Ergui os seus braços para o ar, contraindo os pequenos músculos dos mesmos, e arqueando as minhas costas como forma de me espreguiçar. Levei uma mão ao olho direito, esfregando o mesmo. Como habitual, procurei o telemóvel por entre aquela imensa escuridão, e ao alcançá-lo carreguei na tecla do menu, arqueando as sobrancelhas devido à claridade repentina vinda do pequeno dispositivo. 7:30 da manhã. Esses números significavam que estaria na hora de eventualmente me levantar e me preparar para as aulas. Foi isso que fiz.
A rotina era constantemente igual, assim como a vontade de sair da zona de conforto. Aborrecida e inexistente. Levantei-me vagarosamente da minha confortável cama, alcançando o interruptor do pequeno candeeiro da mesa ao lado. Feito isto, os meus olhos percorreram as paredes do meu quarto, procurando o poster do meu querido Sehun, que seria o meu namorado imaginário, prestes a ser marido, pois nos meus sonhos ele irá pedir-me em casamento, e nada nem ninguém poderá contrariar esta decisão.
Sehun era um dos meus jovens preferidos, de uma banda nativa da Coreia, entre muitas outras. Na minha parede eu tinha muitos posters de outras estrelas kpop, mas o de Sehun destacava-se devido às suas dimensões, muito maiores que as fotos regulares. Ao olhar para aquela figura na parede, sorrisos involuntários formavam-se no meu rosto, mas rapidamente desapareciam, pois estava na hora de me preparar.
Caminhei ignava até à porta do quarto, sentindo a troca de temperatura dos meus quentes pés e do chão gelado de mármore de minha casa. A inércia hoje controlava-me. Talvez porque hoje seria o dia em que os jovens estudantes do erasmus da Coreia do Sul viriam aos Estados Unidos, mais propriamente à minha escola. Muita gente se pergunta porque estou com tão pouca disposição de aturar essa gente, e eu passo a ripostar: Não gosto de adolescentes. Sendo eles chineses, indianos ou até mesmo coreanos. Talvez uma parte de mim esteja ansiosa por tentar descobrir algum rapaz parecido com Sehun*, ou com o Gdragon*, mas seria uma pequeníssima parte.
Saí de casa de mochila às costas e com uma roupa simples, excepto uma camisola colorida, talvez uma das únicas coloridas que eu use, com uma imagem estampada da Mikasa Ackerman*, a minha senpai. Depois de longos minutos a andar, cheguei ao edifício a que chamam escola, mas que eu prefiro denominar de prisão juvenil. Esta encontrava-se mais preenchida de pessoas do que o frequente, o que me deixou com um ligeiro nervosismo no meu íntimo. Consegui observar inconscientemente os rostos de algumas raparigas e rapazes coreanos, e as expressões surpresas de alguns colegas que os estavam a receber. Soltei um suspiro longo mas mudo e prossegui o meu caminho. Entrei sem brusquidão no bar da minha escola, preparando-me para comprar uma grande tosta mista, e, novamente, foi o que eu fiz. Sentei-me numa mesa e pousei o meu telemóvel na mesma, tocando no ecrã, enquanto mordiscava uma ponta de queijo solta do pão, a esticava, e depois sim devorei-a. O bar encontrava-se vazio, pois todos estavam lá fora a saudar os alunos.
Uns minutos depois a minha atenção desviou-se para um pequeno corpo agitado a alguns metros distante de mim. O rapaz tinha um rosto angelical, chegando até a enervar de tão inofensivo. Com os olhos em bico, ou seja, era um estudante coreano. Os seus cabelos eram vistosos e extravagantes, e, honestamente, se lhe colocassem uma peruca, eu chegava-o a confundir com uma pessoa do sexo feminino.
Este parecia estritamente perdido, que me fez perder o foco no que estava a fazer no telemóvel. Eu perdi o foco num jogo por causa de um ser maricas.
Olhei-o com os olhos semicerrados para tentar descodificar o que o colocava tão agitado, mas no entanto essa expressão ameaçadora desaparecera pois este constatou que eu o olhava, e pelo que me pareceu, soltou um suspiro de alívio ao me ver, que me fez sentir deveras desconfortável. Tentei então ignorar de novo a sua existência, mas o coreano pousou uma mão na minha mesa, depositando o seu peso no mesmo, e tocou no meu braço duas vezes. Ofeguei, olhei em frente e depois encarei o rosto dele, séria.
''Podes-me dizer onde é a casa de banho? Estou..'' ele olhou o seu dicionário. ''afrito.'' moveu o seu olhar para o meu.
Sonharia lá eu que esta inédita pergunta mudaria toda a minha rotina daquele ano.
* Sehun - membro da banda coreana EXO. *GDragon - membro da banda coreana BIGBANG.
* Mikasa Ackerman - personagem feminina e badass do anime Attack on Titan.
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Tenderness | Jinwoo
Fanfictionadj. ten·der·er, ten·der·est // ternura; sensível 1. a. facilmente derrubado ou destruído; frágil: uma frágil pétala; jovem e vulnerável; 2. delicado; facilmente magoável; sensivel: pele sensível. 3. . Considerável e protetor; b...