Capítulo 5

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E como eu disse que se não postasse ontem, hoje postaria, aqui está o capítulo. Saiu meio tarde porque um livro maravilhoso aqui do Wattpad esteve me distraindo. O nome dele é Número Desconhecido da @jkkloppel. Super indico. Ele é divo e a escritora sabe muito o que faz (e como confundir e iludir uma pessoa). Quem gostar de humor e ficção adolescente, provavelmente vai amar! 😊

💜💜💜

— Char… Charlote. Acorde, querida.

Fechei as mãos em punhos, agarrando punhados de qualquer que fosse o tecido macio sob mim, a medida que abria os olhos devagar. Pisquei algumas vezes, dispersando os pontos pretos da minha visão e percebi que estava deitada na cama. Sentado de frente para mim, Evandro corria os dedos de leve ao longo do meu rosto, passando-os brevemente pelas mechas curtas do meu cabelo loiro. Cessando o movimento apoiou as duas mãos na cama, uma de cada lado do meu corpo e me observou como se eu fosse uma incógnita, ao mesmo tempo em que parecia ainda mais preocupado que anteriormente.

— Charlote — falou com cuidado e um leve receio, como se estivesse lutando para escolher as palavras certas. — Você passou alguns minutos inconsciente. Tem algo que queira me contar?

Desviei o olhar, respirando profundamente, surpresa pela tontura ter se tornado tão intensa ao ponto de me fazer desmaiar. Se prosseguisse dessa forma, seria impossível disfarçar por mais tempo. Por outro lado, poderia ter sido apenas produto de todo meu nervosismo.

— Eu disse que não estava bem — lembrei-o. — Mas não foi nada demais.

— Se ir ao chão de um instante para outro é nada demais, eu não sei de mais nada — sua expressão era seguramente séria agora. — Vou reformular a pergunta e você não vai mentir para mim, tudo bem?

Mesmo querendo fugir naquele momento, eu não podia. Porque seria óbvio demais e também pelo motivo de que seus braços me prendiam no lugar como barras de aço, fazendo de minha cama uma jaula particular. E ele era bem mais do que apenas meu carcereiro. Sua pergunta não demorou a chegar, e quando veio eu sabia que já não tinha mais como fugir.

— Querida — começou. — Aquela noite trouxe mais consequências do que você está dizendo?

Silêncio. As vezes ele nos entrega mais facilmente do que as próprias palavras. Eu não queria mentir, não queria. Mas ainda não tinha certeza, certo? Então o silêncio foi a única forma de conseguir me expressar. E foi ele quem respondeu as dúvidas de Evandro.

— Pelo que vejo, seu irmão tem mais um motivo para querer minha cabeça. Você está grávida — não era de forma alguma uma pergunta.

— Não sei — murmurei por fim, virando de lado e me encolhendo ainda mais na cama. — Pode ser.

— Nós não usamos preservativo quando transamos, Char. Eu me certifiquei de confirmar isso quando você foi embora. Eu sabia que era uma possibilidade, mas não que você esconderia de mim.

Ele parecia ferido.

— Já disse que não sei — insisti, mas duramente do que deveria e ele se afastou um pouco, me libertando, mas ainda sentado ao meu lado. Mesmo que agora mal conseguíssemos olhar nos olhos um do outro. Era horrível. — Pode ser que eu esteja com alguma outra coisa. Não fiz o teste ainda, então…

Duas batidinhas rápidas na porta me fizeram calar. Mamãe a abriu assim que eu permiti e metade de seu corpo apareceu pela fresta.

— Vocês estão bem? — questionou uns três segundos depois, alternando o olhar entre nós dois.

Do seu ponto de vista a cena realmente deveria parecer bem estranha, contrastando com o que quer que ela possa ter imaginado. Van e eu estávamos quase de costas um para o outro. A tensão, o ressentimento e a mágoa eram claros o suficiente para que qualquer um notasse. Mas claro, percebendo que não responderíamos, mamãe sequer insistiu no assunto e logo sua expressão tinha se tornado de indiferença e desinteresse. Como se nada estivesse acontecendo. Ultimamente meu mundo tinha se resumido a mais ou menos isso.

— Filha, sua tia acabou de me ligar do restaurante e eu vou precisar sair por um tempinho, tá bom? Se quiser…

— Combinei com a Camila de ir dormir na casa dela hoje — menti por impulso.

— Você não me falou sobre isso antes — disse com um sorriso forçado e abriu um pouco mais a porta, aparecendo por completo. Nas entrelinhas, ela estava dizendo: “Você não me pediu permissão”.

— Estou dizendo agora, mãe — sorri de forma semelhante. Ela estava agindo falsamente porque tínhamos “visita”. E eu porque não queria prolongar muito a conversa. — Foi uma coisa de última hora.

— Você anda passando muito tempo fora de casa — comentou.

Verdade, verdade, verdade.

Porque não me sinto exatamente em paz nessa casa, mãe. Você não vê? E adivinha de quem é a culpa?!

— Ela está chateada porque acabou de terminar o namoro mais recente. Precisa de uma noite só para garotas, um ombro amigo.

Mais mentiras. E se minha mãe se interessasse o suficiente pelos meus amigos, ela saberia que nada do que eu estava dizendo era verdade. Camila nunca se envolve o suficiente para que algo evolua para um namoro sério. E ela nunca — nunca — deixaria um homem a ferir ou magoá-la de alguma forma. Não ainda. Quem precisava de um ombro amigo, na verdade era eu.

— Tudo bem então — assentiu rigidamente. — Já vou indo.

Apenas algum tempo depois de ela ter fechado a porta e eu ouvir o som de seu carro partindo, me permiti procurar meu celular e ligar para Camila.

— Tá em casa? — perguntei quando ela atendeu, lançando um olhar para Evandro que me observava em silêncio.

— Saí pra comer uma pizza com o André. Espero que seja realmente importante, gata, porque se não for vou ficar bem zangada. Você acabou de interromper o que estava começando a se tornar algo bem interessante.

André. Nem sei quem é esse, mas pelo contexto deve ser seu novo ficante. Com certeza Mila estava querendo dizer que, por enquanto, o encontro dela estava sendo preenchido por beijos, flerte e mais beijos. Mas eu não estava interessada.

— Eu preciso de você — suspirei. — Eu e o Van precisamos.

— Ai. Meu. Deus. — Pontuou após alguns segundos de silêncio. — Eu estava certa? Você tá mesmo… — sua voz diminuiu para um sussurro. — Grávida?

— É isso que vamos descobrir — falei, cansada. Emocional e psicologicamente. — Eu disse a minha mãe que ia dormir na sua casa. Posso?

— Claro, claro! Que o André me perdoe, mas esse encontro acaba agora. Beijo, amiga. Vou conversar com o boy, te vejo lá — disse apressada e desligou.

Imaginei o quanto ela estava nervosa com isso. Estranhamente, eu me encontrava mais calma do que minha amiga aparentava. Meus sentimentos poderiam ser resumidos em medo, na verdade. O que era um pouco mais fácil de esconder.

— E agora? — perguntou Evandro, sem qualquer emoção em particular a mostra.

— Eu vou pra casa da Camila — pressionei os lábios, consciente de que não seria mais capaz de negar ou esconder nada. Nem de mim mesma. E muito menos de adiar os fatos. — Mas antes vamos passar numa farmácia. Você vai comprar um teste de gravidez pra mim.

💙💙💙

Próximo capítulo: provavelmente amanhã.
03/05/16

Se encontrarem qualquer erro, podem me avisar, tá bom?
Espero que tenham gostado.
Até a próxima. 😊

Aos 18 [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora