Caneta

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Era manhã de sexta-feira e Rebecca mal podia esperar para chegar logo em casa. Havia começado a assistir uma nova série e estava muito ansiosa para saber o que acontecia no episodio final. 

A aula parecia não terminar nunca. E ainda estavam no terceiro horário.

Seu professor de matemática falava de uma maneira calma e sonolenta, Rebecca piscava inúmeras vezes e dava leves tapinhas no próprio rosto para não dormir. Até que despertou com uma cutucada nas costas.

— Ei, Rebecca! — Disse Isabel. Rebecca virou-se e a viu. — Tudo bem pra você amanhã?

— Ah, o quê? — Rebecca estava quase dormindo.

— Sobre você ir lá em casa, assistir série comigo?

— Ah! —  Rebecca se lembrou. — Sim, claro. Que horas? 

— 19h e nem um minuto mais tarde. 

— Ok, até amanhã. —  Rebecca sorriu e virou para frente.

O sinal bateu e todos foram para o intervalo. 

Indo para o seu tão esperado banco, Rebecca sem querer se esbarra com um garoto o fazendo derrubar as coisas que levava. 

Só pode ser brincadeira. Pensou ela.

Ela se abaixou e pegou as coisas com ele, tinha caído um caderno, um livro de Física, um estojo, dois lápis, uma borracha e uma caneta. Quando Rebecca olhou para o tal garoto teve certeza que seu coração parou por alguns segundos. Era ele. Ele, aquele garoto que ela achava lindo mas não tinha coragem de falar com ele.

— Obrigado! 

— P-por nada. —  Rebecca deu um sorriso tímido e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha tentando parecer fofa. Podia ter certeza que tinha falhado.

Ele se afastou e foi embora. Quando Rebecca voltou a realidade e olhou para sua mão percebeu que havia ficado com a caneta dele. Correu para entregar-lhe.    

Virou dois corredores e o achou sentando ao lado de uma árvore. Ele estava lendo, na capa do livro vinha o título "Guerra Dos Tronos".

Ele tem bom gosto. Pensou ela sorrindo.

Quando nele chegou, disse:

— Ah, desculpa incomodar. — Ele olhou para ela. — É só que... você esqueceu sua caneta.

Ele esticou a mão e Rebecca devolveu a caneta.

—  Obrigado, de novo. —  Ele sorriu. 

Após aquele sorriso Rebecca sentiu como se algum daqueles anjinhos tivessem atirado uma flecha de amor nela. 

— Bom... eu vou indo. — Virou e em dois passos parou. Olhou para ele que já tinha voltado a ler seu livro. Ela respirou fundo e perguntou: — Ah... Eu poderia saber seu nome?

— Daniel. Daniel Andrade. E o seu é...?

— Rebecca Ferraz. Prazer em conhece-lo. — E então foi embora ao encontro de seu único amigo, o banco.


Quando chegou em casa jogou sua mochila na cama e sentou no computador. Se sentiu uma hacker quando começou a procurar por Daniel em toda rede social que conhecia.

Samuel - 14h30: Você só pode estar louca. E eu gosto disso. Hahaha. 

Se lia no chat de Samuel.

Rebecca - 14h30: Louca sim, mas de amor. Hehehe

Após meia hora procurando, já perto de desistir eis que em um ícone Rebecca reconhece aquele lindo sorriso. Mas antes de pedir amizade para ele. Ela foi ver o que ele compartilhava.

Como ela pensava, ele tinha um bom gosto. Assistia séries, gostava das mesmas músicas, jogava um mesmo jogo, lia os mesmo livros e até gostava dos mesmo shipp*.

Ela mordeu o lábio inferior e enviou uma solicitação de amizade. Demorou exatamente 2 horas até ele aceitar (Sim, Rebecca tinha contado a partir das músicas que havia escutado). E quando ia começar uma conversa ela recebeu um: 

Daniel - 17h02: Olá.

Ela percebeu que estava apaixonada quando sorriu ao ler a mensagem.



(*Shipp - Esse é o nome dado aos casais que já ou ainda não se estabeleceram em uma história).

Lágrimas e ChuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora