Apresentação

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Tinha se passado duas semanas desde do ocorrido na sorveteria e Rebecca já se sentia pronta para voltar para a escola, mas seus pais não.

— Não! Você ainda não está preparada pra ir.

— Mas mãe...

— Você passou por muita coisa, é demais para sua cabeça. — Falava a mãe de Rebecca enquanto andava pelo quarto.

— Mas...

— Não, Rebecca! Não vê que isso só é para o seu próprio bem? 

— Eu tenho uma apresentação pra fazer! — A mãe de Rebecca parou e olhou para ela. 

—  Como é?

—  Eu me inscrevi pra me apresentar no aniversário da escola, que é amanhã!

—  E o que você pretende fazer? — Perguntou duvidosa.

—  Cantar. — Respondeu Rebecca.

—  Cantar? 

—  Sim, cantar. Já tenho uma música e tudo já foi preparado. Já falei com as meninas pelo o e-mail. 

—  Ah... então tudo bem. Vá. — Ela disse saindo do quarto.

 Rebecca levantou da cama e sentou em frente ao computador. Checou suas mensagens e respondeu algumas, a maioria era parecida com: Você está bem?. Rebecca estava cansada com as pessoas se preocupando com ela, apenas isso.

Ela ensaiou a música que cantaria mais de uma vez. Estava preparada. 

Rebecca passou uma boa parte da tarde falando com Daniel, conversaram bastante até o anoitecer. Já era hora de dormir quando ambos se despediram e foram descansar.

No dia seguinte Rebecca não perdeu tempo pra se arrumar, vestiu uma calça jeans, uma blusa de maga longa preta e calçou um sapatênis. Foi pra escola sem nada, apenas com seu corpo e sua voz. 

Tentava não parecer, mas estava nervosa. Quando adentrou o portão foi recebida com um enorme abraço de Isabel. 

— Eu estava morrendo de saudade. 

— Eu também! — Disse Rebecca abraçando de volta.

—  Vamos, vou te levar pro teu camarim. 

—  Camarim? —  Perguntou Rebecca sendo puxada pelo braço. 

Isabel abriu a porta revelando uma pequena sala atrás do palco (que se encontrava no pátio da escola), nela havia um espelho, um cadeira a frente, algumas maquiagens e um papel em cima de uma pequena mesa. 

— Bom, vou deixa-la se preparar. — Disse Isabel indo embora.

Rebecca entrou e se sentou na cadeira, pegou o papel e leu o cronograma de apresentações. Ela era a última. Se olhou no espelho e disse sem fazer som: 

—  O gran finale. — Disse encarando si mesma. 

Algum tempo depois Rebecca ouviu um bater na porta. Ela abriu e se surpreendeu com quem era. Rebecca abriu os braços e deu uma grande abraço em Daniel, ele até levantou ela. 

— Como se sente? — Perguntou ele.

— Um pouco nervosa.

— Eu poderia fazer algo para ajudar? — Daniel pôs as mãos no rosto dela.

— Não. Quer dizer, não sei. Acho que...

Ela foi interrompida com um beijo. Um beijo lento e calmo que fez seu coração parar por alguns segundos. Rebecca se sentiu como se tudo tivesse parado por um instante. 

Quando acabou Rebecca olhou para os olhos de Daniel e deu um sorriso. 

— É, ajudou. 

Daniel abraçou ela até que alguém disse na porta.

— Rebecca, é a sua vez. 

Rebecca olhou pelo ombro de Daniel e viu Isabel com a mão na cintura. 

— Boa sorte. — Disse Daniel dando-lhe um pequeno beijo na testa. 

— Obrigada. 

Rebecca caminhou até o palco e viu que estava tremendo. Ela subiu e viu que a maioria das pessoas estavam ali, o pátio estava praticamento lotado de gente. 

Rebecca pensou em sair dali correndo, mas ficou e foi para de trás do microfone. Ela olhou para a banda e acenou com a cabeça. A batida iniciou e ela começou a cantar.

A música que ela cantava era Rolling In The Deep da Adele. 

Quando terminou todos aplaudiram e gritaram, Rebecca fez uma reverencia e saiu do palco.

Lá atrás Daniel e Isabel estavam lhe esperando. Daniel abriu os braço mas Isabel tomou a frente e abraçou ela primeiro, logo depois foi Daniel. 

Ela ficou ali um tempinho nos braços dele, deitada em seu peito escutando a batida de seu coração. Com o cantou do olho ela achou ter visto uma coruja branca passar de uma árvore para outra, Rebecca fechou os olhos e ignorou aquilo.

Daniel segurou a mãos dela e ambos se olharam nos olhos. Ele disse então: 

  — Você quer namorar comigo? 

Rebecca deu um passo para trás, sorriu e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. Mas antes de responder sua visão ficou turva e ela se viu caindo em um abismo sem fim até tudo ficar preto. 

Lágrimas e ChuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora