parecer brava.

- Essa é uma das vantagens de ser do time de futebol da escola, as pessoas adoram fazer favores pra você. – sorriu sem mostrar os dentes. Que droga, ele era mesmo bonito.

- Claro, você é o rei da escola. – fui irônica.

- Mais ou menos isso. – deu de ombros. – Toma, deixou ela cair na areia. – e entregou a pulseira pra mim.

Droga! Aquela era minha pulseira favorita, ganhei do meu avô quando fiz dez anos e se perdesse ela jamais me perdoaria. Era de ouro com meu nome escrito nela, e o pior de tudo foi que eu nem tinha me dado conta de que ela não estava no meu pulso quando cheguei em casa.

- Obrigada. – falei forçada. – Mas não pense que isso vai facilitar alguma coisa pra você, entendeu? Agora, tchau. – apontei para a rua.

- Uau, mal cheguei e já estou sendo expulso. – fez cara de dó. – Tudo bem, ainda tenho o ano inteiro a meu favor.

- Vai sonhando. – dei risada.

- Pode apostar. – se aproximou de mim e sussurrou em meu ouvido, depois deu um beijo em minha bochecha e saiu andando.

Não pude deixar de reparar em como ele era charmoso. Estava com uma camiseta cinza, uma calça jeans clara e apertada e um all star de cano alto branco. Seu cabelo bagunçava cada vez que o vento aumentava, mas era só ele passar a mão que voltava ao normal. Eu não conseguia parar de acompanhar seus passos enquanto ele andava devagar, com certeza estava fazendo aquilo pra me provocar. De repente virou de frente pra mim, o vento bagunçando seus cabelos de novo, as mãos dentro do bolso e um sorriso provocante no rosto.

- Viu? Eu sei como jogar, e quando jogo, é pra ganhar. – gritou para mim, colocou seus óculos de sol e virou-se novamente agora andando mais rápido.

Entrei, prendendo a pulseira de novo em meu pulso e me odiando por ter deixado que ele me visse olhando pra ele. Afinal, por que eu estava fazendo aquilo? Ele era só um garoto bonitinho do colégio, só isso e fim.

- E aí, o que ele queria? – minha mãe parecia uma adolescente fofoqueira sem vida que adorava cuidar da vida dos outros.

- Me devolver a pulseira, ué. – mostrei meu pulso pra ela. – Jamais me perdoaria se tivesse perdido ela pra sempre. – afirmei.

- Agradeça a ele então, sua cabeça de vento. – falou em tom de bronca. – Seu vô odiaria saber que você perdeu um presente tão especial. – eu sabia daquilo.

- Não se preocupe, já o agradeci e isso não vai se repetir. Agora, que tal comermos alguma coisa? – sugeri.  – Estou faminta. – ela riu.

Eu sabia que a janta seria a hora perfeita pra ela me encher de perguntas, mas aquela foi a coisa mais rápido em que eu pensei pra mudar o assunto da pulseira e de Harry ter vindo em casa. Minha mãe fez todas as perguntas possíveis, e disse que estava feliz por eu ter gostado do primeiro dia.

- E pra finalizar o dia com uma noticia boa, seu pai ligou, disse que está tudo bem com sua avó e volta pra casa amanhã. – e fez um brinde a isso.

Depois daquilo tudo que eu precisava era descansar e me preparar psicologicamente para o próximo dia. Minhas metas seriam me aproximar mais de Louis, me divertir e estudar, é claro. E tentar não trombar com Harry no corredor novamente.

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