O verão monótono e cinzento que eu tanto esperara, passou. Era Agosto, e o Sol raiava espalhando felicidade por todos os cantos deste país. O riso das crianças que outrora era contagiante já não proporcionava qualquer efeito sobre a minha disposição. Eu sentia-me incompleta e insegura, pois as cartas que Jinwoo me enviava deixaram de se encontrar na minha caixa postal, ao contrário do que aconteceu no início do verão.
Deitada sobre a minha cama, com os lençóis desarrumados e a divagar o olhar pela parede branca que outrora se encontrava preenchida com cartazes de ídolos coreanos, enquanto segurava um bloco de folhas brancas no meu colo, e um lápis velho e usado entre os meus dedos. O papel encontrava-se ligeiramente húmido, borrando um pouco do pescoço de carvão de Jinwoo. Desenhava agora o contorno dos seus olhos com o resto das memórias que tinha dele. Esta era a minha forma de me esquecer dele: Gastando as memórias e passando-as para o papel.
''Os teus olhos parecem grãozinhos de arroz. Perdão, aloz.''
Ouvi o singelo som da gota de água misturada com cloreto de sódio que saíra dos meus olhos cair na folha, mas agora sobre o pescoço dele, lembrando-me do dia em que o ciúme se apoderara de mim e me fizera esconder o rosto sobre o seu pescoço, ou do dia em que nos embriagámos e eu saltei nas suas cavalitas.
Quem me dera voltar ao dia em que eu me sentira incomodada pela presença imprevista de um estranho que consequentemente quebraria a minha rotina.
infelizmente, essa rotina voltara.
Não tive notícias relativamente ao meu amor platónico, o verão fora, como já referi, monótono, ou devo dizer, simples. Na minha casa não pairava jamais uma atmosfera alegre e não se ouviam mais gargalhadas vitoriosas de jogos de video ganhos, nem choros dramatizados por jogos de video perdidos. Os posters dos asiáticos que outrora eu admirava e que vestiam a minha parede, arrumados estavam numa gaveta simples de madeira modesta. A parede nua e branca lembrava-me o jovem com quem eu me apaixonara, lembrava-me a simplicidade das decisões e da personalidade dele, que era o que eu mais admirava. Lembrava-me o seu rosto angelical e simétrico que me deixava calma e segura.
Eu não segui em frente, ao contrário do que afirmava aos conhecidos.
Arfei e parei de desenhar, pousando o bloco de folhas na cama. Levantei-me e caminhei indecisa pelo meu quarto. Calcei uns ténis que tinha por lá ao acaso, peguei na minha bola de basket e saí de casa. Caminhei apressada até ao campo, tentando-me distrair. Ao chegar, bati com a bola algumas vezes no chão e encarei o cesto.
''Tu consegues.''
Lancei a bola com a maior intensidade que pude, e fiz então com que esta embatesse no arco do cesto e se auto-lançasse para trás, ficando inalcançável à minha vista. Porém não desisti e corri até à bola, voltando a encestar, um pouco irritada. Dessa forma, a bola voltou a embater no arco do cesto e lançou-se para trás de novo, mas com mais força, indo até mais longe. Pousei as mãos sobre os meus joelhos e fechei os olhos com força. Deixei o meu corpo embater contra o chão e voltei a sentar-me no mesmo, tal como fiz da última vez que pisei este campo acompanhada.
Abruptamente, escutei o som da bola de basket entrar no cesto, e levantei o meu rosto rapidamente. Arqueei a sobrancelha e olhei por intuição para trás do meu ombro. A claridade imensa do sol cegava a minha vista, fazendo-me colocar uma mão sobre a minha testa para poder ver nitidamente.
Arregalei os olhos e perdi a força do meu corpo. Estaria eu mentalmente debilitada ou abalada com este acontecimento, ao ponto de imaginar Jinwoo à minha frente?
Esfreguei os meus olhos. Naquele momento desvalorizava a hipótese de poder estar maluca da cabeça, e ele, Kim Jinwoo, sentou-se do meu lado, sorridente, e com a sua mala de viagem do lado. Ele voltou para mim, ele realmente voltou, e abraçou o meu corpo de uma forma inexplicavelmente agradável.
''Eu vou ficar aqui contigo. Eu voltei, e prometo ficar.'' Ouvi-o sussurrar.
Permanecemos abraçados durante um minuto ou dois, onde somente se ouvia o som das nossas respirações. Jinwoo quebrara o abraço e agora tinha as suas mãos pousadas nos meus ombros e encarava o meu rosto. As nossas faces encontravam-se a poucos centímetros de distância, fazendo então com que eu sentisse as nossas respirações embaterem-se uma contra à outra.
''Sarah Childs.'' Ouvi a sua voz ternurosa. ''Eu sabia onde ficava a casa de banho, naquele dia.'' O seu rosto aproximou-se do meu, ainda mais. ''Eu só queria falar contigo, porque, no instante em que te vi, eu fiquei estupidamente apaixonado por ti.''
A sua mão percorreu o meu queixo, puxando então levemente a minha cara para a sua, e um beijo apaixonado mas calmo formou-se naquele instante.
Jinwoo. Tu, um simples rapaz, um singelo ser humano, frágil e dócil, conseguiste mudar muito na minha maneira de encarar as coisas. Eu detestei a mudança repentina que causaste em mim, detestei os ciúmes intensos que senti à tua custa, detestei a tristeza abundante que tomou conta de mim, detestei o castigo que tivemos quando fomos apanhados a conversar na aula. Eu detesto não te detestar, Kim Jinwoo.
We were all of the stars, we were fading away.
But you weren't worried, cause you knew you'd see me someday.
The end.
Queria do fundo do meu coração agradecer-vos a todas/os, pelo apoio, pela força e pelo feedback fantástico que me deram. As críticas construtivas que me deram, e tudo mais. Custou-me imenso terminar esta fic, porque foi a primeira, e sei lá, ganhei um carinho por ela. Anyways, espero que gostem dos meus trabalhos seguintes, e que continuem interessadas pela minha escrita. :) BEIJINHOS E ABRAÇOS, LOVE U ALL. <3
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Tenderness | Jinwoo
Fanfictionadj. ten·der·er, ten·der·est // ternura; sensível 1. a. facilmente derrubado ou destruído; frágil: uma frágil pétala; jovem e vulnerável; 2. delicado; facilmente magoável; sensivel: pele sensível. 3. . Considerável e protetor; b...