Capítulo ( 4 )

15.6K 1.9K 395
                                    


Fiquei parada durante algum tempo na porta do refeitório, tentando decidir, se valia a pena sentar por uma hora sozinha, enquanto todos inclusive Brooke, estavam sentados em enormes grupos, comendo, e contando piadas sobre algo que eu definitivamente não conseguia perceber. Quando ouvi a voz de Amber atrás de mim.

-Ei Elise porque não se senta comigo. Quero apresentar-lhe meus amigos. Você vai gostar deles.

Assenti grata.

Sentamos numa mesa cheia dos amigos dela, os quais ela me apresentou.

Esqueci os nomes assim que ela os disse.

Já perto do fim do almoço, Amber perguntou se eu gostaria de ir com ela e alguns de seus amigos no cinema, próximo fim-de-semana.

Com um sorriso forçado respondi um enfático não.

**

Literatura foi bem. Pelo menos no resto da tarde não me atrasei novamente.

Para a terceira aula de estatística, quase acabei chegando atrasada, já que a sala ficava atrás do ginásio.

Cheguei quando a aula estava prestes a começar e procurei desesperadamente por um assento vago.

Havia apenas um, perto de uma garota de aparência séria, com longos cabelos vermelhos, inclinada sobre uma cópia de As flores do mal de Charles Baudelaire.

-Se incomoda se eu sentar? Perguntei

-A mesa não é minha, muito menos a cadeira- ela respondeu com uma voz que claramente queria dizer " Não, por favor, não"

Olhei ao redor, mas a sala estava completamente cheia, fui obrigada a me sentar mesmo assim.

Peguei os livros da mochila, olhando para ela de canto.

Ela usava um macacão de calça comprida, e uma camiseta azul de gola rolê por baixo do macacão.

**

Finalmente, o sinal tocou indicando o final do dia, e eu reuni meus livros com uma sensação de profundo alívio por ter sobrevivido ao primeiro dia.

A garota começou a guardar suas coisas na mochila, o longo cabelo vermelho escondendo o rosto.

- Foi bom te conhecer - eu disse, sem convicção. - Qual é seu nome? A propósito, o meu é Elise.

- Eu sei - ela disse, e enfiou a cópia de As flores do mal bruscamente na mochila, saindo da sala sem olhar para trás.

**

Assim que sai do ónibus logo atrás de Brooke, a brisa soprava em meu rosto, sacudindo os meus cabelos, senti um formigamento nas pernas. De repente, senti algo que não poderia explicar.

Como um avião a ser levado às alturas pelas assas e vento. Eu me sentia leve.

Queria estender os braços em direção a densa floresta, e sentir a brisa, mas não ousei.

Pela primeira vez desde que cheguei a Hoodsport, eu me sentia bem.

Mas quando vi o movimento a partir do canto do olho, por trás das árvores acabei me assustando, e de repente eu não me sentia mais leve e livre.

Lágrima Negra ( LIVRO I E II) Onde histórias criam vida. Descubra agora