Verdades

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A cabeça de Rebecca doida. Não se lembrava de nada da noite anterior, a não ser de vomitar num varanda do segundo andar. Depois daquilo ela acordou em seu quarto, na casa de sua avó.

Três batidas na porta foram ouvidas antes de sua avó adentrar o quarto. E aquelas três batidas parecem pregos adentrando de forma violenta a cabeça de Rebecca. 

— Aqui, minha querida. Tome isso. — Falou sua avó lhe entregando dois comprimidos.— Seu avô costumava toma-los quando estava nesse estado que você está agora. 

— Obrigada, vovó. 

— Estou aqui para o que precisar, minha querida. —  E assim ela se foi fechando a porta com cuidado. 

Rebecca tomou os remédios e deitou no travesseiro, se cobriu com a coberta até a cabeça. E perdida em seus pensamentos se lembrou que hoje era dia de curso. Faltava apenas alguns minutos para a aula começar e se ela levasse mais uma falta seria expulsa. 

Banhou e se vestiu o mais rápido possível e em seguida saiu em disparada. Quase não conseguiu pegar o ônibus, mas o motorista lhe esperou. 

Depois que o ônibus parou ela correu. Passou o pátio e entrou no segundo corredor. Antes de adentrar a sala ela se deparou com um papel pregado na porta. Nele dizia:

Professora de abono

Aulas só semana que vem.  

- A direção

— Só pode ser brincadeira! — Ela disse em voz alta. 

Enquanto cruzava a sala, Anthony a parou e disse:

— Parece aborrecida, o que aconteceu?

— Ah nada, só me estressei por ter saído de casa atoa. 

— Lamento. Ei, já que não temos nada pra fazer, gostaria de sair comigo para tomar alguma coisa agora? 

— Agora?

— É agora!

— Por que não? — Falou Rebecca sorrindo. 

Anthony foi na frente e Rebecca o seguiu. Os dois andaram até chegar numa pracinha ali perto de seu curso. Um vendedor de picolés se  encontrava perto de uma arvore grande o bastante para lhe fornecer sombra. Anthony pagou o dele e o de Rebecca.

Ela não reclamou, já que saíra de casa sem nenhum dinheiro. 

Os dois ficaram ali trocando dramas de suas vidas até o cair da noite.

E antes de se despedi, Anthony pegou em suas mãos e disse:

— Você tinha me perguntado outro dia o motivo deu ter mudado de horário. 

— Ah, sim. Eu me lembro. 

— Então... o motivo foi...

O celular de Rebecca tremeu, ela largou as mãos de Anthony e o atendeu. 

Rebecca, por favor. Venha aqui na escola agora! Eu preciso de ti. 

Falou Isabel em seguida desligando o telefone. 

Rebecca olhou para Anthony e disse:

— Me desculpe, mas preciso ir. Obrigado pelo picolé, estava ótimo. 

E assim ela foi embora deixando Anthony sozinho. 

— O motivo foi você, Rebecca.— Susurrou ele, enquanto o vendedor de picolé também ia embora. Deixando Anthony e suas lágrimas sozinhos ali naquela praça mal iluminada. 

Lágrimas e ChuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora