Capítulo 4

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Sim, era pra eu ter postado ontem, mas eu estava sem acesso a internet porque minha operadora bloqueou o meu chip e eu só descobri qual era o problema hoje.

No momento estou meio que uma bagunça emocional... se eu ficar melhor, posto outro ainda hoje. Se não, posto amanhã. (Culpem meu irmão por isso).

Espero que gostem ^-^.

👄👄👄

— Pode começar a se explicar, Charlote — disse Evandro, em voz baixa.

Ele não tinha se aproximado de mim em momento algum ao entrar no quarto. Enquanto eu me encontrava sentada na cama, o encarando, ele estava sentado no chão, com as costas apoiadas na porta do quarto e de cabeça baixa. A situação ao todo parecia bem mais difícil para ele do que para mim, o que, por si só, já queria dizer muita coisa.

Como eu sequer abri a boca para dizer algo, ele ergueu a cabeça e me fitou com um olhar penetrante, tentando me ler e me tirar as respostas que procurava, eu sabia, como sempre tinha feito antes. Tentar era a palavra-chave.

— Você disse que as coisas não mudariam entre nós — prosseguiu, muito calmo. — Então decide simplesmente começar a me ignorar. Eu sou tão repulsivo assim, Char?

Arregalei os olhos. O quão clichê seria se eu dissesse “não é você, sou eu”?

— Ficou maluco?! — me chutei internamente logo que as palavras saíram. Essa era, definitivamente, uma pergunta que eu não deveria ter feito.

— Eu não sei, me diga você. Tem ideia do quanto eu tenho me perguntado durante todos esses dias o que eu posso ter feito de tão errado pra que tudo acabasse como acabou?

— Você não fez nada — eu disse nervosa. — Deus, Van, não é como se isso fosse fácil pra mim também! — me sentindo mal pela distância, levantei e caminhei até ele. Ajoelhei-me para não ser obrigada a olhá-lo de cima. — Eu não sinto repulsa por você. É só que… — tentei engolir a vontade de chorar, mas já podia sentir os meus olhos lacrimejando e os cílios úmidos, tanto pelo que eu ia dizer, quanto pela sua expressão de dor e talvez, pelo fato de que eu poderia estar grávida. — me sinto envergonhada. Não era pra aquela noite ter acontecido. Eu estava me saindo tão bem em te ter apenas como um amigo e bastou uma noite pra acabar com isso.

— Você deixou acabar, Charlote — murmurou. — Tudo.

E essas palavras diziam tanto…

Eu queria fazê-lo pegá-las de volta. Queria apagá-las, riscá-las, destruí-las assim como elas estavam me destruindo. Porque era verdade. Mas não ao todo.

— Porque eu não quero me tornar o reflexo da minha mãe — expliquei, exasperada. As lágrimas que eu vinha tentando conter, por fim me vencendo. — Não quero ter o tipo de casamento que ela teve. E se ficarmos juntos é o que vai acontecer.

— Não…

— E vai ser minha culpa, Van — o interrompi, limpando as lágrimas. — Mas não apenas minha.

Fechando os olhos, devagar, ele bateu a cabeça contra a porta.

— Eu odeio tudo isso. Tanto, Char. Porque você não pode simplesmente esquecer deles?

— Porque eles são seus pais — murmurei, apoiando as mãos no chão e me impulsionando para cima. Já de pé, respirei fundo e acompanhei com o olhar os seus movimentos enquanto ele levantava também. Abraçando a mim mesma, continuei: — E eles me odeiam.

— Mas eu te amo! — exclamou, como se estivesse tentando me fazer entender a qualquer custo.

Mas eu já sabia. E ele sabe que eu sei. E sabe que o amo também.

Balancei a cabeça negativamente, dando-lhe as costas.

— Isso não é o suficiente.

Segurando meu ombro, Evandro me virou para si, sempre me estudando, como se todas as respostas estivessem de alguma forma escritas em minha face. Aproximou-se, quase colando nossos corpos e ergueu meu queixo, para que seus lábios pairassem um pouco acima dos meus.

— Você está mentindo — sussurrou. — Porque você ainda me ama. E eu sei que tem escondido coisas de mim. O que aconteceu, Charlote?

Tantas coisas…

Dei dois passos para trás, afastando-me de seu toque.

— Eu fui infantil e te afastei, me desculpe — abri um sorriso que eu esperava não ser tão falso quanto eu sentia, mas mudar de assunto nunca foi realmente meu ponto forte. — Isso não vai acontecer de novo. Agora, poderia me dar licença? Não estou me sentindo bem — uma das coisas mais verdadeiras que eu disse hoje. O estresse estava me deixando a beira de um ataque de nervos. Minha visão estava escurecendo aos poucos e agora, de frente a ele, eu não sabia se seria capaz de disfarçar a tontura.

Caminhei até a porta com o máximo de naturalidade possível, mesmo sob tanta tensão e a destranquei. Evandro não deixou que nem quinze centímetros se abrissem antes de empurrá-la fechada novamente.

— Foi a minha mãe? — perguntou suavemente. — O que ela fez, Char? O que ela te disse?

— Nada — menti fracamente, quase num sussurro. — Nós mal nos falamos, Van. Que ideia… Agora, será que você poderia ir?

Me encostei na parede, levando as mãos as têmporas.

Estou certa de que ele disse mais alguma coisa. Tenho certeza de que meu nome saiu por entre seus lábios logo que sua expressão se tornou confusa. Mas quando minhas pernas enfraqueceram e a escuridão se fechou sobre mim, tudo que ouvi foi o mais completo silêncio.

Aos 18 [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora