Half A Heart |L.H.

Love

Megan

A cadeira onde estava sentada era incrivelmente desconfortável, se referirmos o facto de ser de madrugada e de  não parar de pensar em como podia estar bem acomodada na minha cama.

A meu lado, Calum, que mal abria os olhos, segurava com uma mão o seu telemóvel, e com a outra, segurava a minha, entrelaçando os nossos dedos.

Sempre tive um ódio especial por aeroportos, especialmente nestas ocasiões, que já foram mais do que suficientes.

Encosto a cabeça no ombro de Calum e este aperta a minha mão.

Apesar de tudo, estou ciente de que desta vez as coisas serão diferentes, pelo menos assim o espero. As coisas estavam demasiado complicadas... demasiado deprimentes para alguém no secundário e isso nem me fazia bem a mim e muito menos a ele, que depois de tanto, iríamos acabar assim de uma vez por todas, apenas porque moramos em continentes diferentes.

Doeria se namorássemos à distância, e igualmente constrangedor se nos deixássemos de falar.

Por isso, Calum e eu tomámos uma decisão... Decidimos que nada estaria definido entre nós. Fazemos web... falamos todos os dias... Visita-mo-nos dois fins-de-semana por mês... (obrigado mesada) e ainda, talvez, algumas vantagens de mais do que amigos. Mas o mais importante, para que ninguém saia ainda mais magoado, é a falta de compromisso. Nenhum de nós precisa de compromisso para confiar um no outro, já vimos que o compromisso numa situação destas não é o melhor...

-Temos dez minutos.- Calum alarma, desligando por fim o telemóvel.

Este coloca o seu braço à minha volta e eu aconchego-me melhor sobre si.

Fecho os olhos, tentando não pensar em nada, mas mesmo sabendo que desta vez as coisas seriam diferentes, não ficar nervosa seria inevitável. Como é que é possível não pensar que a pessoa que neste momento está ao teu lado, em menos de dez minutos estará enfiada num avião para outro país.

-Tenta não pensar nisso.- Calum tenta acalmar-me, mesmo quando se denota os nervos na sua voz.

-Não estou a pensar nisso.

-Eu sei que estás.

-Não estou!- Levanto a cabeça.

Calum sorri.

-Eu conheço-e melhor que ninguém.- Este pousa ao de leve os seus lábios nos meus.

-Ok, talvez esteja.- Rio.

Volto a encostar a cabeça em si.

-Pensa em algo bom enquanto estou aqui.

-Como é que consegues pensar em algo bom nesta altura?- Aperto-o mais junto a mim, procurando consolo.

Este suspira, envolvendo-me melhor nos seus braços.

-Bem, eu penso que da última vez estava sozinho, e não com a rapariga que amo a meu lado a apoiar-me, mesmo que isso a pudesse magoar.

Sorrio.

Algo bom... que irónico. Não sei se hei de gritar ou de chorar...

Fecho os olhos.

Uma coisa boa...

Bem, isto é uma coisa boa. O Calum estar aqui é uma coisa boa. Talvez a melhor diria.

Respiro fundo. Quem me dera que as coisas voltassem ao que eram dantes nos tempos em Austrália.

Éramos tão crianças. Tão alegres a viver um amor de secundário... As coisas eram tão mais simples e tão mais suaves...