Capítulo 03

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Em nossas vidas sempre temos que encarar desafios muitas vezes inesperados que podem nos destruir ou fortalecer, mas por sorte algumas vezes no meio desses desafios pode surgir alguém que nos ajude e que pode se tornar muito especial.

O tempo foi passando Diego se importava cada vez menos com seu próprio estado físico. O tratamento de Laura tinha seus altos e baixos, em alguns momentos ela estava bem como se não estivesse com nada, mas algumas vezes ela piorava e mal conseguia se levantar, o tempo foi se passando lentamente, apesar disso se passaram dois anos de sofrimento que ainda prosseguiam, Diego já estava com 19 anos, mas é agora que as coisas vão começar a mudar.

Na lanchonete onde Diego trabalhava alguns médicos iam comer lá, entre esses médicos estava Eduardo Kleins, ele era um recém formado, sua aparência era bastante comum, cabelos negros não muito longo, olhos castanhos, corpo aparentemente normal e usava óculos, durante suas idas a lanchonete começou a reparar em Diego que enquanto estava no caixa era bastante simpático com as pessoas, um dia Eduardo foi com um colega de trabalho até o local, foram até o caixa, como sempre Diego os atendeu muito bem e depois de pagarem esse colega fez um comentário:

- Esse rapaz do caixa é muito simpático, não acha?

- Sim... mas você não acha ele um pouco triste? -perguntou Eduardo.

- Nunca reparei, ele trabalha aqui a algum tempo, mas por que você acha isso. -como Eduardo ficou vermelho e não respondeu o homem que se chamava Deny ficou curioso. - Você por acaso não tem reparado demais nele?

- Eu não, porque eu faria isso? Olha eu não sou gay, ok? -afirmou Eduardo.

- Tudo bem, aliás não comenta isso no trabalho, mas eu sou gay.

- Sério?

- Sim, mas isso não é algo que interfira nas minhas amizades, espero que entenda isso.

- Claro, mas eu nunca pensei em gostar de homens dessa forma e não gosto... eu acho. -disse claramente em dúvida sobre seus sentimentos.

- Tudo bem Eduardo, você vai descobrir se gosta ou não quando falar com ele e não precisa ter medo, sentir algo por outra pessoa não é uma escolha, simplesmente acontece.

- É acho que você está certo, mas nunca vou falar com ele e provavelmente tem namorada, afinal ele é lindo.

Eduardo nunca havia se apaixonado por um homem antes e não achava que essa seria a primeira vez. Um dia Diego estava exausto de tudo, nos últimos dias sequer estava comendo direito, a lanchonete estava quase fechando, haviam apenas três clientes e entre eles Eduardo sentado em uma mesa no canto, Diego foi ao banheiro meio cabisbaixo, alguns minutos se passaram e ele ainda não havia voltado, Eduardo que estava prestando atenção ficou meio curioso então decidiu ir no banheiro, entrou discretamente mas logo em seguida começou a gritar ao ver Diego caído no chão, levantou o rapaz lentamente e verificou a frequência cardíaca, mas logo ele começou a dar sinal de vida.

- O que ouve? -perguntou Diego enquanto abria os grandes olhos azuis, que deixaram Eduardo nervoso.

- Ah... eu acho que... você... você desmaiou. -Eduardo tentava explicar enquanto seu coração disparava.

- Desculpe, acho que não tenho me alimentado direito. -disse se apoiando em Eduardo para levantar.

- Cuidado, sente algum desconforto? Você está bem?

- Não, eu estou bem, obrigado. -tentava sorrir.

- Tem certeza? Você me parece... triste. -Diego ficou surpreso com aquela pergunta.

- Bem... eu... tenho certeza.- outro funcionário da lanchonete apareceu.

- Diego temos que fechar, você não vai embora? -perguntou o outro funcionário.

- Desculpe eu já estou indo. -Diego saiu do local seguido por Eduardo, que continuou na mesma direção dele depois que saíram do estabelecimento. -Ei desconhecido, não está me seguindo certo? -perguntou com um sorriso.

- Ah?! Não, minha casa fica depois da esquina e a propósito meu nome é Eduardo.

- Eu sei, já te vi muitas vezes indo naquela direção, só estava tentando puxar assunto para agradecer novamente.

- Mas eu não fiz nada.

- De toda forma obrigado, tchau Eduardo.

Eduardo tentou entender o porquê do agradecimento afinal ele não havia feito nada, porém naquele momento Diego estava tão triste que o simples gesto de preocupação que ele demonstrou fez com que o rapaz se sentisse menos mal, já que a única pessoa que se preocupava com ele era sua mãe, mas isso não durou muito já que logo em seguida estava sendo humilhado por qualquer um e por Bart que as vezes era muito violento e espancava quem não fazia o que ele mandasse ou melhor mandava Carlos espancar, dessa vez foi Diego quem apanhou por ter chegado atrasado no lugar o que deixou o braço do rapaz roxo, Laura sempre desconfiou do emprego noturno de Diego e quando viu a marca naquela noite ficou preocupada.

- Filho, você tem se esforçado muito para me ajudar, mas estou preocupada com você, nunca mais conversamos direito e as vezes você aparece com esses machucados, por favor me conte o que está acontecendo? -perguntou Laura preocupada.

- Está tudo bem mãe, é só que as vezes eu posso acabar caindo e me machucando certo? Não tem que se preocupar comigo, eu quero que a senhora melhore logo, daí vamos poder largar tudo aqui e ir embora, para bem longe.

- Claro, mas não se esqueça que se estiver com qualquer problema, deve contar para mim.

- Certo, boa noite mãe.

Diego sentia um grande aperto no coração por estar mentindo para sua mãe, mas era necessário, nos outros dias da semana Eduardo continuava frequentando a lanchonete, porém agora sempre cumprimentava Diego e algumas vezes eles saiam do local juntos, iam conversando sobre coisas do dia a dia no caminho e poucas vezes falavam de suas vidas pessoais, quanto mais Eduardo conversava com o rapaz mais ele se sentia atraído pelo mesmo, até começava a pensar em tentar se aproximar cada vez mais, já Diego não queria se aproximar muito, afinal tinha medo de que alguém descobrisse tudo, também de se apaixonar por alguém e não conseguir mais fazer o que era necessário.

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