Capítulo Trinta e Oito.

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Ana Carolina

Acordo sentindo minha barriga doer muito, olho para a janela e ainda estava tudo escuro. Tento me levantar mais a dor estava muito forte, com muita dificuldade consigo ir caminhando até o banheiro. Me apoio sobre a pia e ranjo os dentes de tanta dor, sinto um líquido descer as minhas pernas, meus olhos caem sobre minhas pernas e vejo muito sangue no chão me desespero. Tentei gritar por Guilherme mais a dor era mais forte que minha vontade de gritar. tento me equilibrar e derrubara algumas coisas no chão mais nada funciona, sinto uma tontura me atingir, minha visão fica turva e então caio lentamente até que sinto minha cabeça bater no chão, me fazendo ficar inconsciente e desmaiar logo em seguida.

Duas semanas depois...

Minha cabeça dói tento fazer o máximo de força para tentar abrir os olhos, todos os meus músculos doem, mesmo com os olhos fechados forço minha mão até minha barriga sinto meu rosto enrugar de tanta dor, mais é pela minha filha. Abro os olhos com muita dificuldade a claridade atinge os meus olhos, será que morri e estou no céu? Estou em um quarto branco, meu braço lateja de dor, olho para o mesmo e vejo que uma agulha está a perfurar , o que será que aconteceu? Leandra, Nadja estavam aparentemente dormindo. Forcei minha voz para fazer pelo menos qualquer coisa.

  — O..o..oi. — minha voz saiu falha quase imperceptível. 

Nadja se mexe e arregala os olhos em minha direção.

  — Carol? você acordou! — ela tentou sorrir.

Aquilo não estava normal. 

Olho para minha barriga e de imediato me desespero, minha filha já não estava mais lá, o que aconteceu? Começo a chorar.

  — Onde está minha filha? Ela nasceu prematura? Porque ela saiu de dentro de mim? Fala Nadja.

  — Amiga calma! — Leandra acordou.

  — Minha querida, você está melhor? — Leandra falou, mais não quis conversa.

  — Eu só quero saber onde minha filha está, me diz por favor. — chorei desesperadamente.

As duas se entreolharam como se estivessem pedindo permissão uma a outra, o que me fez ficar mais desesperada.

  — Carol... — quando Leandra decidiu falar, a porta se abre.

Olho de imediato e vejo Guilherme entrando com os olhos cheios de lágrimas e todo vermelho, como se estivesse chorando a dias, ele me olha e seus olhos se arregalam, de imediato cruzamos nossos olhares. Guilherme deu passos largos e me abraçou, tentou chorar baixinho para que nem eu escultasse mais foi falho.

  — Guilherme cadê a minha filha? por que tiraram ela de mim? o que eu estou fazendo aqui?  — tentava falar entre soluços.

Ele se sentou ao meu lado, passou as mãos sobre meus cabelos e colocou uma mecha para trás da orelha. Ele respirou fundo e começou a falar.

  — Lembra da queda que você levou na escada? — forcei a mente a lembrar e assenti.— Aquela queda fez com que a sua bolsa fosse perfurada e aos poucos o líquido ia entrando em contato com a nossa filha. Quando te vi caída imediatamente te trouxe para o hospital, e tiveram que fazer uma cesariana de urgência, pois se demorassem mais nossa filha corria o risco de não resistir e morrer.— Engoli o seco e comecei a chorar novamente.— Fizeram seu parto e nossa pequena nasceu, só que diferente de muitas crianças ela não chorou ao sair da sua barriga, nasceu toda roxa e todos que estavam ali acreditavam que ela não havia resistido, eu me desesperei e quase atirei na testa do médico. Levaram nossa princesa pra longe de mim e me impediram de ir atrás, com poucos minutos depois apareceram vários enfermeiras chorando e me assustei ainda mais, me encaminharam até uma sala para ver e lá estava nossa princesa, deitada com os olhinhos abertos e com uma máquina que lhe ajuda a respirar. Nossa filha estava na encubadora, você ficou em coma duas semanas, o que ainda me deixou mais louco, quando se passou quatro dias depois do nascimento da nossa filha, retiraram os aparelhos dela, e começou a se desenvolver bem, porém nesse mesmo dia você teve duas paradas cardíacas e quase morreu. Mais você é forte e resistiu, por mim e pela nossa filha. Depois desse dia você só dormiu. Com uma semana e seis dias nossa filha teve alta, no caso ontem. E hoje a mamãe dela acordou. Nossa filha está em uma salinha sendo arrumada para poder vim até a mamãe dela para você podê-la amamentar pela primeira vez. — Guilherme me abraçou.

Minha cabeça ainda estava formulando tudo aquilo, era muita coisa, mais o que eu queria agora era só segurar minha pequena em meus braços.

A porta bate e quando olho vejo uma enfermeira segurando minha filha, ela me trás e a coloca em meus braços, parece que criei uma força sem tamanho olho para o rostinho da minha filha e não contive as lágrimas. Ela era tão pequenininha, seus olhinhos eram verdes que nem os meus, e os cabelos pretos que nem o pai. Era tão branquinha como leite, cade pedacinho da minha princesa era perfeito, sua boquinha bem desenhada, seu nariz fino e empinadinho, parece uma boneca de tão perfeita. 

  — Ela nasceu com 3,43 quilogramas, medindo 41,01 centímetros e mesmo por nascer um pouquinho antes do tempo ela é bastante espertinha. — a enfermeira falou, só sabia olhar para minha pequena.— agora você deve amamenta-la.

Ela me ajudou a posiciona-la e como devo coloca-la. Cecília sugava o meu seio, ela estava faminta. Me lembro da fome imensa que sentia na gravidez, ela agora ira comer muito.

Sorri ao ver minha filha, tão pequena e tão frágil, mais tão forte. Beijei delicadamente sua testa e vi Guilherme nos olhando com um sorriso bobo nos lábios.

  — Obrigado por me proporcionar uma família, por me dá nossa primeira filha. Eu te amo Ana Carolina e amo nossa filha mais que a minha própria filha.— uma lágrima caiu sem permissão.

  — Obrigada por tudo Guilherme, por me fazer amar, pela nossa filha, por me proporcionar uma verdadeira família, por sempre estar ao meu lado. Eu te amo, te amo te amo.  — ele deu um beijo no topo da cabeça da nossa filha e selou nossos lábios em um demorado selinho.

Ali todas as minhas dores foram embora, agora eu tinha uma razão maior para viver, minha filha minha Maria Cecília. 





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