Capítulo Vinte e Oito.

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Guilherme

Acordei com o cheiro incrível da comida de mamãe, já estava com saudade. Apesar de Helena cozinhar muito bem, mais a comida de mãe nem se compara. Me levantei e fui para o banheiro tomei um bom banho e visti uma muda de roupa que tinha no meu quarto. Vou caminhando até a cozinha e vejo mamãe mexendo nas panelas.

-Bom dia mãe.- falei abraçando-a e le dando um beijo na bochecha.

-Bom dia meu filho, está com fome?- ela se virou e eu assenti.

-Cadê o Kauã?- perguntei sentindo falta do meu irmão.

-O Kauã está na escola filho.- ela falava enquanto colocava a comida na mesa.

-Que cheiro ótimo, senti muita falta.- falei já pondo minha comida no prato.

-Parece que tinha esquecido de casa filho.- ela falou e se sentou.

-Tava resolvendo essas paradas mãe, mais agora to de volta.- falei dando algumas galfadas na comida.

-Meu filho me fala mais sobre a sua namorada.- mamãe falou curiosa.

-A Caroline é incrível mãe, não pedi ela oficialmente em namoro mais eu sei que ela é a mulher da minha vida apesar do jeito todo estranho e oposto ao meu eu à amo.- falei com um sorriso bobo no rosto.

-Quero conhece-la meu filho, essa moça te deixou diferente.- ela sorriu.

-E vai mamãe deixa só eu ajeitar todas as coisas.- ela assentiu.

Alguém abriu a porta e quando olhei era o Kauã todo suado.

-Fala moleque.- falei dando-lhe um toque de mão.

-De coé resolveu voltar na toca.- ele falou e se juntou a nós.

-A Rocinha agora é minha.- falei o fitando.

O mesmo me olhou surpreso, e acabei contando tudo pra ele, menos da Caroline, já era quase duas da tarde e resolvi ir na boca para fazer a reunião e deixar tudo bem esclarecido. Dei um beijo em mamãe e sai, peguei o carro e fui subindo o morro até chegar lá, dou de cara com uns vapores na entrada e vou logo descendo.

-Iae chefe beleza?- uns deles me perguntam e assinto.

-Cola aqui dentro rapaziada.- fui adentrando o cômodo.

Entrei e os vapores vinheram todos comigo, abri a porta da sala e fui para atrás da mesa apoiando minhas mãos em cima da bancada, e todos me olhavam com os braços cruzados.

-É o seguinte, vocês já sabem quem comanda a Rocinha agora sou eu, quero saber de tudo como anda aqui qual é o posto de cada um e outras coisas necessárias, o subcomandante é o Felipe morô? quero ajeitar tudo com vocês e dependendo do dinheiro que apuramos e o quanto vocês ganham podemos aumentar e melhorar. Aqui vai ficar tudo diferente não quero sofrimento na minha favela, quero vê todo mundo sorrindo e sem medo. Eu vim pra melhorar e quero todos juntos pra isso, conto com vocês. Qualquer dúvida podem me perguntar. E só outra coisa não vacila comigo porque pra apagar é dois tempinhos.- falei sério e eles me olharam e assentiram.

Passei boa parte da tarde com eles, me passaram tudo que pedi e o que era necessário. Eles gostaram de Jonathan ter saído até porque o mesmo era um verdadeiro terror na favela.

Mandei um dos vapores comprarem novos rádios e outras coisas necessárias na quarta vou me mudar pro morro junto com a Caroline.

Peguei o carro e dirigi até a casa da Caroline iria contar tudo pra todos e falar pra Nadja sobre o Felipe.

Ana Caroline

Quando acordei e não vi Guilherme ao meu lado me senti um pouco mal, estava com medo do que poderia acontecer.

Desci as escadas rápido e vi só o Isaac e as meninas perguntei aonde Guilherme e Felipe estavam e me responderam que tinham ido para a favela, fiquei com o coração na mão e todos tentavam me acalmar, mais só ficaria bem quando Guilherme chegasse.

Tentei inúmeras vezes tentando dormi mais sem muito resultado, no meio da madrugada fui para a cozinha peguei uma caixa com lasanha congelada pus no micro-ondas enchi um copo com suco e dentro de alguns minutos estava comendo. Não demorou muito e vomitei tudo já estava me cansando desses enjoos constantes.

Tomei um banho, escovei os dentes coloquei alguma roupa de dormi e me deitei quando estava quase amanhacendo foi quando consegui dormi.

Quando acordei já estava perto das três da tarde, olhei no meu celular e não havia nenhuma ligação nem mensagem isso me deixou preocupada.

Tomei um banho desci e não tinha ninguém ali na casa nem mesmo Helena, comi alguma coisa dessa vez meu estômago segurou a comida. Fui para a sala liguei a TV e fui assistir algumas séries. Pego meu notebook e vou olhar alguns emails e tinha um do meu pai, avisando que eles chegariam sábado pois aconteceu um emprevisto me desesperei pois iria contar a eles que estava grávida, fechei o notebook rápido e fiquei pensando em como séria tudo, em como iria contar, em como eles iriam reagir mais tudo sumiu quando via porta abrindo e dei de cara com o Guilherme, ele estava aparentemente cansado me levantei e corri até o mesmo dando um abraço um tanto forte.

-Ainda bem que você chegou.- falei passando as mãos em seu rosto.- Aconteceu alguma coisa? O que você resolveu? Deu tudo certo? Cadê o Felipe?

-Calma amor uma pergunta de cada vez.- ele falou e sorriu.- Resolvi tudo e a Rocinha agora é minha, já o Felipe levou um tiro na perna mais já está bem, daqui a dois dias ele tem alta. Lá no morro já estabilizei tudo e todos. Vou me mudar para minha verdadeira casa na quarta junto contigo e assim vamos poder viver nossa vida.- ele falou e fiquei confusa.

Sim eu já havia deixado meu preconceito e meu orgulho um pouco de lado mais morar em uma favela? Ser mulher de um traficante, viver rodeada de armas e drogas, viver com medo de que um dia o Guilherme não volte vivo para casa. Não quero que meu filho nasça em um mundo assim onde o pai é um bandido, como ele irá crescer e quais consequências iriam aparecer daqui pra frente, não estou pronta pra isso eu só tenho quatorze anos e já amadureci muito mais sei o quão grande risco estarei correndo caso fôssemos morar na favela.

-Guilherme...Eu...bom...é que...- não sabia como iria entrar em um acordo com ele.

-Fala Carol.

-Guilherme eu não quero morar na Rocinha, nossas vidas sempre vão estar em perigo, nosso filho vai nascer sabendo que o pai é um bandido, vou viver com um medo de não saber se você vai sair e irá voltar vivo. Vamos tentar de outro jeito, mais me entenda é muito risco.- falei me afastando um pouco dele.

-Caroline essa é minha vida, eu sei que vai ser perigoso que vamos ter problemas mais vamos passar por tudo juntos e o nosso filho não vai saber que irei ser um bandido. Vamos dá amor e carinho vamos educar e cuidar, vamos ser pais presentes essa vida é perigosa mais é a vida que tá no meu sangue.- ele falou e me puxou pra perto de si.

Depois de um certo tempo conversando ele me passou uma segurança e eu não queria me afastar de Guilherme, contei pra ele que meus pais chegariam no sábado então só iria me mudar no sábado mesmo ou domingo ele entendeu. Perguntei sobre o Felipe e o mesmo me explicou. E quando ele me contou que havia matado o Jonathan meu coração parou e vi uma lágrima cair dos meus olhos não sei o porque. Depois de um tempo fomos comer e tomar banho. Isaac me mandou uma mensagem dizendo que estava no shopping com as meninas. Me deitei na cama e Guilherme veio logo em seguida me abracei com ele e dormimos logo em seguida.

Como era bom estar nos braços do homem que eu amo, me sinto protegida e longe de todo mal quando estou com ele.

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