No final da rodada de jogos impaciente e raivosa, a minha mãe chamara-nos para jantar. Incrivelmente, nenhum atmosfera constrangedora pairava sobre nós, mas talvez uma pequena porção de timidez se encontrava presente naquele momento, e ambos sabíamos disso. Olhei para Jinwoo durante alguns segundos, mas mal este me observou também, voltei a encarar o meu prato. Este encontrava-se à minha frente, como todos os dias. No entanto, neste dia a posição dele incomodava-me, de uma forma agradável e pelos melhores motivos.
"Então, Jinwoo, falta bastante pouco para ires embora, não é?"
Olhei para a minha mãe enquanto engolia a muito custo um pedaço de arroz, pois, ao ouvir tal notícia, o meu apetite evaporara-se.
"É, falta pouco." Jinwoo responde cabisbaixo, expressando alguma tristeza, na tentativa de ser neutro.
Segundos depois, com silêncio instalado no ambiente à nossa volta, tento animar um pouco o almoço, falando."Ora bem, tenho planos para hoje." Olhei para ambos na mesa.
"Que planos?"
"Vamos ao parque, e depois vamos comer fora."
A minha mãe olhou-me, arqueando uma sobrancelha, sorridente.
"Estamos a almoçar, e tu já pensas no jantar." Esta abana o rosto, enquanto Jinwoo concorda com ela, rindo baixo."Claramente, comer é muito bom."
Ambos riram de novo e continuámos a refeição, com conversas cruzadas e desinteressantes.
Depois do almoço, vesti uma roupa adequada para o clima soalheiro porém um pouco fresco lá fora e saí com Jin para uma volta ao parque, o mesmo que fomos quando outrora estávamos embriagados.
Coloquei as minhas mãos nos bolsos enquanto Jinwoo colocava um dos meus fones no seu ouvido, como era habitual."Devíamos estar a estudar, sabes disso, certo?"
Olhei para ele expressando fúria encenada.
"Não te atrevas a me lembrar disso."
"Vamos ter as provas finais, é importante."
Encolhi os ombros e puxei-o para ir comigo até um caminho diferente do parque.
"Será que há alguma loja de jogos por aí?"
Jinwoo baixa o seu rosto para me olhar. "Estás-me a perguntar isso, a mim, que moro na Coreia do Sul?"
Levantei as minhas mãos como posição de defesa e desculpei-me. Logo depois, chegámos a uma loja.
"Quero jogar contigo um jogo bastante popular aqui." Guiei-o até à máquina do jogo. Nele consistia agarrar as armas de plástico e carregar no gatilho da mesma, e mirar nos zombies que estava no ecrã do mesmo.
Woo sorriu ao ver aquilo e subitamente inseriu algumas moedas. Pegou na sua arma e na minha, dando-ma depois."Vamos trabalhar em equipa, vamos matar os zombies todos juntos."
Assenti e ri um pouco, preparando-me para o jogo.
O nosso gameplay corria bem, até Jinwoo levar mais danos que o natural, e perder."continua sem mim, tu és capaz!"
Concentrei-me na tela do lado de Jinwoo, vermelha, que dizia "you're dead" por alguns segundos, que foi o suficiente para a minha tela ficar da mesma maneira que a dele.
"Eu disse que podias continuar sem mim." Este fala, revirando os olhos.
"Amor meu, nunca." Levei uma mão ao peito, secando as lágrimas fictícias do meu rosto com a outra.
Passámos o resto da tarde naquela loja, até que ambos concordámos em ir comer fora. Fomos até algum restaurante de fast-food, e fizemos os nossos pedidos. Sentei-me depois na cadeira ao lado da dele, ajeitando o meu tabuleiro e observando a deliciosa comida no mesmo.
''Estou cheio de fome.'' Jinwoo apressa-se em pegar no seu hambúrguer e dar uma grande dentada no mesmo.
olhei agora para ele, rindo com tal ação e fiz o mesmo. Saboreei e mastiguei, enquanto me preparava para pegar no copo de coca cola ao meu lado.
Ponto de vista de Jinwoo
Uma enorme sensação de nervosismo instalava-se sobre mim, de tal forma que apenas comendo conseguia minimamente disfarçar. Suspirei para mim mesmo e olhar para o pequeno saco de batatas fritas que estava no tabuleiro. íamos a meio da refeição e eu senti que tinha que expulsar tudo o que me apetecia dizer a Sarah, mas ainda não era o momento.
Então, no final da nossa longa refeição, convidei-a para ir comigo até à pequena diversão que havia à porta do restaurante, onde supostamente somente crianças poderiam entrar, mas o espírito aventureiro possuiu-nos e entrámos os dois na mesma.
''Jinwoo, se nos apanham, estamos fritos.''
Sarah resmungava, mas, pelo que eu a conhecia, eu sabia que ela estava agradada com o momento, caso contrário, o seu sorriso alinhado não estaria na sua face.
A diversão era como um labirinto apertado e fechado para crianças. tinha escadas no interior, e algumas janelas redondas para os pais preocupados poderem ver os seus filhos. O restaurante não estava muito cheio, e temo que apenas duas ou três crianças estavam lá dentro, contando comigo e com Sarah.
Ambos gatinhamos dentro daquele cubículo, até que, ao subir as escadas, decidi parar. Sentei-me num dos degraus, um pouco apertado devido às mínimas dimensões, e olhei para Sarah, neutro de expressões. Sarah olhou-me curiosa, e intrigada, fazendo-me sorrir ligeiramente.
''Porque é que paraste?''
''Preciso de te dizer uma coisa. Espera um minuto..'' Levantei o meu indicador e procurei nos bolsos do meu casaco por um pedaço de papel. Ao encontrar, respirei fundo e comecei a ler.
''Sarah. Como sabes, infelizmente temo que terei que voltar para a minha terra natal, Coreia do Sul. Tudo isto impactou imenso com o meu sentimental. Mas o que piora tudo isto, é que eu sei que também te sentes triste com isso, ou, pelo menos, eu presumo. O meu maior receio, é que tu te esqueças de mim. Por isso mesmo, eu irei escrever-te, Sarah, irei escrever sempre que algo de emocionante acontecer, irei escrever sempre que algo desinteressante acontecer. Irei escrever-te sempre que me sentir triste, irei escrever sempre que me sentir feliz. Não irei escrever sempre que estiver a pensar em ti, pois isso teria como consequência escrever 24 horas por dia. Porém, eu não queria de todo que a primeira carta fosse comigo a lamentar o quanto me farás falta, mas sim uma carta alegre. E é por isso, Sarah Childs, que eu te quero dizer, aqui e agora, que me apaixonei por ti. Não foi hoje, não foi ontem, mas sei que foi há algum tempo. E acredita, Sarah, o meu sentimento por ti é mais forte do que qualquer outra coisa que eu senti na minha vida, e não vai ser uma distância que vai destruir isto. Eu amo-te, Sarah Childs.''
Senti o meu corpo tremer ligeiramente e movi o meu olhar para ela, que se encontrava especada e silenciosa. Depois, ela invade-me e beija os meus lábios rapidamente.
''Não estou embriagada. Eu amo-te, Kim Jinwoo.''
''Saiam daí, seus irresponsáveis! Isso é só para crianças!'' Oiço um dos funcionários do restaurante, que nos olhava através de uma das janelas. Ri um pouco e puxei Sarah para mim, abraçando o seu corpo. Depositei um leve beijo na sua cabeça, e pouco depois, ambos descemos.
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Tenderness | Jinwoo
أدب الهواةadj. ten·der·er, ten·der·est // ternura; sensível 1. a. facilmente derrubado ou destruído; frágil: uma frágil pétala; jovem e vulnerável; 2. delicado; facilmente magoável; sensivel: pele sensível. 3. . Considerável e protetor; b...