Encontro

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Rebecca chegou na escola extremamente cansada. Havia chegado a pouco mais de 5 minutos e já pensava na hora de voltar para casa. 

Ela viu Isabel e ambas se abraçaram. 

— Oiii. — Isabel segurou os ombros de Rebecca com as duas mãos. — Como você está?

— Estou cansada fisicamente, psicologicamente e sentimentalmente. E você?

Mas antes que Isabel pudesse responder, Daniel virou o corredor e deu de cara com elas.

— Ai está você. — Disse ele. — Então... soube o que aconteceu, você não quer sair comigo hoje? Distrair um pouco a mente.

— Eu ado...

— Ela não pode. — Disse Isabel. 

— Não posso? — Perguntou Rebecca.

— Não, não pode. Hoje vamos sair só nós duas.

— Vamos? — Perguntou Rebecca confusa.

— Sim, vamos! Desculpe Daniel, mas hoje é uma tarde só de garotas. 

Isabel virou-se, andou quatro passos, olhou para atrás e perguntou:

— Rebecca, vamos?  

Rebecca piscou duas vezes seguidas e seguiu Isabel. 

— Não sabia que iriamos sair hoje. Para onde vamos? — Perguntou ela.

— Ah não sei, vamos a uma sorveteria. O que acha?

— Ótimo. 

O sinal bateu alto assustando Rebecca. Isabel riu e ambas foram a caminho da sala. 

Em um dos quadros de aviso Rebecca prestou atenção em um folheto. Que dizia:

QUADRAGÉSIMO SEGUNDO ANIVERSÁRIO DA ESCOLA

Venha fazer parte das apresentações! 

Assine seu nome, sua turma e série. As chamadas serão feitas semana quem vem.

— Isa, olha isso! — Isabel foi até ela e leu o folheto. 

— Não, não, não. Você não está pensando em colocar seu nome aí, né? 

—  Na verdade, estou sim. 

— Você não pode fazer isso, é suicídio social! Nós calouros devemos ficar nos cantos sem chamar muita atenção, de preferência fingido que não existimos. 

Rebecca abaixou a cabeça e pensou um pouco. 

— É você tem razão...

Isabel se deu as costa e virou o corredor, já Rebecca não perdeu tempo. Pegou uma caneta que sempre levava no bolso da calça e assinou rapidamente seu nome. Ela riu e seguiu Isabel. 

A primeira aula era de matemática e Rebecca fez de tudo um pouco para se manter acordada. O professor lhe dava sono, muito sono. 

O intervalo ela passou andando de lá pra cá com Isabel enquanto ela conversava e lhe apresentava algumas amigas, Rebecca estava cansanda.

A hora de ir para casa com certeza foi a melhor, Rebecca ia saindo para fora da escola quando Isabel puxou seu braço e avisou que passaria na casa delas as 16h. Rebecca acenou que sim com a cabeça e correu para casa. 

Entrou em casa e correu para o banheiro, se ajoelhou em frente ao vaso sanitário e colocou tudo pra fora.

A imagem da professora caindo em sua frente com todo aquele sangue a deixava enjoada. 

Depois de passar um tempo ali, ela se levantou e escovou os dentes. Foi para o quarto e ligou o computador. Nenhuma mensagem. 

Ela se jogou na cama e fechou os olhos. 


Acordou sobressalto com o barulho do portão sendo batido. Ela correu para atender e deu de cara com Isabel. 

— Oh meu Deus. Você não estava dormindo, estava? 

— Não... — Rebecca limpou a baba do canto da boca com a mão. — Claro que não. Olhe eu preciso de um tempinho pra me arrumar, então...

—  Ah, eu te ajudo com isso! Afinal somos amigas.

Rebecca sorriu e deixou ela entrar, ambas foram para o quarto. Demorou um pouco, mas as duas conseguiram escolher uma roupa boa. 

A sorveteria não era muito longe, Rebecca e Isabel chegaram lá bem rápido até. 

Rebecca escolheu um lugar no canto lá fora para se sentar enquanto Isabel foi buscar os sorvetes. Ela voltou um tempo depois dizendo:

— Aqui está o seu de flocos. — Sentou-se ao lado dela e deu um sorriso. — E o meu de chocolate. 

— Obrigada. 

— Então, Becca. Como vão as coisas entre você e o Daniel? — Estava claro que Isabel não queria conversar sobre o ocorrido de ontem, tentava se distanciar daquilo pois ela sabia que isso a deixaria triste. Rebecca estava encantada com o jeito que Isa se importava com ela. — Já conseguiu beijar ele? 

— Ahn?  

— Se vocês já se pegaram. 

—  Eu entendi a pergunta. — Rebecca estava envergonhada. — Não, ainda não.  

—  Pois acho melhor você andar rápido, porque hoje eu vi algumas meninas conversando com ele. E elas não pareciam querer só amizade e...

Rebecca deixou de escutar e ficou encarando aquela coruja que tinha visto outro dia, a das penas pretas e olhos brancos. A coruja estava em um dos galhos mais altos em uma árvore ali perto. Aquela coruja parecia perseguir Rebecca e ela estava começando a sentir medo daquilo. 

Rebecca voltou a realidade assim que escutou uma derrapagem de carro e quando olhou para atrás se deparou com um carro vindo em sua direção, Isabel foi rápida se jogando em cima de Rebecca fazendo ambas caírem quando o carro capotou e subiu no ar passando por cima das duas e batendo na parede da sorveteria. 

Rebeccal levantou assustada. Ela caminhou até onde estava o carro e tentou ajudar o motorista a sair dali mas ele estava desacordado. 

— POR FAVOR ME AJUDE! — Gritava Isabel ao telefone. Uma grande multidão de pessoas já se formava ao redor.  

Rebecca olhou mais uma vez para dentro do carro e perdeu o chão quando se deparou com uma pena negra ao lado do motorista. 

Lágrimas e ChuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora