Aos 18 [Completo]

Capítulo 3

Hello, it's  me!
Como prometido, aqui está o capítulo. Se tiver algum erro, sorry. Espero que gostem!

💙💙💙

3 semanas depois

— Você sabe que vai ter que atender esse celular em algum momento — Nícolas disse, puxando uma cadeira para sentar ao meu lado. — O que vocês fizeram foi errado, mas a culpa também é sua. Já fazem semanas, Char. Não tem porque ficar ignorando ele por tanto tempo.

— Nem parece você — murmurei sem olhar para ele. Era tarde e estávamos na área VIP da Egoist. Eu observava o movimento do pessoal lá embaixo, cuidando para que tudo estivesse pronto quando fosse finalmente hora de abrir as portas mais uma vez.

— Eu sei que fiquei com raiva, mas, por Deus, vocês foram muito irresponsáveis, é compreensível! E se fosse outra pessoa, Char? Do jeito que estava você poderia ter ficado com qualquer um. Quando penso nisso fico até aliviado de que tenha sido com ele.

Nícolas tende a ser muito protetor e eu sei que ele está certo, mas ainda estava chateada demais comigo mesma para lhe dar ouvidos. Quando Nick conversou comigo sobre a noite que passei com Evandro, tive que dar o máximo de mim para impedi-lo de tirar satisfações.

— Eu também, mas… Nick, o que eu e o Van tínhamos, acabou. Isso não podia ter acontecido. Não podia.

— Só acabou porque…

— Não, nem tente — cortei seu argumento, antes mesmo que o formasse. — Nós não temos mais volta. E agora estou tão envergonhada — cobri o rosto com as mãos. — Eu nunca mais quero beber na minha vida.

— Espero que diferente da maioria das pessoas que beberam e já fizeram alguma besteira na vida, você esteja falando sério.

— Pare de atormentá-la, Nick!

Olhei para trás, sorrindo, a tempo de ver Tiago subindo as escadas. Com cabelos ruivos cacheados e olhos verdes sorridentes, ele era verdadeiramente encantador. Qualquer um poderia ver que ele é irresistível, tanto pela beleza quanto pela personalidade que eu amo. Qualquer um, menos a minha mãe. Desde que Nick assumiu seu namoro com ele, mamãe vem agindo de forma incontrolável. Ela não quer mais vê-lo, nem mesmo ouvir seu nome e a cada vez que saio com um dos dois ou venho a Egoist, sei que quando chegar em casa, teremos mais uma de nossas discussões.

Estou cansada de ouvir seu discursos de como a escolha sexual do meu irmão é pecado, de como ele é uma má influência para mim, como se fosse um mal contagioso e de como ela o dispensou de sua vida de forma tão fácil. Ela nunca — Nunca — foi uma mãe verdadeiramente atenciosa, mas a situação agora beirava o ridículo.

— Olá, querida — ele cantarolou, como se a poucos segundos antes o clima não estivesse se tornando cada vez mais pesado.

— Eu não a estou atormentando — Nícolas contradisse quando Tiago abraçou meus ombros por trás e me deu um beijo estalado na bochecha. — Estou tentando lembrá-la de que as coisas não devem ser sempre da forma mais difícil.

Revirei os olhos e voltei minha atenção para Tiago.

— Oi. Como foi com os fornecedores? Resolveu o problema? — questionei curiosa.

Tiago era um dos outros dois proprietários da casa noturna. Enquanto meu irmão era ótimo com a administração, ele preferia lidar com as pessoas. Charme o suficiente era óbvio que ele tinha.

— Você vai aprender que eu posso ser bem convincente quando quero, florzinha — sorriu. Ele parecia estar sempre sorrindo, mas eu bem sabia que isso não era verdade.

Observei-o sentar ao lado do meu irmão e cumprimentá-lo com um beijo rápido, mas carinhoso. Por um segundo me senti com um pouco de inveja. Eles tinham algo que eu desejava, mesmo que muitos não enxergassem dessa maneira, mas logo estava sendo confrontada pelos olhares dos dois. Tiago segurou minha mão sobre a mesa.

— Mesmo que eu não concorde muito com a abordagem do seu irmão, você sabe que ele está certo, não é?

Pressionei os lábios, odiando a forma como a verdade me atingia.

— Eu sei.

💜

Minha mãe não parava de me ligar e esse foi um dos principais motivos para Nícolas me enfiar num táxi e me mandar para casa. Ele queria que nós, ela e eu, nos entendêssemos, mas eu não via isso acontecendo num futuro muito próximo.

As tonturas começaram no instante em que saí do táxi. Paguei a corrida com o dinheiro que Nick tinha me dado, procurando agir o mais normalmente possível e fiz meu caminho em direção a minha casa.

Os acessos de tontura vinham me atormentando a semana inteira, felizmente leves e passageiros, o que tornava fácil de disfarçar, mas eu não era ingênua o suficiente para não saber o que aquilo provavelmente significava. Desde o momento em que Camila perguntou se eu e Evandro tínhamos nos protegido, eu vinha tentando me preparar psicologicamente para essa possibilidade. Mas ainda não conseguia falar com Evandro sobre o que tinha acontecido ou o que poderia vir a acontecer. Nem tinha tido coragem para comprar um teste de gravidez ou para contar a alguém sobre as tonturas.

Minha cabeça não estava mais pesando quando cheguei a porta de casa e as bordas da minha visão também não estavam mais escurecendo. Respirei fundo e a abri, procurando aparentar a calma que eu não possuía, embora mais aliviada pela tontura ter ido embora.

— Oh, aí está ela — disse mamãe quando cheguei a sala.

A televisão estava ligada em um canal qualquer e na mesa de centro estava posto café e biscoitos. Ela parecia uma verdadeira dona de casa, tentando agradar a visita.

— Charlote, olhe quem veio nos visitar! — seu tom contrariava totalmente seu olhar. Ela poderia estar legitimamente feliz pela companhia, mas eu não acreditava por um segundo que ela tinha esquecido os fatos de que eu tinha ignorado suas ligações e passado muito tempo fora.

E mesmo assim…

Mesmo assim me obriguei a olhar para Evandro, percebendo que o tempo que eu tinha passado o evitando de todas formas possíveis tinha acabado de ser rompido a força.

— Vamos conversar no meu quarto — falei simplesmente e rompi nossos olhares, partindo em direção ao que era provavelmente a conversa mais difícil que eu teria em semanas.

💙💙💙

E então, o que acharam???

Próximo capítulo no dia 30/04.

Obrigada por ler! Até o próximo!