- Bom dia filhinha linda.
- Uhhh.
- Como foi o luau? Me conta tudo. – valeu por me acordar cedo em um sábado sendo que não devia fazer nem duas horas que tinha ido dormir.
- Mãe! – levantei a cabeça. – Sai daqui agora. – joguei um travesseiro nela e afundei meu rosto em outro.
- Já entendi tudo. – ela literalmente gritou. – Você foi dormir agora pouco, não é? Ai, to tão feliz!
Às vezes minha mãe acabava passando dos limites no quesito “ser amiga da filha”, mas eu entendia o motivo: ela queria ter comigo a relação de mãe e filha que ela nunca teve com a mãe dela e eu não tinha direito de ficar brava com ela por isso. Minha avó era uma ótima pessoa, mas digamos que ela era do tipo que não demonstrava seus sentimentos e minha mãe sentia falta disso até hoje.
(...)
- Bom dia. – parei na frente da escada, de pijama, com a maior cara de sono.
- Já são duas horas da tarde, sabia? – meu pai brincou.
- Por isso eu amo não ter escola no sábado. – fiz uma careta pra ele.
Fui até a cozinha procurar algo pra comer e, como sempre, acabei pegando cereal; eu praticamente vivia de cereal. Minha mãe não estava em casa e aquilo era bom porque assim eu teria um tempo em paz sem ela ficar me fazendo as milhares de perguntas que eu sabia que ela faria, e meu pai, bem, ele era do tipo que preferia ficar em silêncio assistindo filmes comigo em vez de me perguntar sobre festas e garotos.
- Adivinha qual filme está passado. – gritou pra mim.
- Não acredito. – eu sabia muito bem de qual filme ele estava falando.
- Breakfast club, exatamente. – e tudo que eu fiz foi largar a tigela quase vazia de cereal na cozinha e sair correndo até a sala. – Ei, ei, sem quebrar o sofá mocinha. – eu literalmente me joguei nele.
Eu tinha uma paixão louca por filmes americanos antigos sobre escola e a vida dos estudantes e, às vezes, acabava pensando que nasci na época errada, porque viver como viviam no passado parecia tão mais interessante pra mim. Eu adorava ouvir as histórias da época do colégio que meu pai me contava e minhas partes preferidas eram quando ele falava sobre as festas e as músicas e as roupas; aquilo me fascinava. Nós dois estávamos tão concentrados com o filme que literalmente levamos o maior susto quando a campainha de casa tocou.
- Mamãe e essa mania de esquecer a chave. – falei. – Deixa que eu atendo. – e fui até a porta.
Eu tinha certeza de que seria minha mãe porque primeiro, ela não estava em casa e segundo, ela sempre esquecia a chave quando saía. Em nenhum momento me passou pela cabeça a ideia de que pudesse ser alguma outra pessoa e de que eu estava de pijama, cabelo bagunçado e a maior cara de sono de todas. Pois é, eu devia ter pensado nisso antes de abrir a porta o mais rápido possível.
- AH! – tudo que eu consegui fazer foi gritar e bater a porta, mesmo que sem querer.
- Ai, Bafleir, meu nariz. – ele gritou também.
- Droga, me desculpa eu não queria, droga, ai. – abri a porta mais uma vez.
- Belo pijama, Bafleir. E belo penteado também. – sorriu, com a mão no nariz.
- Seu ridículo. – fechei a porta mais uma vez.
Pra ser sincera eu não fazia ideia do que eu estava fazendo porque ainda estava chocada com o fato de ser Harry parado na minha porta e não minha mãe, mas de uma coisa eu tinha certeza, ele era um babaca. E eu não pretendia abrir aquela porta de novo, mesmo tendo continuado em pé atrás dela.
- Bafleir eu sei que você ta aí. – bateu mais uma vez.
- Não estou.
- Está sim.
- Vai embora, ninguém te convidou. – aquela era a mais pura verdade.
- Mas foi por isso que eu vim, pra te convidar pra uma coisa. – e ficou quieto.
“Convidar pro que?”, de repente meu pai parou de olhar pra televisão e olhou pra mim, me lembrando de que ele ainda estava lá e tinha ouvido tudo. Eu não sabia o que Harry falaria depois e a ideia de que meu pai ouviria acabou me deixando desconfortável, ou seja, foi como se eu tivesse sido obrigada a abrir aquela porta maldita pra ele.
- Do que você ta falando? – fechei a porta atrás de mim, ficando do lado de fora com ele.
- Hoje é sábado, dia de festa, na minha casa. – apontou para si mesmo.
- E você precisava mesmo vir até a minha casa pra fazer isso?
- Você nunca me deu seu telefone, Bafleir. – lembrou.
- Você nunca pediu. – cruzei os braços.
- E adiantaria alguma coisa?
- Provavelmente não. – brinquei, mas acho que era verdade, eu não teria dado meu telefone para Harry.
Lembrei que Harry tinha falado sobre a tal festa comigo aquele dia na praia, depois da escola, e que eu tinha dito que pensaria no caso. E então lembrei de Louis me contando que ele costumava ir em todas as festas quando eles eram amigos mas depois, nunca mais foi, mesmo Harry ainda convidando. Eu não arriscaria ir até a casa de Harry, pra uma festa, sem Louis me acompanhando.
- E então?
- O que?
- Bafleir, eu sei que é difícil se concentrar quando estou perto de você, mas vamos lá, faça um esforço.
- Super difícil, nossa. – fiz uma careta.
- A festa, Bafleir, você vai?
- Ah, a festa. – ah. – Não sei, talvez eu apareça, talvez não. Agora, tchau. – tentei empurrar seu corpo pra trás.
“Péssima ideia, Bafleir”, segurou meus pulsos e me puxou pra frente, como se fossemos nos abraçar. Por um momento eu senti raiva dele, mas então nossos olhos se encontraram e ficaram naquilo de não conseguirem desviar um do outro e nós ficamos em total silêncio, nos encarando. Ele levantou sua mão e a aproximou do meu rosto, separou uma mecha de cabelo com o dedo e a colocou atrás da minha orelha, não tirando seu olhar do meu nem um minuto sequer. A respiração dele estava calma, assim como a minha, mas ambas estavam altas. Os lábios dele estavam grudados um no outro e foram se abrindo lentamente, chamando toda minha atenção. Sua cabeça começou a se inclinar em direção a minha e então meus pensamentos voltaram para a realidade.
- Styles, não. – dei um passo pra trás.
- Não o que? – deu um passo pra frente.
- Você sabe.
- Não sei.
A cada passo que eu dava pra trás, ele chegava ainda mais perto de mim. Harry sabia que era bonito e charmoso e irresistível e fazia questão de deixar isso bem claro quando estava perto de mim, ele era do tipo que passava confiança de si mesmo e aquilo o deixava ainda mais atraente. Ele tentaria me beijar. E deixar que ele me beijasse naquele momento parecia uma péssima e ótima ideia ao mesmo tempo; não era algo que eu não queria, mas sim, algo que eu me arrependeria. Eu só não sabia por quanto tempo mais poderia me controlar. E então, uma buzina.
- Styles.
- Isso não termina aqui, Bafleir. – mordeu a boca e me olhou.
- Vai embora agora. – falei pausadamente.
- Oi, crianças. – maravilha.
- Até mais, senhora Bafleir. – sorriu pra ela. – Bela roupa, a propósito.
- Obrigada, querido.
- Não há de que. – olhou pra mim e, de repente, deu um beijo em minha bochecha. - Mas eu também gosto de pijamas. Te vejo a noite, Bafleir. – e saiu.
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living while we're young
FanfictionEle era o típico britânico branquelo e charmoso, do tipo pegador. Não era inteligente, mas era esperto. Mal sabia o que queria da vida; seus pais eram ricos, ele tinha o que queria. Ela, era a típica menina da Califórnia: pele bronzeada e cabelos do...