Tenderness | Jinwoo

☾11

No dia seguinte, eu e Jinwoo iríamos à praia no final das aulas. Seria sensato aproveitar o bom tempo e a localização das praias da minha zona. 

O clima estava adequado para a zona areal da minha cidade, que se situava no litoral. A temperatura local era amena,  na grande maioria do tempo. Porém, a certas alturas do ano, o calor conservava com supremacia a atmosfera local, e esta era tal altura. 

''Sabes nadar, Kim Jinwoo?'' pronunciei enquanto empurrava os livros para dentro da minha mochila, olhando distraída para ele. 

''Claro que sei, é óbvio, Sarah.'' 

''Eu não.'' falei baixo e dei algumas tossidelas depois. ''Menos no GTA*, no GTA eu sei nadar.'' *GTA era um dos jogos de vídeo que eu mais jogava, onde é possível nadar no jogo com o personagem. 

Jinwoo solta uma gargalhada e coloca a sua mochila aos ombros. ''Vais aprender hoje.'' Este fica estático, esperando que eu terminasse de arrumar as minhas coisas. 

Depois das aulas, ambos fomos até casa. As nossas aulas terminaram mais cedo, logo teríamos mais tempo de arrumar as nossas coisas de verão e de irmos até à praia. 

No decurso do nosso caminho até ao mar, partilhei os meus fones com Jinwoo. Cada um tinha um no seu ouvido, ouvindo cuidadosamente uma música aleatória de uma banda qualquer que eu apreciava, e encontrávamos-nos um ao lado do outro, segurando as nossas toalhas. 

Minutos e algumas músicas depois, por fim chegamos ao nosso destino. 

Larguei a toalha na areia dourada  e estendi-a. À nossa volta encontravam-se mulheres e homens de diversas idades deitados sobre as suas toalhas, provavelmente na tentativa de ter o seu corpo bronzeado, ou, como alternativa, formar cancro da pele de tanto se exporem ao sol. 

lancei olhares de desaprovação discretamente para aquela multidão e olhei para o mar, resolvendo então despir a minha roupa. Fiquei somente de bikini, ligeiramente envergonhada, pois estava-me a expor para Jinwoo. Na verdade, eu mostrava o meu corpo para as centenas de pessoas da praia, mas somente a visão de uma pessoa me incomodava, que era a do coreano. 

olhei para o lado, prestes a falar alguma palavra casual para ele, mas o espaço ao meu lado estava vazio, e na areia somente se encontravam a toalha e a roupa do rapaz. olhei em frente e já via Jinwoo correndo animado na direção do mar. Soltei uma risada baixa para mim mesma e corri na sua direção, erguendo os meus braços de forma a que ele me pudesse ver. 

Ponto de vista de Jinwoo 

Corri apressado na vertente do mar, mas, ao chegar, subitamente parei e estiquei o meu pé, tocando com a ponta do mesmo na água. Um grande sorriso evidenciou-se nos meus lábios e não hesitei em retornar a correr e atirar o meu corpo na primeira onda que quebrasse à minha frente. Senti a onda gélida converter a temperatura do meu corpo para uns graus menores e abri os meus olhos, observando a areia repousada no fundo do mar, mas rapidamente imergi. Passei a mão pelo rosto e olhei para a rapariga que se encontrava no mesmo local que eu, antes de mergulhar. 

Olhei para o seu rosto alegre e levantei a minha mão, falando alto para que ela pudesse escutar. 

''Entra, está boa.'' 

Sou respondido com um abanar de rosto negativo, fazendo-me retribuir com um olhar desaprovador. 

Comecei então a nadar na sua direção, e logo que o meu corpo estava fora de água, acelerei o passo. 

''Vem cá, Sarahzinha!'' Abri os meus braços numa tentativa de abraçar Sarah. Esta soltou um berro e começou a correr, fugindo de mim. Todavia consegui alcançar o seu corpo, e mais uma vez carreguei-a comigo para o mar. 

''DEIXA-ME, PEDÓFILO.'' 

''Nunca.'' Articulei antes de mergulhar os nossos corpos para dentro do mar, sem nunca a largar. 

Ao automaticamente aflorarmos na superfície, permaneci agarrando-a para que esta eventualmente não tivesse um ataque súbito de pânico. Sarah tinha no seu rosto uma expressão formalizada e escandalizada contra o meu, fazendo-me novamente rir. ''Vamos morrer atacados pelos tubarões.'' Abri exorbitantemente os meus olhos, numa tentativa de melhorar o seu humor tão complicado. 

Esta semicerra os seus olhos ocidentais e dá-me uma pequena chapada na maçã do rosto, sem muita força. 

''Estou intimamente com medo de me afogar, por isso, se fazes o favor, não me larg-'' A sua frase torna-se incompleta, pois imprevistamente uma onda marítima rebenta no local onde estávamos, fazendo com que Sarah fosse apanhada de surpresa, ao contrário de mim. Esta fica com o seu rosto apressadamente submerso, mas instantes depois volta à sua posição anterior. Soltei inúmeras gargalhadas, pois, ao voltar a ficar frente a frente comigo, esta engole uma grande quantidade de água de forma involuntária. 

''VAMOS EMBORA, NÃO GOSTO DE TI.'' 

Arregalei os olhos e fingi largá-lha, consequentemente esta agarra-se completamente ao meu corpo. Como ilustração: Um pequeno macaco agarrado a uma bananeira, foi assim que Sarah se agarrou a mim. Choramingou um pouco, e eu, cansado de a torturar, comecei a nadar com ela até à areia, sem suspender o meu riso. 

''Aqui está, madame.'' 

''Que engraçadinho. Agora que acabaste a tua sessão de comédia, vamos construir um castelo de areia.'' 

Assenti e rendi-me ao seu pedido, caminhando com ela até à zona da praia com areia húmida. 

''Vamos, vai ser aqui.'' Proferi sentando-me na mesma. Agarrei numa vantajosa quantidade de areia e tentei forma as bases de um castelo, enquanto Sarah ajeitava as suas imperfeições, sentada à minha frente, com o castelo no nosso meio. 

Olhei concentrado para o Castelo que estava prestes a formar-se, e, alguns minutos depois, estava pronto. 

Olhei para Sarah e ambos rapidamente cobiçámos o nosso esbelto castelo, reparando numa pequena figura ao nosso lado. Uma pequena menina loira, de cabelos escuros e compridos observava a nossa obra de arte com a mesma sentimentalidade no olhar quanto a nosso. 

Sorri para a tímida bebé ao nosso lado e fui recompensado com dois sorrisos, da pequena, e de Sarah. De súbito, a criança anda na direção do castelo, pisando-o sem misericórdia. Olhei para aquela cena escandalizado, com a minha boca entreaberta, e, no final, a indefesa cuja dita corre para longe de nós, soltando gargalhadas maldosas. 

''Aquela maldita, eu vou-me a ela!'' 

Não hesito e agarro o braço de Sarah, que estava tão escandalizada como eu. Esta olha-me, e eu olho-a. Permanecemos assim por breves segundos, e logo ambos desatamos a rir, voltando rapidamente a reconstruir as ruínas do nosso desastroso castelo de areia.